"Short-squeeze" derrotou estratégia dos especuladores

Até há três meses, Adolf Merckle era dono de uma fortuna avaliada em 6,8 mil milhões de euros, o que o colocava na 94º posição no "ranking" da "Forbes". A aposta errada na queda das acções da Volkswagen (VW) ditou o início do fim do império do multimilionário alemão que, esta semana, colocou um ponto final na sua vida e, assim, "fugiu" das elevadas dívidas.
Paulo Moutinho 08 de Janeiro de 2009 às 13:06

Até há três meses, Adolf Merckle era dono de uma fortuna avaliada em 6,8 mil milhões de euros, o que o colocava na 94º posição no "ranking" da "Forbes". A aposta errada na queda das acções da Volkswagen (VW) ditou o início do fim do império do multimilionário alemão que, esta semana, colocou um ponto final na sua vida e, assim, "fugiu" das elevadas dívidas.

A valorização acentuada da VW em 2008, suportada na perspectiva de que a Porsche estaria a reforçar a sua posição no capital da maior fabricante de automóveis da Europa, levou muitos investidores, grande parte através de "hedge funds", a apostar na queda nas acções ("short-selling"), esperando uma desvalorização significativa dos títulos devido à crise económica.

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No entanto, no final de Outubro, a Porsche largou uma "bomba". Tinha aumentado a participação até aos 42,6% e contratado opções que lhe permitiriam chegar aos 74,1% da VW. O anúncio foi o "trigger" para acentuar a subida das acções da empresa liderada por Martin Winterkorn. Com a valorização, que chegou a ser de mais de 200%, a 27 de Outubro começou a "corrida" às acções, com os investidores a comprarem títulos para fechar as posições a descoberto e travar as perdas. Depararam-se com a falta de títulos suficientes no mercado. O que originou o chamado "short-squeeze".

No dia seguinte, as acções da VW superaram a fasquia dos 1.000 euros. Este foi o valor pago por muitos investidores pelas acções, a grande maioria tendo sido obrigados a recorrer a empréstimos para conseguirem recomprar e devolver as acções que tinham pedido emprestadas, incorrendo em perdas elevadas.

Merckle foi um dos muitos investidores castigados pela subida vertiginosa e inesperada da VW. Os prejuízos de milhares de milhões de euros colocaram-no numa situação financeira insustentável, que acabaria por levar o multimilionário ao suicídio.

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