Apagão forçou Vodafone a fazer investimento na resiliência da rede

"Não esperei por relatórios". O CEO da Vodafone Portugal admite não ter esperado para avançar com os investimentos para reforçar a rede energética nos sites. Sem número, Luís Lopes garante que valor anda "na ordem dos milhões".
CEO da Vodafone Portugal admite que não esperou por relatórios para avançar com investimentos.
Federico Gambarini/AP
Inês Pinto Miguel 23 de Outubro de 2025 às 22:52

O presidente executivo da Vodafone Portugal teve no apagão uma lição e não esperou por autorização superior para perder terreno para os concorrentes. Evitar novos desastres passa por reforçar o investimento, mesmo que isso pese nas contas. 

"Não esperei por relatórios e autorizámos um investimento de muitos milhões no reforço da resiliência energética da Vodafone", disse Luís Lopes, num encontro com jornalistas na sede da operadora, no Parque das Nações. O apagão de 28 de abril deixou o país às escuras e sem comunicações e o CEO da Vodafone, para a situação não se repetir, autorizou um investimento na ordem dos "vários milhões de euros".

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Ainda que não quantifique este investimento, Luís Lopes já tinha que o montante se destinava a baterias, geradores e satélites. Nas mesmas declarações, o responsável assumiu que o plano se concentrava na instalação de uma centena de novos geradores em pontos estratégicos e um reforço do parque de baterias associadas às antenas do serviço móvel, além da forte aposta na comunicação em satélite através da AST, empresa da qual é acionista.

5500Localização
A Vodafone Portugal possui mais de 5.500 sites espalhados pelo território nacional, mas investimento de reforço energético não chega a todos. 

Durante a conversa mais recente, no âmbito da celebração dos 33.º aniversário da empresa, o CEO lembrou que o móvel caiu nos primeiros instantes, mas que o fixo se manteve em funcionamento, embora os clientes não o pudessem confirmar em muitos locais por falta de energia. Relativamente à quebra da rede móvel, Luís Lopes admitiu: a rede móvel caiu "mais rápido do que eu desejaria e em alguns sítios demasiadamente rápido".

Por isso, a solução foi escolher os sítios mais estratégicos, entre os 5.500 existentes, para instalar os geradores e as baterias que servem para dar um "boost" à rede em caso de falha energética. Considerou que o investimento em todos estes locais é "inviável", até porque não é possível assegurar resiliência energética por longas horas onde existem poucos clientes, nomeadamente em zonas mais remotas.

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O CEO da Vodafone Portugal lembrou ainda que o apagão levou a que, entre 40% a 45% dos sites tivessem caído, principalmente nos locais mais densos, o que levou a que fosse das primeiras redes móveis a falhar.

Estava a terminar o dia de 7 de fevereiro de 2022 quando a Vodafone Portugal foi forçada a paralisar a operação para o público durante várias horas. "A Vodafone foi alvo de uma disrupção na sua rede, iniciada na noite de 7 de fevereiro de 2022 devido a um ciberataque deliberado e malicioso com o objetivo de causar danos e perturbações", indicou a empresa através de comunicado, assumindo que vários serviços foram afetados, incluindo a rede multibanco e o INEM.

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O impacto do , anunciado na manhã de 8 de fevereiro, foi incontável, com Luís Lopes, que estava noutro departamento da operadora, a assumir "um custo na ordem dos milhões de euros".

Neste dia, a operadora teve de desligar vários serviços e regressou ao 2G para mitigar a situação. O processo está atualmente em segredo de justiça, mas o atual CEO da Vodafone Portugal admite que se tratou de um "ator externo". "Sim, sabemos quem foi", disse aos jornalistas, sem revelar mais pormenores.

Se a operadora já estava a investir em cibersegurança, este acontecimento intensificou. "Passámos a levar a cibersegurança ainda mais a sério. Mas, felizmente, conseguimos repor o que parecia impossível e corrigimos as fraquezas internas".

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Luís Lopes assume que este foi um dos momentos mais difíceis ao longo dos últimos 33 anos. E apesar da investigação ainda se prolongar ao fim de dois anos, o responsável revela que a Vodafone não era o único alvo de quem realizou o ciberataque. 


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