As bolsas norte-americanas terminaram a sessão em alta e o segundo trimestre consecutivo no verde, mesmo que a negociação desta terça-feira tenha sido calma. Os investidores continuam preocupados com a possível paralisação do Governo dos EUA, que poderá adiar a divulgação dos dados do mercado laboral, agendados para o final da semana, bem como aumentaria a ansiedade dos investidores sobre as perspetivas da política de taxas de juros da Reserva Federal.

O índice de referência dos EUA, o S&P 500, termina o melhor mês de setembro dos últimos 15 anos - mês este que costuma ser mais brando nos mercados financeiros. Esta terça-feira, o "benchmark" subiu 0,41% para 6.688,46 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite somou 0,3% para 22.660,46 pontos. Já o industrial Dow Jones ganhou 0,18% para 46.397,89 pontos. 

Esta terça-feira é o último dia para concluir o processo de financiamento da administração pública federal – com republicanos e democratas a não se entenderem no Congresso. Os democratas querem prolongar os subsídios por doença e reverter os cortes ao programa Medicaid incluídos na mega lei orçamental de Trump. Poderá ser aprovado, no entanto, um diploma pelo Senado.

Ainda ontem o vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou que este cenário está cada vez mais próximo. O “shutdown” por falta de financiamento da administração pública federal implicaria a dispensa pelo menos temporária de funcionários, a suspensão de alguns serviços e o adiamento de dados como o relatório do emprego, agendados para sexta-feira. 

Ainda assim, este "obstáculo" não alteraria a decisão do banco central, pelo menos na próxima reunião de política monetária, em outubro, de acordo com David Seif, economista-chefe da Nomura, em declarações à Bloomberg. "Quanto menos dados forem divulgados, menos motivos a Fed terá para se desviar do 'dot plot'", disse. 

“Gostaríamos de lembrar os investidores que as paralisações são comuns e, uma vez resolvidas, os orçamentos e os funcionários das agências são reintegrados, atenuando quaisquer impactos mais amplos no mercado e na economia”, afirmou Monica Guerra, da Morgan Stanley Wealth Management. E acrescentou: "Setores com alta exposição a contratos governamentais, como a defesa e a saúde, podem enfrentar alguma quebra num cenário de paralisação total, indicando uma oportunidade de compra, dada a perspetiva positiva de longo prazo para os setores”.

O mercado esteve ainda a reagir ao relatório da criação de vagas de emprego na maior economia do mundo, que registaram pouca variação em agosto, enquanto as contratações foram moderadas, o que indica que a procura por trabalhadores está a desacelerar. Um outro relatório mostrou que a confiança do consumidor americano caiu mais do que o esperado em setembro.