Incerteza nas taxas e sobreavaliação da IA atiram Wall Street para o vermelho

Os três principais índices norte-americanos terminaram a sessão desta quinta-feira com perdas significativas, numa altura em surgem novas preocupações com a inflação nos EUA e os responsáveis do banco central parecem divididos quanto ao rumo a seguir na próxima reunião de política monetária, em dezembro. 

Esta madrugada, o Presidente dos EUA assinou um decreto que coloca fim à maior paralisação da história dos EUA - que os analistas dizem já estar incorporado no mercado acionista. Ainda assim, estão vários dados económicos em atraso por divulgar, e a Casa Branca admitiu mesmo que alguns possam nunca sair. Os que saem, podem demorar vários dias ou até mesmo semanas.

A interrupção no fluxo de dados tem levado a que, nos últimos dias, vários membros da Reserva Federal (Fed) tenham expressado a sua hesitação quanto a novos cortes nas taxas de juro - o que leva o mercado a rever em baixa a probabilidade de um corte para 50%. Os responsáveis estão preocupados com a inflação na maior economia do mundo e os sinais de "relativa estabilidade" do mercado laboral, dada a falta de dados oficiais, que pode levar a um adiamento da decisão.

Agora, o mercado prepara-se para uma enxurrada de dados. Mas serão suficientes para justificar um corte de juros pela Fed? "Os mercados têm incorporado a ideia de que os dados vão continuar a ser otimistas para os ativos de risco. Portanto, há agora a ideia de que isso pode mudar rapidamente com tantos dados a serem divulgados de uma só vez. Essa incerteza está a causar algum receio no mercado", disse Matt Maley, da Miller Tabak + Co, em declarações à Bloomberg.

"Há muitas incertezas sobre o estado da economia. O que estamos a vivenciar é uma pequena correção no mercado, do setor de IA, e estamos a ver uma rotação de mercado", disse Peter Cardillo, economista-chefe da Spartan Capital Securities, à Reuters. 

Neste contexto, o S&P 500 afundou 1,65% para 6.737,54 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite tombou 2,29% para 22.870,36 pontos. Já o industrial Dow Jones cedeu 1,65% para 47.457,16 pontos.

Além da saúde da economia norte-americana, os receios quanto à sobreavaliação das ações de tecnologia não desapareceram, o que levou a que algumas das maiores cotadas do setor afundassem: a Nvidia mergulhou 3,58%, a Tesla 6,64% e a Microsoft 1,54%. Já a Apple caiu 0,2%, a Amazon 2,7% e a Alphabet 2,9%. A Broadcom afundou também 4,3%. 

"A questão agora é se a recente exuberância do mercado chegou ao fim. Após uma recuperação espetacular desde abril, as ações de tecnologia parecem cada vez mais sobrevalorizadas, com o sentimento a ficar mais moderado pela falta de novos catalisadores e uma calmaria nos dados económicos", afirmou Fawad Razaqzada, da Forex.com.

Noutros movimentos empresariais, as ações da Walt Disney mergulharam 7,78%, depois de a gigante da media ter sinalizado de que se está a preparar para uma possível disputa prolongada com o YouTube TV pela distribuição dos seus canais por cabo.

Já as ações da Cysco Systems subiram cerca de 4,6% após a revisão em alta das previsões de lucros e receitas para o ano, apostando na procura dos seus equipamentos de rede.