Há exactamente 12 anos a Energias de Portugal (EDP) fazia a sua estreia no mercado de capitais nacional. Um percurso que, no acumulado, apresenta um saldo positivo, apesar de muitos investidores que compraram acções nas OPV estarem ainda a perder dinheiro. Face ao preço a que foram vendidas em 1997, as acções sobem 27%.

Desde 1997, a eléctrica terminou o ano no vermelho por apenas quatro vezes. A par do que sucedeu com a grande maioria das cotadas nacionais, o ano de 2008 ficou assinalado pela queda mais pronunciada do seu percurso em bolsa. No ano passado, a eléctrica perdeu 39,7% do seu valor de mercado, enquanto o PSI-20 afundou 51,3%, também a maior descida da história do índice nacional.

Mas, o ano passado ficou também marcado pela Oferta Pública de Subscrição da EDP Renováveis. A venda de 25% da sua divisão para as energias renováveis permitiu à empresa liderada por António Mexia um encaixe de 1.567 milhões de euros. A companhia de energias verdes cede 8,9% desde que entrou em bolsa, em Junho do ano passado.

2006 foi o ano em que a EDP acumulou o ganho mais expressivo. No ano em que António Mexia substituiu João Talone na presidência executiva da empresa, as suas acções valorizaram 47,7%. Também neste ano ocorreu a liberalização do mercado no sector energético, sendo que o desempenho positivo ocorreu após o aumento de capital realizado em 2005, no âmbito da compra da Hidrocantábrico.

Na primeira OPV, realizada em 1997 (que marcou o início do capitalismo popular), as acções foram vendidas aos investidores a 2,16 euros cada (preços ajustados ao aumento de capital e "stock split"). Se os investidores que compraram acções há 12 anos estão ainda a ganhar dinheiro com a eléctrica, o mesmo não podem dizer os pequenos accionistas que participaram na 3ª e 4ª fase de reprivatização da empresa.

Em Junho de 1998 o Estado vendeu acções a 4,12 euros cada, numa operação que ficou marcada pela polémica com o prospecto da operação, que continha expectativas acerca das tarifas eléctricas, que não se vieram a confirmar. Na OPV seguinte, realizada em 2000, as acções foram vendidas a 2,98 euros, ainda acima da actual cotação.

Contudo, os accionistas que foram fiéis ao capital da EDP, apesar de estarem ainda a perder com a evolução das cotações, receberam dividendos. E a EDP até faz parte do lote de cotadas nacionais que remuneram os seus accionistas. De acordo com a agência Bloomberg, a eléctrica apresenta um dos dividendos mais atractivos do PSI-20. O “dividend-yield” da EDP é de 5,09%, apenas superado pela Brisa, Portucel, Portugal Telecom e REN.

Na sessão de hoje, as acções da EDP seguiam estáveis nos 2,748 euros. A actual cotação confere à eléctrica uma capitalização bolsista de 10,05 mil milhões de euros, o maior valor de mercado da praça de Lisboa. Este ano, a empresa acumula um ganho de 2,04%, enquanto a bolsa portuguesa avança perto de 12%.

Dos 21 analistas que seguem o título, 10 recomendam “comprar” e sete recomendam “manter”. Os restantes quatro apresentam uma recomendação de “vender”. A avaliação média dos bancos de investimento é de 3,63 euros, o que confere às acções uma margem de progressão de 32,1% face à cotação actual.

Veja aqui o detalhe da primeira fase de privatização da EDP

Veja aqui as várias fases de reprivatização da empresa

Veja aqui o histórico de cotações da empresa

Tabela com variações anuais da EDP e da bolsa de Lisboa desde 1997:

EDP			PSI20
1997	12,46		1997	71,06
1998	8,36		1998	24,94
1999	-7,57		1999	8,74
2000	1,56		2000	-13,01
2001	-30,68		2001	-24,73
2002	-34,84		2002	-25,62
2003	31,45		2003	15,84
2004	11,11		2004	12,64
2005	16,59		2005	13,4
2006	47,69		2006	29,92
2007	16,41		2007	16,27
2008	-39,71		2008	-51,29
2009	2,04		2009	11,85