Apoios à compra da primeira casa faz duplicar concessão de crédito a jovens
Nos primeiros oito meses do ano, devedores até 35 anos contrataram 7,1 mil milhões de euros em novos créditos para habitação própria permanente, o que compara com 3,5 mil milhões em igual período de 2024.
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As medidas de apoio à compra da primeira casa por parte de jovens até aos 35 anos - garantia pública e isenção de impostos - fez duplicar a concessão de crédito entre estes devedores, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, que indica ainda que é entre estes que o montante pedido mais tem aumentado.
Nos primeiros oito meses de 2025, o montante acumulado de novos contratos de crédito para habitação própria permanente atingiu os 12 mil milhões de euros (8,2 mil milhões em igual período de 2024). Os jovens (devedores até 35 anos, inclusive) contrataram 7,1 mil milhões daquele total, superando os 3,5 mil milhões registados em igual período de 2024.
Os mutuários com idade superior a 35 anos contrataram um montante de 4,9 mil milhões de euros, apenas mais 200 milhões do que nos primeiros oito meses de 2024.
"Os incentivos à aquisição de habitação própria permanente resultaram numa alteração na distribuição por escalão etário do mutuário", considera o supervisor. Entre janeiro de 2022 e julho de 2024, o peso dos jovens nos novos contratos para aquisição de habitação própria permanente foi de 44%.
Em agosto de 2024, após a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 48-A/2024, que isenta os jovens do pagamento de IMT e IS, o peso dos jovens aumentou para 53% do montante de novos contratos. Nos primeiros oito meses de 2025, os jovens representaram 59% do montante de novo crédito para aquisição de habitação própria permanente.
O montante médio de crédito concedido aos jovens para aquisição de habitação própria permanente praticamente não se alterou entre janeiro de 2022 (quando estava em 136,1 mil euros) e dezembro de 2023 (134,7 mil euros).
Contudo, "em 2024, iniciou-se uma tendência de aumento deste valor, que subiu para 159,2 mil euros em agosto, após a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 48-A/2024, que isenta os jovens do pagamento de IMT e IS", refere.
Em agosto de 2025, o montante médio de crédito para habitação própria permanente concedido aos jovens foi de 192,6 mil euros, o que representa um aumento de 43% relativamente a dezembro de 2023.
Por seu turno, para os mutuários com mais de 35 anos, o montante médio de crédito concedido para aquisição de habitação própria permanente aumentou menos no mesmo período: passou de 127,3 mil euros, em dezembro de 2023, para 159,2 mil euros em agosto de 2025, o que corresponde a uma variação de 25%.
Juros do crédito em mínimos de novembro de 2022
A par dos apoios para os jovens, também as políticas do Banco Central Europeu (BCE) têm influenciado o mercado. Considerando todos os devedores, a taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação diminuiu pelo sétimo mês consecutivo: esta passou de 2,89%, em julho, para 2,86% em agosto - o valor mais baixo desde novembro de 2022. Nos primeiros oito meses deste ano, a diminuiu foi de 34 pontos percentuais.
Esta evolução está relacionada com os cortes dos juros de referência na Zona Euro que o BCE levou a cabo ao longo de um ano, entre junho de 2024 e junho de 2025. Entretanto, a autoridade monetária entrou em modo de pausa, sendo esperado pelo mercado que se mantenha assim nos próximos meses.
Apesar disso, houve um recuo em agosto da concessão de crédito. Os novos contratos de empréstimos a particulares atingiram 2.551 milhões de euros, o que representa uma redução de 485 milhões relativamente a julho. De acordo com o supervisor, a diminuição foi transversal a todas as finalidades, mas mais acentuada nos empréstimos à habitação.
Os novos contratos totalizaram 1.767 milhões de euros na finalidade de habitação (-344 milhões do que em julho), 555 milhões de euros na finalidade de consumo (-78 milhões) e 230 milhões de euros nos outros fins (-63 milhões).
Nos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média de novas operações atingiu 8,77% em agosto, registando uma redução de 0,06 pp relativamente a julho. Já nos empréstimos para outros fins, a taxa de juro média manteve-se nos 3,53%.
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