Os PPR querem-se altos e fofos
O tempo é o maior aliado para quem sonha com uma reforma desafogada. É um dos principais ingredientes da rentabilidade dos planos de poupança-reforma (PPR).
Num gesto de despudorada apropriação, aliás, não há melhor título para uma tese que prove as virtudes de começar a poupar para a reforma o mais cedo possível do que "O Tempo, Esse Grande Escultor". A famosa obra ensaística da escritora francesa Marguerite Yourcenar (1903-1987) versava sobre temas bem mais nobres e distintos - história, arte, ecologia -, mas o substrato está lá: o tempo transforma, faz acontecer, molda.
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Quanto mais cedo começar a esculpir o seu complemento de reforma, melhor. Mesmo que lhe pareça bizarro preocupar-se com a reforma quando ainda mal entrou no mercado de trabalho, não espere pelos 40 anos. Muito menos pelos 50. A razão é simples e a matemática mais básica ajuda a explicar: quanto mais atempadamente começar a poupar, mais vai conseguir amealhar. Investindo num PPR, ao fim de algumas décadas, não só terá um bolo maior por ter posto de parte uma determinada quantia de forma regular, como irá beneficiar do efeito de capitalização. Efeito que será tanto maior quanto mais alargado for o tempo de investimento. Começando cedo poderá também apostar em produtos potencialmentemais rentáveis a longo prazo.
Sem medos, mas com pressa
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É certo que, até há pouco tempo, o limite que estava interiorizado para subscrever um PPR eram os 40 anos. Mas os desafios demográficos do País, cujo decréscimo estimado da população ativa até 2050 está entre os maiores da OCDE, tornaram aquela fasquia num mito.
Nada como fazer contas e comparar. Considere um cenário de poupança mensal de 100 euros a partir dos 30 anos. Se estiver disposto a aceitar algum risco, escolha um PPR que invista uma parte da carteira em ações, em troca de um rendimento potencial superior (o mais adequado para quem ainda está longe da idade da reforma, aliás). Com a nossa Escolha Acertada de fundos PPR, pode chegar aos 67 anos com um complemento de reforma superior a 185 mil euros. O melhor produto desta categoria, o Alves Ribeiro PPR, rendeu 6,7% ao ano, nos últimos cinco anos (até final de 2018). Considerando este histórico, se começar apenas aos 40 anos, acumula 88 mil euros. Iniciando aos 50, amealha pouco mais de 37 mil euros.
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Não guarde já a caneta e o bloco de notas. Se, com a mesma idade, aplicar os mesmos 100 euros por mês, mas preferir um PPR sem risco (de capital garantido), ideal para quem está a 10 anos ou menos da reforma, com a nossa Escolha Acertada de PPR sob a forma de seguro pode acumular 98 mil euros quando chegar à reforma. O nosso eleito, o seguro Lusitania Poupança Reforma PPR, obteve, nos últimos três anos, um rendimento anual de 3,9%, bem acima da rentabilidade média dos seguros PPR conseguida nesse período, que foi de 1,5% ao ano. Em 2018, rendeu 3,8% (brutos), ultrapassando a média de 1,1% registada no ano passado. Àquele rendimento há que deduzir a comissão de gestão (1,2 por cento). Com base na rentabilidade obtida no ano passado, começando a poupança aos 40 anos, conseguiria um complemento de reforma de 57 mil euros. Aos 50, acumularia cerca de 29 mil euros. Em qualquer dos cenários, o valor final não engana: ainda que este PPR seja uma Escolha Acertada, não é o mais adequado para um horizonte tão vasto. Ressalva importante: estes cálculos têm por base a rentabilidade passada dos produtos.
Antes um depósito a prazo? Não
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Os depósitos a prazo são, de longe, a classe de produtos de poupança preferida dos portugueses. E, apesar do clima de baixas taxas de juro, próximas de zero (mal chegam para compensar a inflação), persiste o mito de que são uma boa opção de poupança para a reforma. Não são.
O mito está, aliás, desfeito no nome e na duração do produto. A maior parte dos depósitos a prazo são até 12 meses.
Fazer poupanças de longo prazo com produtos de curto prazo não é avisado: o rendimento vai ficar muito aquém daquilo que se poderia obter, pensando num universo temporal mais alargado.
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Um PPR está totalmente vocacionado para o longo prazo. Usa o tempo como catalisador da poupança. Sobretudo os PPR sob a forma de fundo, que investem uma parte da carteira em ações, tentando beneficiar do crescimento das bolsas.
A lógica é arriscar mais para ganhar mais. Linha que os portugueses não gostam particularmente de cruzar...
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Desmistificar o risco
À primeira vista, pode parecer um contrassenso haver planos de poupança-reforma que impliquem risco. Afinal de contas, pelo fim a que se destina, trata-se de uma poupança que se quer o mais segura possível. Não espanta, por isso, que, dos 19 mil milhões de euros que os portugueses têm aplicados em PPR, apenas dois mil milhões estejam canalizados para PPR sob a forma de fundo, sem garantia de capital. Quem o contabiliza é a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.
Mas, "risco" não é, necessariamente, sinónimo de "posso perder tudo". Um PPR com risco funciona como um fundo misto, com muitos títulos em carteira, de acordo com a política de investimento da entidade gestora. A nossa Escolha Acertada, o Alves Ribeiro PPR, aplica a maior fatia em obrigações e 23% em ações. Para perder tudo, todos os títulos em carteira teriam de desvalorizar ao mesmo tempo, ao ponto de não valerem nada. Não é um cenário provável. Ainda assim, é importante ter presente que, havendo investimento em ações, o mercado é quem dita a lei. Há ativos mais voláteis do que outros. Nos momentos de maior instabilidade bolsista, alguns títulos poderão desvalorizar em simultâneo, gerando rentabilidades negativas. Foi o que aconteceu, aliás, aos fundos PPR que acompanhamos, em 2018, ano de má lembrança para as bolsas.
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Todos registaram perdas. Em média, a queda foi de 5,3% (o Alves Ribeiro PPR perdeu menos: 3,9%). Mas só se for resgatar o PPR em momentos como este é que a perda se torna verdadeiramente real. Se não o resgatar, o tempo cura. E tempo (para chegar à reforma e compensar os ciclos negativos das bolsas) é o que alguém aos 30 anos mais tem.
PPR não é coisa de ricos?
Não. Ao contrário, precisamente. Os PPR destinam-se a quem tem poucas poupanças e pretende ir amealhando para a reforma, durante décadas, com a certeza de que, no fim da vida ativa, terá um bolo para desfrutar. A maior parte dos PPR, tanto os fundos como os seguros, permitem entregas regulares de pequenos montantes. O mais comum são 20 a 50 euros.
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Há custos, claro. E variam de produto para produto. Por exemplo, a média das comissões de subscrição é de 1,2% do montante entregue nesse primeiro momento, mas há vários PPR que cobram 5%. É fundamental escolher um produto com uma estrutura de encargos pouco pesada.
Mas também há benefícios, como a dedução à coleta de IRS de 20% do valor aplicado, com um limite de 400 euros, para quem tenha até 35 anos.
Para beneficiar desta dedução, o subscritor terá interesse em aplicar até 2 mil euros por ano. E usufrui ainda de uma taxa de imposto de 8% sobre o rendimento, no momento do resgate. Muito inferior aos 28% aplicados à maioria dos produtos financeiros.
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Quando não dá, não dá
Escolhido o PPR, os outros não são para esquecer. São para manter debaixo de olho. Deve acompanhar a evolução do rendimento e comparar o resultado com o dos melhores do mercado.
Se a "performance" deixar a desejar pode (e deve) partir para outro, ou seja, mudar para um PPR mais vantajoso.
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No longo prazo, pequenas diferenças de rendimento geram perdas de milhares de euros. Veja como: se aplicar 50 euros por mês, entre os 30 e os 67 anos, num PPR que rende 1% ao ano e noutro que rende 2%, o primeiro gera um bolo de 26.849 euros, e o segundo de 32.771 euros. São quase 6 mil euros de diferença. Agora imagine que optava por um PPR que rende 4% ao ano: acumularia mais de 50 mil euros. Convencido?
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