Apagão forçou Vodafone a fazer investimento na resiliência da rede
O presidente executivo da Vodafone Portugal teve no apagão uma lição e não esperou por autorização superior para perder terreno para os concorrentes. Evitar novos desastres passa por reforçar o investimento, mesmo que isso pese nas contas.
"Não esperei por relatórios e autorizámos um investimento de muitos milhões no reforço da resiliência energética da Vodafone", disse Luís Lopes, num encontro com jornalistas na sede da operadora, no Parque das Nações. O apagão de 28 de abril deixou o país às escuras e sem comunicações e o CEO da Vodafone, para a situação não se repetir, autorizou um investimento na ordem dos "vários milhões de euros".
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Ainda que não quantifique este investimento, Luís Lopes já tinha revelado ao Negócios em julho que o montante se destinava a baterias, geradores e satélites. Nas mesmas declarações, o responsável assumiu que o plano se concentrava na instalação de uma centena de novos geradores em pontos estratégicos e um reforço do parque de baterias associadas às antenas do serviço móvel, além da forte aposta na comunicação em satélite através da AST, empresa da qual é acionista.
Durante a conversa mais recente, no âmbito da celebração dos 33.º aniversário da empresa, o CEO lembrou que o móvel caiu nos primeiros instantes, mas que o fixo se manteve em funcionamento, embora os clientes não o pudessem confirmar em muitos locais por falta de energia. Relativamente à quebra da rede móvel, Luís Lopes admitiu: a rede móvel caiu "mais rápido do que eu desejaria e em alguns sítios demasiadamente rápido".
Por isso, a solução foi escolher os sítios mais estratégicos, entre os 5.500 existentes, para instalar os geradores e as baterias que servem para dar um "boost" à rede em caso de falha energética. Considerou que o investimento em todos estes locais é "inviável", até porque não é possível assegurar resiliência energética por longas horas onde existem poucos clientes, nomeadamente em zonas mais remotas.
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O CEO da Vodafone Portugal lembrou ainda que o apagão levou a que, entre 40% a 45% dos sites tivessem caído, principalmente nos locais mais densos, o que levou a que fosse das primeiras redes móveis a falhar.
Estava a terminar o dia de 7 de fevereiro de 2022 quando a Vodafone Portugal foi forçada a paralisar a operação para o público durante várias horas. "A Vodafone foi alvo de uma disrupção na sua rede, iniciada na noite de 7 de fevereiro de 2022 devido a um ciberataque deliberado e malicioso com o objetivo de causar danos e perturbações", indicou a empresa através de comunicado, assumindo que vários serviços foram afetados, incluindo a rede multibanco e o INEM.
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O impacto do ciberataque, anunciado na manhã de 8 de fevereiro, foi incontável, com Luís Lopes, que estava noutro departamento da operadora, a assumir "um custo na ordem dos milhões de euros".
Neste dia, a operadora teve de desligar vários serviços e regressou ao 2G para mitigar a situação. O processo está atualmente em segredo de justiça, mas o atual CEO da Vodafone Portugal admite que se tratou de um "ator externo". "Sim, sabemos quem foi", disse aos jornalistas, sem revelar mais pormenores.
Se a operadora já estava a investir em cibersegurança, este acontecimento intensificou. "Passámos a levar a cibersegurança ainda mais a sério. Mas, felizmente, conseguimos repor o que parecia impossível e corrigimos as fraquezas internas".
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Luís Lopes assume que este foi um dos momentos mais difíceis ao longo dos últimos 33 anos. E apesar da investigação ainda se prolongar ao fim de dois anos, o responsável revela que a Vodafone não era o único alvo de quem realizou o ciberataque.
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