"Short-squeeze" derrotou estratégia dos especuladores
Até há três meses, Adolf Merckle era dono de uma fortuna avaliada em 6,8 mil milhões de euros, o que o colocava na 94º posição no "ranking" da "Forbes". A aposta errada na queda das acções da Volkswagen (VW) ditou o início do fim do império do multimilionário alemão que, esta semana, colocou um ponto final na sua vida e, assim, "fugiu" das elevadas dívidas.
A valorização acentuada da VW em 2008, suportada na perspectiva de que a Porsche estaria a reforçar a sua posição no capital da maior fabricante de automóveis da Europa, levou muitos investidores, grande parte através de "hedge funds", a apostar na queda nas acções ("short-selling"), esperando uma desvalorização significativa dos títulos devido à crise económica.
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No entanto, no final de Outubro, a Porsche largou uma "bomba". Tinha aumentado a participação até aos 42,6% e contratado opções que lhe permitiriam chegar aos 74,1% da VW. O anúncio foi o "trigger" para acentuar a subida das acções da empresa liderada por Martin Winterkorn. Com a valorização, que chegou a ser de mais de 200%, a 27 de Outubro começou a "corrida" às acções, com os investidores a comprarem títulos para fechar as posições a descoberto e travar as perdas. Depararam-se com a falta de títulos suficientes no mercado. O que originou o chamado "short-squeeze".
No dia seguinte, as acções da VW superaram a fasquia dos 1.000 euros. Este foi o valor pago por muitos investidores pelas acções, a grande maioria tendo sido obrigados a recorrer a empréstimos para conseguirem recomprar e devolver as acções que tinham pedido emprestadas, incorrendo em perdas elevadas.
Merckle foi um dos muitos investidores castigados pela subida vertiginosa e inesperada da VW. Os prejuízos de milhares de milhões de euros colocaram-no numa situação financeira insustentável, que acabaria por levar o multimilionário ao suicídio.
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