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“Tentar parar o turismo é tentar parar o vento com as mãos”

Cristina Siza Vieira , vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, espera um crescimento positivo para 2025 e considera que é impossível parar o turismo. "Só quase uma guerra é que para o turismo", afirma.

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10 de Julho de 2025 às 13:22

Portugal recebeu 29 milhões de turistas em 2024, o que significa um crescimento de 9,3% face a 2023, valor que ficou em linha com as estimativas iniciais. Apesar da trajetória de crescimento, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) evidenciam um abrandamento face ao aumento de 19,2% do número de turistas chegados a território português em 2023. Dados que não surpreendem Cristina Siza Vieira , vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

"O número não é inesperado, nem estes crescimentos são surpresa, digamos assim. Nós já estávamos numa rota ascendente, fomos dos primeiros países a recuperar depois da pandemia e temos vindo a crescer tanto em volume de turistas como sobretudo em receitas e proveitos e este é que é o indicador de facto de saúde do nosso setor. Portanto, as expectativas para fechamento de 2025 são igualmente boas, com um crescimento moderado", refere em entrevista ao programa do Negócios no NOW.

Portugal já recebe quase três vezes mais turistas do que tem de habitantes. Numa comparação com os principais destinos da União Europeia (UE), Portugal está apenas atrás da Grécia, que recebeu, em 2024, 3,9 turistas por cada habitante. Em solo luso, registaram-se 2,7 turistas por cada residente, muito acima dos 1,93 de Espanha, dos 1,46 de França e dos 1,16 de Itália.

Para Cristina Siza Vieira "há muitas maneiras de medir a capacidade de carga de um país e esse não me parece que seja um indicador do qual se possa extrair muito. A questão é, evidentemente, nós estamos, tal como quase o resto da Europa ocidental pelo menos, e muitos países na Ásia, com a questão da gestão dos fluxos turísticos e do volume de turistas. Isso sim é verdadeiramente uma questão, os fenómenos de 'overtourism', de má experiência, de stress nos aeroportos, nas questões de mobilidade, associados a stress nas respostas muitas vezes dos sistemas nacionais de saúde, a crise da habitação, tudo isto está a criar pressão sobre os países e sobre a capacidade de acolhimento, seja de turistas, seja até de residentes".

No entanto, sublinha, "tentar parar o turismo é tentar parar o vento com as mãos, não é? Só quase uma guerra é que pára o turismo. Todas as projeções da Organização Mundial do Turismo são que o turismo vai continuar a crescer a nível mundial. Neste caso, mesmo em 2024, os dados são estes, portanto todo o mundo cresceu, a Europa cresceu 5%, no resto do mundo mais 11% em nível de turistas, as receitas também e as previsões para 2025 assim continuam".

Questionada sobre soluções, a vice-presidente da AHP aponta alguns exemplos. "Barcelona, Veneza e Amesterdão têm, por exemplo, procurado gerir através das taxas turísticas, através de limitação ao alojamento local e outra coisa positiva, que é efetivamente ter uma gestão integrada da bilhética, quer nos museus, quer nos transportes, para que, efetivamente, possa encontrar-se essa melhor distribuição. O Japão, que está claramente com fenómenos de 'overtourism' em certas regiões, está de facto a procurar, já para 2026, condicionar fortemente a circulação e o acesso, discriminando aliás a razão de residentes e não residentes".

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