“Start me up” fez o Porto vibrar entre “pitch battles” e “showcases”
Com um aperto de mão, indumentária informal e num "cocktail" de inglês com português, os negócios e trocas de ideias foram-se construindo pelos corredores do Centro de Congressos da Alfândega do Porto. A azáfama do início desta quinta-feira, dia 8 de maio, já preconizava os 3.500 participantes que se esperavam nos dois dias da segunda edição da SIM Conference – Startups & Investment Matching.
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As startups portuguesas foram o ator principal. E o Porto voltou a ser o palco do evento, que juntou empreendedores, tecnologia e investidores de todo o mundo.
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Mas as conversas não se limitaram a uma só área, e o burburinho continuou pelos vários espaços da conferência, distribuída pelos dois pisos da Alfândega do Porto. De forma dinâmica, assistiu-se a painéis no SIM Stage acerca das tendências que moldam o ecossistema global, histórias, experiências e "pitch battles" no Startup Stage, e, ainda "workshops" e espaços de conexão de diferentes formatos. No entanto, era na área dedicada ao Showcase que a curiosidade fervilhava e os projetos se davam a conhecer.
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"No primeiro ano, viemos numa ótica de "scouting" e para contactar com os nossos parceiros, a nível de investimento. Este ano, estamos aqui de forma diferente e para promover o nosso ‘startup studio’", conta Jorge Cabaço, CMO da Dengun, ao Negócios.
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A empresa algarvia tem como objetivo dar a conhecer o que é feito "fora dos grandes centros", referindo a importância da criação de laços entre empreendedores e com o norte português: "Estes eventos colocam-nos todos a falar e que vejamos o que se está a fazer. Percebemos como podemos ser úteis na criação, ideação e validação de protótipos para levar ao mercado as ideias que merecem ser levadas."
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A Dengun levou três startups à SIM: a expressTEC, a SavEarth e a Noytrall. Enquanto a expressTEC se pauta pela eficiência no diagnóstico e escolha de terapias para doentes oncológicos, as duas últimas têm a sustentabilidade como prioridade, monitorizando os consumos energéticos de forma inteligente. "Está a ser entusiasmante e é interessante trazer projetos de diferentes setores. Há muita coisa a ser feita", refere Jorge Cabaço. A própria arena de "stands" foi prova disso, juntando startups de áreas como saúde, imobiliário, robótica e comunicação.
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"Porto de abrigo" com potenciais unicórnios
"Este ano contamos com mais de 400 startups, mais de 200 investidores e 50 incubadoras e aceleradoras", indicou António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal, a organizadora a SIM Conference. A ambição da segunda edição deveu-se a "um começo muito auspicioso" e que confirmou o papel de Portugal como um dos "hubs" mais chamativas para a tecnologia e inovação na Europa. "Já existem muitos eventos internacionais de empreendedorismo e de tecnologia mas não havia nenhum em que as startups portuguesas fossem o ator principal. E, com o pretexto de se mostrar o que melhor se faz em território português, chamamos investidores nacionais e estrangeiros para se juntarem num par de dias e analisarem alvos de investimento", rematou o mesmo gestor.
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Aliás, a Startup Portugal enfatiza que tem-se dedicado ao fortalecimento do empreendedorismo regional. Durante a SIM Conference 2025, formalizaram memorandos de entendimento com nove municípios portugueses, elevando a 31 os que já aderiram à iniciativa. "Com a assinatura destes novos memorandos, reforçamos o nosso compromisso de criar um ambiente mais favorável ao crescimento das startups em todo o território nacional", realçou António Dias Martins.
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Estes acordos preveem a isenção da derrama municipal e avaliam a possibilidade de alcançar outros benefícios fiscais, como, por exemplo, a isenção ou redução das taxas a startups com residência fiscal no respetivo município.
Para o diretor executivo, os temas preponderantes da segunda edição foram a sustentabilidade, responsabilidade social, "fintech" e a inteligência artificial (IA), que "é quase um não assunto": "Qualquer startup que queira angariar financiamento hoje em dia tem que ter inteligência artificial. É completamente transversal e horizontal às diferentes áreas de atividade, um ‘must-have’."
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No entanto, o tópico quente, para António Dias Martins, é o DefTech, que tem atraído mais investidores com o anúncio da Tekever como novo unicórnio português. "Trouxemos não só investidores nesta área, como o Nato Innovation Fund, VC’s como a Iberis – que é a investidora da Tekever e conhecedora desta área. São várias empresas, empreendedores e startups que estão muito interessados em desenvolver essa área", contou ao Negócios. Ao todo, mais de 30 representantes de fundos de investimento visitaram a SIM Conference durante os dois dias.
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Empreendedorismo com todos a bordo
O objetivo para futuras edições é continuar a crescer, porém, António Dias Martins sinalizou não ter como propósito a obtenção de "enormes lucros": "Somos uma organização sem fins lucrativos e, portanto, não nos focamos em que o evento se torne gigantesco e que o objetivo seja ter enormes lucros. É apostar na qualidade, nos temas em debate, na agenda e ser verdadeiramente relevante para as startups e investidores que nos visitam", sustentou.
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Tudo indica também que é para manter a Alfândega do Porto como palco da SIM, indicou a Startup Portugal. "Curiosamente, temos tido bastante mais investidores do que propriamente clientes. E é fácil chegar até eles porque é tudo feito de uma forma bastante informal mas muito próxima, através da aplicação da conferência ou mesmo pelo próprio espaço", apontou Márcia Pereira, CEO e fundadora da Bandora, startup incubada na UPTEC que trabalha a melhoria da eficiência energética dos edifícios.
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Durante os dois dias, os visitantes ocuparam as várias salas do evento. No piso superior, dedicada aos "workshops" e "speed datings" entre empreendedores, trabalharam-se temas de formação financeira e fiscal, principalmente. Em mesas redondas, continuou-se conversa sobre os temas apresentados nos painéis principais, com curiosos e oradores, como Sacha Michaud (Glovo), Diogo Mónica (Anchorage Digital) e Marcelo Lebre (Remote).
Com o estado do tempo a convidar, a conferência não se cingiu unicamente às paredes da Alfândega. Diversas iniciativas de "matchmaking" e "networking" realizaram-se ao pôr do sol e até mesmo a bordo de um barco no rio Douro.
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Para António Dias Martins, "o Porto é um ecossistema vibrante e cada vez mais importante no panorama nacional, com cada vez mais casos de sucesso no mundo tecnológico. Portanto, é a melhor oportunidade de organizar um evento de raiz que também possui as características típicas da cidade", concluiu.
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Texto editado por Rui Neves
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