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Ataques de Trump a Powell derrubam Wall Street

A exigência pelo Presidente dos EUA de que o líder da Fed corte as taxas de juro e a sugestão do afastamento de Jerome Powell, minando a independência do banco central, estão a assustar os investidores, com os três principais índices a perderem em torno de 2,5%.

Seth Wenig / AP
21 de Abril de 2025 às 21:15

Os principais índices de Wall Street fecharam com pesadas perdas esta segunda-feira, com os ataques do Presidente dos EUA ao líder da Reserva Federal (Fed) a intensificarem-se após o fim de semana prolongado da Páscoa, agravando os receios dos investidores, que já estavam elevados devido à guerra comercial.

O índice abrangente S&P 500 perdeu 2,52% para 5.149,35 pontos, enquanto o industrial Dow Jones desceu 2,48% para 38.170,41 pontos e o tecnológico Nasdaq recuou 2,55% para 15.870,90 pontos, depois de Donald Trump ter, na sua rede social, exigido que Jerome Powell corte "preventivamente" as taxas de juro de imediato, acusando-o de provocar um abrandamento económico se não o fizer.     

Na opinião de Trump, neste momento "a inflação virtualmente não existe", o que permitiria os cortes. Contudo, o indicador preferido de preços da Fed, o índice de preços nos gastos com consumo pessoal (PCE), está ainda acima do alvo do banco central. Está agendada uma nova leitura para a próxima semana.  

"’Cortes preventivos’ das taxas de juro estão a ser pedidos por muitos", escreveu o Presidente dos EUA. "Com os custos da energia bastante baixos, os preços dos alimentos (incluindo o desastre dos ovos de Biden) substancialmente mais baixos e a maior parte das outras ‘coisas’ a descer, não há virtualmente inflação", argumentou Trump.

Caso contrário,  o Presidente dos EUA deixa inclusivamente o alerta de que "pode haver um abrandamento da economia a não ser que o Sr. Atrasado [referindo-se a Powell], um grande perdedor, corte as taxas de juro agora", escreveu Trump na sua rede social.       

Os comentários agravaram ainda mais as tensões com o banco central, depois de Trump ter dito na quinta-feira que poderia afastar Powell se assim o entendesse - embora os seus poderes não o permitam formalmente - e de o WSJ ter noticiado que o Presidente discutiu em privado o despedimento com um potencial sucessor. Além disso, o conselheiro económico nacional confirmou que Trump está a verificar se é possível demitir Powell.        

"Caso Powell fosse despedido, a reação inicial seria uma enorme injeção de volatilidade nos mercados, e a mais dramática corrida para sair dos ativos dos EUA que é possível imaginar", alerta Michael Brown, estratega sénior de research da Pepperstone, à Bloomberg.

No mesmo sentido, Krishna Guha, vice-presidente da Evercore ISI, refere à CNBC que qualquer tentativa de despedir Powell resultaria numa pressão vendedora acentuada nos mercados de ações dos EUA e teria o efeito exatamente oposto do pretendido por Trump: uma maior resistência ao corte de taxas.

Depois das oscilações abruptas causadas pelo anúncio de tarifas, e do conflito entre a Administração Trump e a Fed, os investidores olham agora para a temporada de resultados das "Sete Magníficas" para obterem algum sinal positivo para os mercados. A Tesla é a primeira destas empresas a apresentar contas, na terça-feira.  

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