Ações mundiais batem recorde. Resiliência da economia dos EUA ofusca incerteza comercial
O índice MSCI All-Country World atinigu os 887.73 pontos e superou o último máximo histórico tocado em fevereiro.
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No meio de uma onda de volatilidade e incerteza sobre o futuro da economia mundial, desencadeada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, as ações mundiais tocaram esta quarta-feira um novo máximo histórico. O índice MSCI All-Country World Index, que agrega ações de 23 países desenvolvidos e 24 países emergentes, subia esta manhã 0,2%, o suficiente para atingir os 887.73 pontos, superando o anterior recorde tocado em fevereiro.
As bolsas mundiais estão a recuperar de mínimos de abril, quando o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a lista de tarifas recíprocas aos parceiros comerciais, o que mergulhou os mercados financeiros numa nova crise. Em cima da mesa estavam sobretudo preocupações de que estas taxas alfandegárias iriam pressionar a economia mundial e atiçar a inflação, sobretudo do lado de lá do Atlântico.
Entretanto, a chamada guerra comercial sofreu uma reviravolta, já que a Casa Branca tem assinado alguns acordos de tréguas com os restantes países, como a China e a União Europeia, especialmente, ao mesmo tempo que Trump parece adotar uma abordagem menos agressiva em relação às políticas comerciais.
Há, ainda, outros fatores em jogo: a "earnings season" que fez brilhar as empresas no primeiro trimestre (antes de as tarifas terem sido implementadas), a retórica da política monetária da Reserva Federal e do Banco Central Europeu, ou os dados económicos mais recentes que mostraram que o mercado de trabalho norte-americano continua robusto e saudável.
Ainda assim, o índice de referência norte-americano, o S&P 500, e o "benchmark" europeu, o Stoxx Europe 600, estão ambos mais de 2% abaixo dos máximos registados no início do ano.
"Os investidores estão menos assustados com Trump, devido ao seu comportamento ‘TACO’”, disse Ulrich Urbahn, diretor de estratégia e investigação do Berenberg, em declarações à Bloomberg. referindo-se a um acrónimo que significa “Trump Always Chickens Out". O analista reiterou ainda que o otimismo sobre o investimento das "big tech" em inteligência artificial também está a impulsionar o sentimento otimista do mercado, ao mesmo tempo que o dólar norte-americano perde força e impulsiona o preço das ações internacionais.
Apesar dos avanços na frente comercial, a incerteza voltou a aumentar nos últimos dias, com Washington e Pequim a acusarem-se mutuamente de violar os acordos estabelecidos a 12 de maio. Trump escreveu nas redes sociais que "gosta de Xi Jinping", o Presidente da China, mas que "é muito difícil fazer um acordo" com o líder chinês.
“O drama das tarifas comerciais é agora cada vez mais visto pelo que é realmente: uma enorme incerteza comercial e não um colapso comercial”, disse Florian Ielpo, da Lombard Odier Investment Managers.
No final da semana, o relatório sobre o emprego na maior economia do mundo vai centrar as atenções dos investidores, que procuram confirmar que o crescimento económico dos EUA continua robusto.
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