Investidores procuram hotéis para converter em habitação
Após um ano de pandemia, o número de unidades hoteleiras à venda está a disparar. Os preços não são de saldo, mas os investidores oportunísticos já sondam o mercado português.
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Sem turistas, sem certezas quanto ao momento da retoma e com cada vez menor capacidade financeira, o turismo está a entrar numa nova fase: a da venda de ativos. Há dezenas de operações em marcha e a tendência é sentida, de forma clara, pelo setor imobiliário, que fala em crescimentos acentuados do número de hotéis à venda. E, no meio da crise, há um novo fenómeno a ganhar força. Os investidores, sobretudo internacionais, procuram edifícios hoteleiros para converter em habitação. O tiro de partida foi dado em janeiro, quando a ECS Capital colocou vários fundos de reestruturação à venda, incluindo o portefólio dos 10 hotéis da marca Nau em Portugal. Desde então, o mercado ganhou um dinamismo evidente, que é confirmado por todos os operadores imobiliários contactados pelo Negócios. "Por cada ativo hoteleiro que tínhamos para venda em 2020, este ano temos três", resume Karina Simões, responsável pela área de hotelaria da JLL Portugal. No caso da CBRE, "o nível de atividade nos primeiros três meses do ano é, provavelmente, o maior de sempre" neste segmento, indica Duarte Morais Santos, diretor da área de hotelaria da consultora. Também no luxo isto é sentido. O diretor da Sotheby’s em Portugal, Miguel Poisson, avança que a imobiliária tem "duas dezenas" de operações "de alguma dimensão" a decorrer. Numa perspetiva global, os dados também são claros. A Casafari, que agrega os anúncios de todos os portais imobiliários ativos em Portugal, dá conta de 943 unidades hoteleiras à venda, um aumento de 36% face a 2020. Ao mesmo tempo, há hoje 957 edifícios destinados a alojamento local à venda em Portugal, um aumento de 42% em relação ao ano passado. É sobretudo em Lisboa, Porto, Algarve e Alentejo que estas operações têm lugar e são maioritariamente cadeias hoteleiras nacionais que colocam as unidades à venda, não só pelo impacto da pandemia, mas, também, por falta de alternativas. "A inexistência de crédito na banca comercial tradicional coloca pressão na procura de alternativas de financiamento", diz o responsável da CBRE.
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