Wall Street afunda com S&P500 junto dos ursos. Cresce aposta de que Fed aumenta juros em 75 pontos
Os principais índices bolsistas do outro lado do Atlântico fecharam no vermelho, devido aos receios em torno das medidas a adotar pelos bancos centrais, já que os elevados níveis da inflação na Europa e EUA apontam para um endurecimento adicional da política monetária, com mais subidas dos juros diretores – podendo não ser possível evitar uma recessão.
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O índice industrial Dow Jones fechou a ceder 2,79% nesta sessão de arranque da semana, estabelecendo-se nos 30.516,74 pontos.
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Já o Standard & Poor’s 500 afundou 3,88% para 3.749,63 pontos, tendo entrado em "bear market" (quando um ativo cai 20% face ao último máximo). O S&P 500 está agora com uma queda superior a 20% perante o seu máximo histórico, atingido em janeiro.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite mergulhou 4,68%, fixando-se nos 10.809,23 pontos.
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Os investidores continuams cautelosos devido aos renovados receios em torno da inflação, cuja subida persistente pode levar a endurecimentos adicionais da política monetária.
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Na quinta-feira passada, o Banco Central Europeu decidiu manter inalteradas as taxas de juro diretoras, confirmando no entanto a possibilidade de aumentos em julho e setembro.
Depois de o BCE ser o mais recente banco central a sinalizar políticas restritivas de combate à inflação, a prudência redobrou no que toca a investir em ativos de risco, como as ações.
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Esta semana será a vez de a Fed anunciar a sua decisão de política monetária, mas já começam a aumentar as apostas de que poderá haver um aumento surpresa de 75 pontos base.
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O que todos esperavam, até há dias, era que a Fed subisse a taxa dos fundos federais em 50 pontos base na reunião de junho e em mais 50 pontos na de julho. Mas já há traders a antecipar subida de 75 pontos base dos juros da Fed.
Vejamos porquê. Depois de, em março, ter iniciado o ciclo de aumento dos juros com uma subida de 25 pontos base, a Reserva Federal norte-americana elevou a taxa diretora em 50 pontos base na reunião de 3 e 4 de maio e as atas entretanto divulgadas sobre essa reunião foram ao encontro daquilo que o presidente da Fed, Jerome Powell, já tinha dito: que estava em cima da mesa mais uma subida de 50 pontos base nas reuniões da Fed de junho e de julho.
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Nessa altura, Powell declarou que um aumento de 75 pontos base não era algo que estivesse a ser ponderado. Mas o cenário entretanto deteriorou-se ainda mais: a inflação nos Estados Unidos atingiu em maio os 8,6%, um novo máximo em 40 anos, acima da previsão dos analistas – que estimavam que se situasse no 8,3%.
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Perante isto, já há traders a apontar para a possibilidade de a Fed elevar os juros diretores em 75 pontos base na reunião de julho. O Barclays, aliás, antecipa essa probabilidade para a reunião já da próxima semana.
O Barclays é assim a primeira grande instituição de Wall Street a prever um aumento desta magnitude, em vez dos 50 pontos base de que tanto se tem falado. "Achamos que o banco central dos EUA tem agora uma boa razão para subir as taxas mais agressivamente do que o esperado na reunião de junho", referem os economistas do banco numa nota de "reseacrh" citada pela Bloomberg.
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Os dados robustos do mercado laboral nos EUA – com as contratações a aumentarem em 390 mil em maio, contra estimativas de 318 mil – anunciados a 3 de junho abrem também caminho para a Reserva Federal prosseguir com medidas agressivas para conter a subida dos preços, já que o mercado de trabalho parece manter-se suficientemente forte para a Fed o fazer.
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O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou recentemente para o facto de as políticas restritivas do banco central ameaçarem mergulhar a economia norte-americana numa recessão. Também a presidente executiva do Citi, Jane Fraser, disse achar que os EUA terão dificuldades em evitar uma recessão – e outros observadores e economistas têm vindo a dizer o mesmo. Nouriel Roubini, por exemplo, já advertiu para não se contar com uma aterragem suave.
Hoje foi a vez de o CEO do Morgan Stanley, James Gorman, fazer o mesmo - ao dizer que antevê um risco de 50% de uma recessão nos EUA.
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Estes receios assolaram a generalidade dos mercados na sessão de hoje. Muito à semelhança de sexta-feira, os mercados estiveram em ebulição. Os juros da dívida dispararam na Zona Euro e nos EUA, as bolsas afundaram, o valor do mercado das criptomoedas caiu abaixo de um bilião de dólares (a bitcoin afundou para mínimos de 18 meses) e o ouro e petróleo também cederam terreno. Quem ganhou foi o ativo-refúgio dólar.
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