Mercado das "stablecoins" continua a crescer e ultrapassa os 250 mil milhões
A legislação ainda está à espera da "luz verde" da Câmara dos Representantes, mas a aprovação por parte do Senado norte-americano está a ser suficiente para aumentar a euforia em torno das "stablecoins" (moedas digitais indexadas a um ativo, como o dólar, para diminuir a volatilidade). Em reação, a capitalização de mercado destas criptomoedas atingiu um novo máximo, ultrapassando pela primeira vez os 250 mil milhões de dólares, de acordo com dados da CoinMarketCap.
Esta terça-feira, a câmara alta do Congresso norte-americano aprovou por 68 votos contra 30 o "GENIUS Act", uma regulação inédita para o mundo dos criptoativos que exige que estas moedas digitais sejam garantidas por ativos líquidos, como o dólar e títulos da dívida norte-americana a curto prazo. As emissoras de "stablecoins" tendem a apostar neste último ativo para assegurarem liquidez, com a Tether — responsável pela emissão da “stablecoin” com o mesmo nome — a concentrar 100 mil milhões de dólares em "Tresuries". Ao todo, o mercado destas criptomoedas já detém 150 mil milhões de dólares em obrigações dos EUA, um valor comparável a países como a Arábia Saudita, a Alemanha e o México.
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O "GENIUS Act" segue, agora, para a Câmara dos Representantes, onde os republicanos - principais promotores da regulação destes ativos - têm uma maioria confortável. Após à aprovação na câmara baixo do Congresso, a legislação segue para a Casa Branca, onde deve conseguir uma assinatura imediata de Donald Trump - não fosse o Presidente um dos maiores adeptos da indústria dos criptoativos e um dos principais impulsionadores deste projeto-lei.
A utilização de “stablecoins” para realizar pagamentos e transferências está a ficar tão massificada que, em 2024, chegou mesmo a ultrapassar as 27,6 biliões de transações – um valor superior ao registado, em conjunto, pela Mastercard e pela Visa. A crescente popularidade tem vindo a seduzir "players" institucionais por todo o mundo e o setor vê o "GENIUS Act" como a "porta de entrada" das "stablecoins" para uma maior integração no sistema financeiro norte-americano e, por conseguinte, no global.
Na Europa, o Regulamento Europeu sobre o Mercado de Criptoativos (MiCA) tem sido um entrave para um uso massificado. O Banco Central Europeu (BCE) olha com desconfiança para estas criptomoedas e continua a apostar no euro digital, que acredita será o motor para assegurar “um sistema de pagamentos mais competitivo e resiliente” e vai ajudar a reposicionar a moeda comum europeia, como descreveu no seu relatório anual sobre a divisa. O setor acusa a União Europeia (UE) de "estrangular" o mercado das "stablecoins" e de atacar diretamente a utilização destes ativos na Europa.
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