CEO da Altice convocou trabalhadores. Sindicato teme falha de compromissos

Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice em Portugal teme que operadora volte atrás "no compromisso das melhorias das condições, benefícios e salários dos trabalhadores com base nos resultados operacionais".
Altice
Miguel Baltazar
Sílvia Abreu 26 de Julho de 2023 às 13:21

A CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo, voltou a reunir-se com os trabalhadores da empresa para garantir a "estabilidade" da operação, apesar da investigação a alegados esquemas financeiros que terão envolvido altos cargos da operadora. 

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A investigação em causa, denominada de "Operação Picoas", tem Armando Pereira, cofundador do grupo Altice, e Hernâni Vaz Antunes, braço direito de Pereira, como principais arguidos, mas não só. No total, suspeita o Ministério Público (MP), os alegados esquemas terão lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros. 

A convocação da reunião, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Altice em Portugal (STPT), foi feita por Ana Figueiredo na segunda-feira ao final do dia, não tendo os sindicatos sido alertados de que esta iria ocorrer, revelou o presidente do STPT, Jorge Félix, ao Negócios. "A CEO disse que a situação da empresa é estável, que há crescimento de clientes e que somos líderes de mercado e, por isso, não há motivo para preocupações", afirmou.

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A responsável pela operação em Portugal reforçou agora diretamente aos trabalhadores a mensagem transmitida a 17 de julho, logo após o início das buscas que resultaram na detenção de Armando Pereira, aos sindicatos.

Contudo, apesar das garantias, o STPT diz que "não há ninguém que possa afirmar como isto irá acabar", uma vez que "o problema não é só a Altice Portugal, mas sim o grupo todo". E teme que o protocolo negocial discutido na última negociação, em que "está dito que a empresa irá discutir um princípio de que os valores a serem atribuídos em futuras negociações terão em conta os resultados operacionais da empresa", estejam em risco.

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"Falta assumir o compromisso de melhorias das condições benefícios e salários dos trabalhadores com base nos resultados operacionais", afirma.

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O Negócios questionou a Altice Portugal sobre se está em risco o compromisso referido pelo STPT, mas até à data não recebeu resposta. 

A investigação a negócios ligados ao grupo Altice já levou a uma série de mudanças na empresa, em Portugal e lá fora. Alexandre Fonseca, co-CEO da operadora francesa e chairman na Altice USA e na Altice Portugal, suspendeu funções após ter sido divulgado que este será suspeito de recebimento indevido relativo a serviços fictícios. Recorde-se que Fonseca era CEO da operação em Portugal nos anos em que os factos agora investigados ocorreram.

E a Alexandre Fonseca seguiram-se outros, como João Zúquete da Silva, administrador da Altice Portugal, que é responsável pelo património.

Além dos pedidos de suspensão, a própria Altice também colocou vários trabalhadores em "licença". "A Altice Internacional e as suas afiliadas colocaram vários representantes legais, gestores e funcionários importantes em Portugal e no estrangeiro de licença enquanto a investigação está em curso", revelou a empresa na semana passada.

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