Periféricos: Oportunidades para investidores destemidos
No centro do tumulto da crise da dívida pública, os países "periféricos" oferecem oportunidades de investimento interessantes. Basta tomar uma boa dose de risco e fazer uma selecção certeira. Conheça as oportunidades identificadas pelos especialistas em Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda.
No fio da navalha, Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda lutam por mostrar aos investidores que estão no caminho certo da consolidação orçamental. No entanto, depois de um período de algum alívio, nas últimas semanas voltaram a sofrer a punição indiscriminada dos investidores.
"As acções europeias, particularmente as da Europa periférica sofreram um impacto negativo este ano dados os receios de incumprimento soberano e a instabilidade do euro", explicou Rory Bateman, responsável por acções europeias da Schroders. Para o gestor, esta situação criou oportunidades para uma boa selecção de acções.
Para o gestor da Schroders, dados os riscos específicos destes países, a aposta "tem sido identificar companhias diversificadas globalmente que foram afectadas pela venda indiscriminada nos países periféricos europeus".
Na semana passada, o prémio de risco que os investidores exigiram para deter dívida pública portuguesa em vez da alemã atingiu um recorde histórico de 400 pontos base, segundo a Bloomberg. Com a percepção do risco dos países periféricos novamente em máximos, os especialistas alertam para boas oportunidades de entrada nestes mercados.
Desde o início do ano, as bolsas destes países apresentam descidas acentuadas, com praticamente todas as empresas arrastadas pelo sentimento negativo. A bolsa grega é a que mais perde, ao desvalorizar mais de 35%, enquanto as praças portuguesa e espanhola descem cerca de 12% e a irlandesa recua quase 10%.
"Portugal enfrenta algumas decisões difíceis e estamos a observar com interesse para determinar quando é o período oportuno para investir", explica Rory Bateman. O responsável pela gestão de acções europeias realça que Portugal está a começar a perceber a severidade da situação.
Ainda assim, Bateman alerta que, ao contrário da Irlanda, Portugal, Grécia e Espanha têm maiores restrições em termos de mercado de trabalho, o que poderá tornar a recuperação mais desafiadora.
Já Gareth Walsh, responsável pelo "research" de crédito para a Europa da Pioneer Investments, conserva uma visão mais optimista a dívida de empresas espanholas desde Agosto, "a reflectir a nossa visão macro mais positiva para a dívida soberana espanhola".
Bancos de investimento recomendam dívida pública
Na semana passada vários bancos de investimento recomendaram aos seus clientes a compra de dívida pública de países soberanos. O Goldman Sachs, o HSBC e o Société Générale aconselharam a compra de dívida pública grega. Já o Nomura considera que as emissões de obrigações do Tesouro de Portugal e Irlanda podem proporcionar "boas oportunidades", dada a tendência recente.
Descubra as oportunidades nos países no centro do tumulto
Estão todos incluídos no mesmo "pacote", porém os especialistas apontam diferenças estruturais significativas entre os chamados países "periféricos". Saiba onde estão a identificar oportunidades em Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia
Portugal O crescimento está lá fora
Sonae Indústria
Dos cinco bancos de investimento que seguem a empresa, todos recomendam "comprar" os títulos. É a cotada do PSI-20 com o melhor "rating" dos analistas.
Mota-EngilCom cinco recomendações de "comprar" e uma de "manter", a Mota-Engil é uma das companhias com melhor avaliação.
Sonae SGPS
A "holding" está entre as empresas com melhor "rating" dos analistas. A empresa tem apenas uma recomendação de "vender".
Irlanda
Oportunidades nos próximos meses
DCC
A empresa sediada em Dublin é uma das cotadas na bolsa irlandesa com melhor avaliação dos analistas.
Smurfit Kappa GroupA companhia, que avança mais de 15% em 2010, reúne o consenso de recomendações de "compra" entre os 12 analistas que seguem a empresa.
Ryanair
Dos 29 bancos que seguem a companhia aérea, apenas dois recomendam "vender" os títulos da empresa, enquanto seis têm recomendações de "manter".
Espanha
Sector financeiro é o mais atractivo
Ebro Foods
A espanhola Ebro é a empresa cotada no índice principal do país com o melhor "rating" dos analistas. A empresa recebe 17 recomendações de "comprar".
Obrascon Huarte
Das 17 casas de investimento que seguem a construtora, apenas uma não recomenda a compra dos títulos da cotada.
Iberdrola Renovables
A esmagadora maioria dos analistas aconselha a compra dos títulos da empresa de energias renováveis.
Grécia
Ainda é um tiro no escuro
Metka
A fabricante de equipamentos é uma das empresas na bolsa grega com melhor avaliação. Em 11 analistas, só um não recomenda a compra dos títulos.
Ellaktor
A construtora grega recolhe oito recomendações de "comprar" por parte dos analistas, contra apenas uma de "manter".
Mytilineos
A companhia, que produz alumínio e metais base, conta com um dos melhores "ratings" dos analistas. Em sete casas de investimento, apenas uma recomenda "manter".
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