Apostas na queda já chegam a 10% do capital dos CTT
As acções dos CTT deram, em Outubro do ano passado, início a uma tendência de queda que ainda não teve fim. A principal justificação para este movimento foram os resultados do terceiro trimestre e o corte do dividendo. Para tirar partido desta tendência, os fundos de cobertura de risco ("hegde-funds") começaram a reforçar a aposta na descida dos títulos. Já controlam 10% do capital.
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Os dados mais recentes publicados no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) revelam que quase 10% do capital da empresa está nas mãos de fundos que apostam na queda dos títulos. No total, estes sete fundos que fazem "short-selling" com as acções dos CTT controlam 9,95% da cotada, o que é a percentagem mais elevada de sempre, revelam os dados publicados no site do regulador.
As posições curtas na cotada representavam 8,66% no final da semana passada. E aumentaram em todos os dias desta semana, para chegarem ao valor mais elevado desde que há registo.
O Marshall Wace continua a ter a posição mais elevada (3,02% do capital), seguindo-se os 2,31% do fundo Connor, Clark & Lunn Investment Management Ltd. A BlackRock detém posições curtas representativas de 1,08% do capital da empresa, enquanto os restantes cinco fundos controlam menos de 1%.
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As acções da empresa liderada por Francisco Lacerda atingiram, esta semana, os 2,846 euros, o valor mais baixo desde que estão cotadas em bolsa. Fecharam a semana com uma queda superior a 8%. Desde o início do ano, recuam 15,83%, a maior desvalorização entre as cotadas do PSI-20.
Os analistas contactados recentemente pelo Negócios revelaram a expectativa de que esta aposta na desvalorização das acções se mantenha. "Provavelmente sim, tendo em conta os riscos e as incertezas que se colocam perante o negócio operacional do grupo. Será necessário que apareçam sinais em como a administração do grupo será capaz de lidar com os desafios que enfrenta, o que para já passa pelos resultados que forem obtidos com a implementação do Plano de Transformação Operacional", defendeu Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos.
"O elevado ‘free-float’ dos CTT [tem 66,39% do capital disponível para negociação], aliado ao fim da capacidade de manter os investidores institucionais como accionistas, através de um dividendo elevado, está a pressionar as acções com os fundos de mais curto prazo a tomarem conta do destino das acções", frisou Pedro Lino.
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"Um dos problemas dos CTT, que assolou o BCP durante bastante tempo, é não ter um núcleo duro estável e que garanta a tomada de decisões e se responsabilize financeiramente pelo alcance de resultados futuros", acrescentou o administrador da Dif Broker.
Já Paulo Rosa, "senior trader" do Banco Carregosa também espera um reforço das apostas na queda, mas considera que "não são as posições curtas que ditam a queda dos títulos dos CTT no longo prazo".
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