Wall Street perde gás com investidores cautelosos em véspera de inflação
Os principais índices dos EUA fecharam no vermelho, num dia em que os investidores assumiram uma postura de contenção na véspera de serem conhecidos os dados da inflação de julho no país, que poderão ditar um corte de juros pela Fed.
Os principais índices do lado de lá do Atlântico fecharam a primeira sessão da semana com perdas contidas. Os investidores parecem ter-se posicionado “à margem”, não querendo fazer grandes apostas na véspera de serem conhecidos os dados da inflação de julho nos Estados Unidos (EUA). No plano comercial, o anúncio de que Pequim e Washington concordaram em prolongar as tréguas tarifárias não foi suficiente para inverter as perdas.
O S&P 500 perdeu 0,25% para os 6.373,45 pontos, o Dow Jones caiu 0,45% para 43.975,09 pontos e o Nasdaq Composite recuou 0,30% para 21.385,40 pontos.
A divulgação dos dados da inflação de julho, planeada para esta terça-feira, 12 de agosto, dará aos “traders” a oportunidade de avaliar o impacto das tarifas sobre os preços no consumidor, entre sinais de arrefecimento do mercado de trabalho no país. O importante será perceber se os dados serão suficientes para justificar uma flexibilização das taxas diretoras pela Reserva Federal (Fed) norte-americana. Atualmente, os mercados estão a apostar numa probabilidade superior a 80% de a Fed vir a cortar os juros diretores em 25 pontos-base já na reunião de setembro.
“A reação do mercado a quaisquer surpresas nos números pode ser exagerada — especialmente se um índice de preços no consumidor (IPC) significativamente mais alto do que o esperado levar os ‘traders’ a acreditar que a Fed pode não reduzir as taxas na sua próxima reunião”, disse à Bloomberg Chris Larkin, da Morgan Stanley.
Já Andrew Brenner, da NatAlliance Securities, defende que “não há dúvida de que o IPC não será bom amanhã”. “A grande questão é: isso importa? Achamos que não. A inflação permanecerá estável, com alguns solavancos, mas o enfraquecimento do mercado de trabalho dominará as perspetivas da Fed”, acrescentou o especialista.
Entretanto, no plano comercial, Trump assinou uma ordem executiva que prorroga a trégua tarifária com Pequim por 90 dias. Desta forma, com o prolongamento das tréguas, que expiravam já esta terça-feira, a China continua a ter uma taxa de 30% nos bens exportados para os EUA, enquanto os produtos norte-americanos pagam 10%.
Entre os movimentos do mercado, a Nvidia (-0,32%) e a Advanced Micro Devices (-0,28%) recuaram de forma pouco expressiva, depois de ambas as produtoras de semicondutores terem concordado em pagar 15% das suas receitas provenientes das vendas de chips na China ao governo dos EUA, num acordo invulgar que poderá vir a criar um precedente para as empresas americanas que fazem negócios no país asiático.
Já a Intel pulou quase 4%, depois de notícias de que o diretor executivo da tecnológica, Lip-Bu Tan, poderá vir a reunir-se com Donald Trump. Isto apenas quatro dias depois de o Presidente dos EUA ter pedido a demissão do CEO da Intel, alegando conflitos de interesses.
Ainda entre cotadas do setor tecnológico, a Micron Technology valorizou mais de 4%, depois de ter elevado as suas previsões de receita e lucros para o quarto trimestre fiscal.
Entre as restantes “big tech”, a Alphabet perdeu 0,26%, a Microsoft cedeu 0,024%, a Meta desvalorizou 0,45%, a Apple caiu 0,83% e a Amazon recuou 0,62%.
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