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Banca empurra famílias para crédito a taxa fixa

O montante de crédito à habitação a taxa fixa concedido desde o início do ano supera em mais de seis vezes o do período homólogo. Com esta modalidade, as instituições financeiras conseguem cobrar juros mais altos aos clientes.

Bruno Simão
13 de Setembro de 2016 às 21:50

Os valores negativos atingidos pelas taxas Euribor no ano passado vieram transformar o mercado nacional do crédito à habitação. Reflexo dessas mudanças é o peso cada vez maior das operações a taxa fixa. Representam um terço do novo crédito concedido, desde o início do ano, graças à maior aposta da banca nestas operações. Isto porque, neste tipo de empréstimos, as instituições financeiras conseguem cobrar juros mais altos.

Banca empurra famílias para crédito a taxa fixa

"O forte crescimento relativo decorre do facto de anteriormente o crédito a taxa fixa ser praticamente inexistente", adianta Filipe Garcia. Mas "reconheço que há cada vez mais operações a taxa fixa, o que se justifica essencialmente pela vontade dos bancos em contratarem dessa forma, porque lhes permite cobrar uma taxa de juro mais alta", explica o economista da IMF.

Ao contrário do que acontece com os créditos a taxa variável, onde a legislação determina que a taxa de juro final resulta da soma da média da Euribor no mês anterior à revisão ao "spread", nos financiamentos a taxa fixa não existe nenhuma regra que determine como é que a taxa de juro deve ser definida. Nesse sentido, cada instituição financeira determina a taxa de juro de forma diferente, sendo que entre os grandes bancos nacionais apenas o Santander Totta recorre às taxas de mercado, as taxas "swap".

Para responder à realidade actual, com as Euribor em valores negativos em todos os prazos, tem surgido "uma oferta mais diversificada" em termos de soluções de taxa fixa, adianta Paula Carvalho. A economista-chefe do BPI acredita que "é possível" que os bancos continuem a reforçar a aposta neste segmento de financiamento "atendendo ao actual contexto global em que a probabilidade de arrastamento da situação de taxas muito baixas durante mais tempo tem vindo a aumentar".

A economista defende que "as taxas de juro estão em mínimos históricos" e, "apesar desta situação não dever alterar-se tão cedo, existe a clara noção que não poderá prolongar-se para sempre, pelo que pode ser uma boa opção a fixação da taxa", dependendo dos "spreads" e das contrapartidas exigidas. Já Filipe Garcia sublinha que "grande parte das operações deste tipo apenas fixam a taxa por um período relativamente pequeno", pelo que "o mais interessante seria poder fixar a taxa de toda a vida do crédito porque é no futuro mais longínquo que a incerteza é maior".

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