O Senado aprovou na terça-feira legislação que visa regular uma moeda digital designada 'stablecoins' (moeda estável, indexada a um ativo para reduzir a volatilidade), uma novidade que a indústria espera que aumente a sua legitimidade e tranquilize os investidores.

A legislação em causa, aprovada por 68 votos contra 30, vai agora ser enviada para a Câmara dos Representantes.

Este desenvolvimento legislativo vem no seguimento de um ciclo eleitoral em 2024, no qual a indústria das moedas digitais foi uma das principais financiadoras de atores políticos, a realçar a sua crescente influência em Washington.

A maioria republicana contou com 18 senadores democratas na aprovação da legislação, mas registou também duas dissidências, as dos senadores Josh Hawley e Rand Paul.

Mas a maioria dos democratas opôs-se à iniciativa, preocupados que estão com a possibilidade de a legislação em causa não considerar o interesse financeiro pessoal de Donald Trump no espaço das moedas digitais.

Com efeito, há uma disposição na lei que proíbe aos congressistas e aos seus familiares aproveitarem-se desta moeda.

Mas esta proibição não se estende ao presidente nem aos seus familiares, mesmo que TRump esteja a construir um império de criptomoedas a partir da Casa Branca.

Em maio, Trump acolheu um jantar privado no seu campo de golfe no Estado da Virgínia, com os principais investidores na sua moeda homónima.

A sua família possui uma posição relevante no World Liberty Financial, um projeto cripto que lançou a sua própria moeda estável, a USD1.

A venda de ativos digitais ligados ao World Liberty Financial, em 2024, permitiram a Trump um ganho de 57,35 milhões de dólares, segundo informação financeira divulgada na sexta-feira.

Brian Armstrong, presidente-executivo da Coinbase, a maior bolsa de moedas digitais e um dos maiores promotores da iniciativa legislativa, reuniu-se com Trump a quem elogiou pelas decisões sobre esta indústria.

De resto, no passado fim de semana, a Coinbase esteve entre os principais financiadores da parada em Washington.

Entre os democratas, a senadora Elizabeth Warren foi das mais críticas da nova legislação, afirmando que criava uma "autoestrada" para a corrupção promovida por Trump e alertando que conglomerados tecnológicos, como Amazon e Meta, poderiam lançar também as suas criptomoedas.