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Anatomia de um crime: como "hackers" norte-coreanos roubaram 1,5 mil milhões à ByBit

O ataque foi tão sofisticado como veloz. Em questão de minutos, a Bytbit viu 1,5 mil milhões de dólares em ether escapar. Os fundos vão diretos para os cofres da Coreia do Norte.

Ether, Ethereum, cripto
Ether, Ethereum, cripto Reuters
06 de Abril de 2025 às 12:00

O "golpe do século". É assim que está a ser descrito o ataque informático realizado pelo grupo norte-coreano "Lazarus" que, no final de fevereiro, desviou 1,5 mil milhões de dólares da plataforma de negociação de criptomoedas Bybit – o maior ataque à indústria dos ativos digitais de sempre. Em questão de minutos, os "hackers" apoiados pelo governo de Kim Jong-un conseguiram contornar um sistema sofisticado com grande precisão, transferindo milhares de ethers – a segunda criptomoeda mais utilizada do mundo – para uma série de contas que pouco rasto deixaram.

Mais de um mês depois do ataque, o El País faz a autópsia do crime. Os analistas contactados pelo jornal espanhol não têm dúvidas: a escala e sofisticação do ataque está ao alcance de poucos. "O golpe à Bybit mostrou um nível de sofisticação extremamente elevado por parte do 'Lazarus'", explica Hervé Lambert, diretor de operações globais da Panda Security, ao El País. Mas como é que tudo aconteceu?

Ben Zhou, CEO da plataforma, estava a realizar uma série de transferências rotineiras entre uma carteira de criptoativos fria (que não está conectada à internet, como é o caso de uma pen) e uma quente (com ligação à rede), quando o golpe aconteceu. Os "hackers" intercetaram estas interferências e redirecionaram as criptomoedas para uma série de contas na sua posse. Tudo através de um ataque à plataforma Safe{Wallet}, que gere a carteira da Bybit, num ataque conhecido no meio como um "supply chain attack".

O grupo de "hackers" conseguiu assumir o controlo do computador de um dos programadores da plataforma e inserir um "malware" no sistema da Safe{Wallet}. Assim que Ben Zhou pressionou o botão "enviar", o software malicioso foi ativado e rapidamente conseguiu desviar todas as transferências. "Imediatamente após a conclusão da transação, os 'hackers' apagaram os rastos do ataque. Tudo aconteceu com tal rapidez e subtileza que, quando a Bybit detetou a interceção, já era demasiado tarde: as ether já eram controlados pelo 'Lazarus'", explicou ainda Lambert ao El País.

Embora o uso de "hackers" por parte de vários regimes do mundo não seja, propriamente, uma novidade, a relação destes cibercriminosos com o governo de Kim Jong-un ganha contornos especiais. O regime norte-coreano vê nas criptomoedas uma grande fonte de capital para financiar uma série de projetos, onde se incluem os seus planos nucleares. Desde 2021, o portal especializado TRM Labs calcula que o "Lazarus" conseguiu desviar mais de cinco mil milhões de dólares em criptomoedas – um número que representa metade dos fluxos de moedas estrangeiras que chegam à nação asiática.

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