Preços das casas usadas já recuperou mais que o das novas

Desde o final de 2010 que não se transaccionavam tantos imóveis em Portugal. E oito em cada 10 casas vendidas são usadas. O forte dinamismo destas habitações é comprovado pela forte recuperação dos preços.
casas prédios lisboa
Bruno Simão/Negócios
Raquel Godinho 20 de Setembro de 2016 às 22:00

O segundo trimestre do ano voltou a ser marcado por um forte dinamismo das transacções imobiliárias. Foram vendidos mais de 31 mil imóveis, entre Abril e Junho, o valor mais elevado desde o final de 2010, revelou o INE. Destes, mais de oito em cada 10 eram usados. Uma evolução que tem sido acompanhada pela maior recuperação do preço das casas existentes em comparação com as novas.

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Preços das casas usadas já recuperou mais que o das novas

O índice de preços das habitações existentes atingiu os 98,89 pontos, no segundo trimestre, superando os 98,36 pontos do índice de preços das casas novas, o que demonstra que os primeiros já recuperaram mais. É preciso recuar seis anos para encontrar uma evolução semelhante. Desde o mínimo atingido durante a crise financeira, os preços das casas usadas já aumentaram 19,4%, enquanto os das casas novas cresceram 10,8%. 

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Associado ao aumento dos preços está o peso crescente destes imóveis nas transacções. Das  31.768 casas vendidas no segundo trimestre, 82,9% eram existentes, a percentagem mais elevada desde que o INE começou a recolher estes dados, no início de 2009. Esta evolução poderá estar relacionada "de certa forma" com o facto de a maior parte das transacções ser feita a pronto, acredita Paula Carvalho. "Poderá reflectir o peso da rodagem do imobiliário nos centros urbanos históricos, onde tipicamente a nova construção é diminuta. Neste casos, as aquisições destinam-se muitas vezes ao sector do turismo", acrescenta a economista-chefe do BPI.

Os bancos emprestaram, no segundo trimestre, 1.481 milhões de euros para a compra de casa, de acordo com o Banco de Portugal. Um valor que representa 39,8% do total das transacções imobiliárias (3.718 milhões de euros), no mesmo período. Ou seja, 60,2% das compras foram feitas a pronto.

"O que torna diferente esta retoma do imobiliário é precisamente o facto de as operações serem efectuadas, em grande parte, sem recurso ao crédito", diz Filipe Garcia. Em 2009, quase 70% das operações eram feitas através de financiamento.

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O economista da IMF defende que há dois factores que justificam a evolução. "A nível financeiro, a baixa remuneração dos depósitos, os receios com o mercado de acções e alguma desconfiança face à banca justificam a alocação de poupança ao imobiliário. Ao nível do próprio mercado imobiliário, há que ter em conta a escassez de apartamentos e casas para arrendar em zonas mais urbanas centrais e o crescimento do turismo está a fazer com que o negócio do arrendamento de curta duração e de lojas esteja a florescer", frisa.

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