Novo terminal de Sines atrai interesse na Europa e Médio Oriente
O presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) salienta a importância do aumento do prazo das concessões para 75 anos, afirmando que esse é um tema nos contactos que já teve no âmbito do projeto para o novo terminal.
O plano Portos 5+ prevê o relançamento do terminal Vasco da Gama em Sines. Em que fase está o estudo de mercado que anunciou para auscultar o interesse de potenciais investidores e evitar que o concurso fique novamente deserto?
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Recebemos propostas para fazer este estudo e o júri neste momento está a analisar. No concurso de 2019, 60 entidades levantaram o caderno de encargos, mas nenhuma se apresentou a concurso. Na altura, para além da questão da pandemia, o Governo percebeu que as bases de concessão talvez fossem demasiado fortes e o investimento – 500 milhões – era pouco flexível. Depois de se ter feito a alteração das bases de concessão, para tornar mais apelativo, nunca se avançou para concurso. Este é um projeto para Portugal e temos que avançar, mas não podemos correr o risco de ficar novamente deserto. O que faz sentido é fazer um estudo de procura e, mais do que a procura que acho que existe dos contactos que fomos tendo, definir em que modos é que devemos lançar o concurso. O estudo, que se vai realizar provavelmente em quatro meses depois de estar adjudicado, vai ajudar-nos a definir o caderno de encargos. Achamos que existe mercado, queremos perceber o que o mercado pensa.
Que mercado será esse?
Neste momento temos um grande armador em Sines, a MSC, mas outros, mesmo europeus, podem estar interessados. Está aberto a toda a gente. A questão da China pode ser um tema político, não sei se é ou não. Estamos abertos, inclusive a “players” do Médio Oriente, países árabes...
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Empresas turcas também já foram conhecer o projeto...
Tivemos recentemente, numa visita de uma delegação turca ao Porto de Lisboa, a fazer a apresentação do nosso porto. O mercado está aberto e estou convencido que vai existir procura para este terminal. Estamos a aumentar a carga local, ou seja a capacidade de penetração no “hinterland”, de ter contentores de importação e exportação, tem aumentado e provavelmente vamos acabar o ano com mais de 350 mil contentores de importação e exportação, o que representa quase 10% mais do que o ano passado.
Já teve contactos ou manifestações de interesse?
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Não. Houve e há conversas. Há gente que está muito interessada em perceber, mas a empresa que ganhar o estudo é que vai desenvolver todos esses contactos. Evidentemente não ficamos parados.
Esses contactos têm sido de que nacionalidades?
A Europa tem feito, o Médio Oriente tem feito, mas não quero antecipar.
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Pode haver desinteresse pelos valores envolvidos?
Não coloco a possibilidade do desinteresse. Acho mesmo que vai haver interesse. Posso ficar muito surpreendido. Sines tem uma vantagem competitiva tremenda, que tem a ver com a sua localização e ter águas profundas. Neste momento, temos mais de 20 rotas semanais com todos os cantos do mundo. Temos uma rota direta da Ásia com o Porto de Sines. Existindo alguns constrangimentos, que têm existido em alguns portos como Roterdão, Amesterdão ou Algeciras, estou convencido que Sines vai continuar a ser muito procurado.
É já uma certeza que o novo terminal será lançado como uma concessão a 75 anos?
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Diria que sim. É uma grande vantagem Na prática, é algo que já existia para os terminais de uso privativo. É uma grande mudança para o concurso. Aliás, nalguns contactos que já tivemos perguntam-nos logo até quanto tempo pode ir a concessão. Só o investimento previsto para este terminal são quase 600 milhões de euros só para o concessionário – não estou a falar do concedente, que tem que fazer também o seu trabalho, sobretudo ao nível dos molhes – e quanto mais anos tiver mais fácil será amortizar esse investimento. Quanto mais prazo tivermos mais atrativo será.
Quando gostaria de ter o concurso internacional lançado?
A nossa previsão, alinhados com o Governo, é no espaço de dois a três anos ter o concurso na rua. Evidentemente que tem que ser muitíssimo bem preparado,
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Se assim for, estará a operar quando?
Temos a estratégia de 2035. A primeira base de concessão, que era muito pesada, falava em 48 meses. Depois aligeirou-se para 60. Diria que no espaço de oito anos gostaríamos muito de ter o terminal em funcionamento.
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Com os investimentos na terceira fase do terminal XXI e no novo terminal Vasco da Gama, que capacidade vai ter Sines?
Temos previsto, de capacidade instalada no terminal XXI, 2,3 milhões de TEU (unidade equivalente a um contentor), podendo ir a 2,7. Com os investimentos na expansão serão 4,1 milhões de TEU. Estamos a falar de passar de 12 gruas para 19. Se se juntar o Vasco da Gama, vamos ter mais de 7 milhões de TEU, porque estima-se que o novo terminal possa receber entre 3 e 3,5 milhões de TEU. Mas os três maiores portos nacionais – Lisboa, Setúbal e Sines – movimentam cinco vezes menos que os maiores portos espanhóis. Temos um grande caminho a fazer.
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