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Não falta crédito à banca para financiar. Faltam projetos e mais aposta em capitais de risco

Tanto os CEO do BCP como do Montepio se aliam a esta ideia. Já a capacidade de estabilidade de geração de "cash-flows" levantam barreiras ao financiamento por parte dos bancos a startups e scale-ups. Cabe, antes, às capitais de risco.

08 de Maio de 2025 às 17:38
Painel Miguel Maya BCP
Painel Miguel Maya BCP Pedro Ferreira
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Um relatório recente do Banco Central Europeu dá conta que as empresas europeias não se queixam de falta de crédito por parte dos bancos para financiarem os projetos, ao contrário do que aconteceu no passado. O CEO do BCP transpõe a ideia para o mercado português e diz que o que falta não é crédito, mas sim projetos para financiar.  

"Os bancos têm de ter uma atitude responsável, não podem pensar em apenas resultados do próximo trimestre. Dar crédito é uma coisa que desapareceu. Queremos fazer crédito, queremos crescer em crédito, mas queremos ter uma elevada probabilidade, não diria certeza, de que esse crédito é ressarcido", disse.

Questionado se há mais ou menos aversão ao risco na banca nacional, Miguel Maya explica que "haver mais critério não quer dizer que há mais aversão. Há mais rigor", na Grande Conferência Sustentabilidade do Negócios, que decorre desde quarta-feira na Nova SBE, em Carcavelos.

Queremos crescer em crédito, mas queremos ter uma elevada probabilidade de que esse crédito é ressarcido.Miguel Maya

CEO do BCP

O cenário é transversal ao Banco Montepio. "Acho que não há uma queixa generalizada de ausência de financiamento", disse o CEO Pedro Leitão. "Os bancos estão muito balizados na sua missão que é uma estabilidade de salvaguarda dos depósitos e salvaguarda da estabilidade do sistema financeiro", independentemente do quadro regulatório europeu da banca.

Aliás, no que toca a financiar empresas sólidas e com projetos que entram em áreas novas, "os bancos, com o apetite ao risco que demonstram, em Portugal, pelo menos, não têm dificuldade em financiar esse tipo de projetos", garantiu Pedro Leitão, dentro dos limites e capacidades que cada banco assegura. "No 'framework' global, o quadro de referência para financiamento da economia na União Europeia, traz-nos um rácio de transformação, na média portuguesa, até abaixo dos 70%". No caso do Banco Montepio é cerca de 80%.

Já para financiar startups ou scale-ups, o cenário muda. Para o CEO da instituição financeira detida pela mutualista com o mesmo nome, é "muito difícil" para um banco financiar estes projetos, isto porque deve haver capacidade de estabilidade de geração de "cash-flow" e as garantias que estas empresas têm para oferecer são "precárias".

Não há uma queixa generalizada de ausência de financiamento.Pedro Leitão

CEO do Banco Montepio

As startups e scale-ups são um "território não explorado", considerou defende Cristina Casalinho, administradora executiva da Fundação Calouste Gulbenkian, isto porque exigem uma "capacidade de tomada de risco" que não faz parte do "cardápio de funções que os bancos têm de desempenhar". Cabe, antes, a outro tipo de atores, como os capitais de risco, que "não existem" em Portugal.

A responsável defende que este tipo de entidades têm ferramentas para lidar com financiamentos de risco, ao contrário dos bancos. Por outro lado, "precisamos de investidores de médio e longo prazo, sobretudo porque este financiamento, para além dos capitais de risco, aparece cada vez mais através dos mercados privados", explicou, acrescentando que se deve fomentar o aparecimento de 'venture capital'.

"Não há os atores adequados para desempenhar essa função. E temos que os criar, temos que desenvolver", apelou, acrescentando que estas empresas devem procurar estabelecer parcerias. Há que desenvolver um ecossistema de aliança entre fundações, universidades e empresas.

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