IMF – Netflix perde subscritores, ações derrapam
As ações da Netflix derraparam após perda de subscritores; O Eur/Usd encerrou a semana praticamente inalterado; Petróleo e ouro recuaram
| Ações da Netflix derraparam quase 40% após perda de subscritores
A Netflix dominou as manchetes na semana passada, mas pelas piores razões. Os títulos da cotada registaram uma quebra acentuadíssima de quase 40% – mais de um terço da sua capitalização de mercado – após a empresa ter reportado uma diminuição no número de subscritores pela primeira vez em uma década. A empresa de streaming perdeu assim 200 mil assinantes no primeiro trimestre de 2022, ficando bastante aquém do acréscimo de 2,5 milhões que a própria esperava. A contribuir para este movimento descendente esteve, por um lado, o levantamento de restrições pandémicas em várias geografias, assim como o cancelamento de operação na Rússia, após a invasão na Ucrânia, o que resultou na perda de 700 mil subscritores no país. Não obstante, estes não foram os únicos fatores. A empresa também indicou que o facto de mais de 100 milhões de habitações partilharem os dados de acesso entre utilizadores (algo proibido pela plataforma) também contribuiu para a diminuição. Os próximos meses serão cruciais para a empresa, que já prometeu vir a "combater" a referida partilha de contas.
A nível técnico, os títulos da Netflix apresentam uma tendência de queda desde o final de 2021, algo que só se agravou nas últimas semanas. A ação quebrou em baixa o suporte dos $330 e aproxima-se agora do nível psicológico dos $200, que poderá testar nos próximos dias.
| Perspetivas de subidas de taxas por parte do BCE aumentam
Na última semana foram feitos vários comentários por membros do BCE. O Vice-Presidente, Luis de Guindos em particular, chamou a atenção dos investidores, dizendo numa entrevista que o BCE deveria terminar o seu programa de estímulos em julho e poderia aumentar as taxas nesse mesmo mês, em setembro ou mais tarde. Isto fez os analistas aumentaram as suas apostas de que o BCE aumentaria a sua taxa política - atualmente a -0,50% - em cerca de 85 pontos base até ao final do ano, contra cerca de 70 pontos base no início da quinta-feira. Ainda na Zona Euro, destaque para a inflação, que atingiu 7,4% y/y em março, refletindo a guerra na Ucrânia. Destaque ainda para a Alemanha, onde os preços no produtor alemão subiram 30,9% no ano em março. Nos EUA, a atividade do setor terciário terá abrandado em abril, uma vez que a subida dos custos das matérias-primas, combustível e mão-de-obra levou os preços dos fatores de produção a um nível recorde. O PMI dos serviços da S&P Global recuou assim de 58 pontos em março para 54,7 este mês
A nível técnico, o Eur/Usd quebrou recentemente o importante suporte dos $1,088 (23,6% de retração de fibonacci) apresentando, como tal, uma postura mais negativa para o curto-prazo. O MACD apresenta um sinal de venda, reforçando esta perspetiva. O próximo suporte localiza-se nos $1,08 e até ao momento este conseguiu amparar o movimento do par. Não obstante, um novo teste a este poderá ocorrer nas próximas semanas.
| Confinamento na China continua a pressionar preços do petróleo
Os preços do petróleo recuaram na última semana, tendo desvalorizado mais de 4%, pressionados pelos confinamentos na China que têm levado a uma diminuição da procura pelo maior importador de ouro negro do mundo. Os números dos inventários de petróleo nos EUA também prejudicaram os preços. Segundo dados divulgados, as reservas de petróleo baixaram 8,02 milhões de barris, a maior descida desde janeiro de 2021. Ainda assim, as preocupações com a oferta da matéria-prima nos mercados internacionais limitaram quedas mais expressivas. A produção na Rússia caiu, os protestos na Líbia estão a afetar a oferta e as reparações numa importante rota de exportação do Cazaquistão estão a arrastar-se. Destaque também para as crescentes pressões para que a União Europeia imponha sanções ao ouro negro russo.
Tecnicamente, com as perdas da última semana, o crude começa a apresentar uma perspetiva mais neutra para o curto-prazo, consolidando entre os $100 e os $110. Os indicadores técnicos, nomeadamente o MACD que não apresenta uma tendência clara, também apontam para esta perspetiva mais neutra, sendo esperado que o petróleo continue a consolidar em torno dos níveis atuais.
| Preços do ouro recuaram mais de 1%
Após ter atingido máximos de um mês na primeira semana de abril, os preços do ouro recuaram mais de 1% na última semana. Os preços do metal precioso foram pressionados sobretudo pelas subidas da yield da dívida soberana norte-americana a 30 anos, que tocou acima dos 3%, como não era visto há três anos. O desenvolvimento da guerra na Ucrânia e também as declarações do presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, que admitiu a possibilidade de subir as taxas de juro em 50 pontos base já em maio, também captou as atenções dos investidores ao longo da semana.
Com as perdas desta semana, o ouro começa a apresentar uma perspetiva mais bearish para o curto-prazo, à medida que o MACD inverte o sinal de compra. O metal-precioso segue a consolidar em torno dos $1950 e é esperado que recue no curto-prazo, com o próximo suporte a situar-se nos $1900.
As análises técnicas aqui publicadas não pretendem, em caso algum, constituir aconselhamento ou uma recomendação de compra e venda de instrumentos financeiros, pelo que os analistas e o Jornal de Negócios não podem ser responsáveis por eventuais perdas ou danos que possam resultar do uso dessas informações. Caso pretenda ver esclarecida alguma dúvida acerca da Análise Técnica, por favor contactar a IMF ou o Jornal de Negócios.
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