Ouro e prata tocam em novos máximos à boleia da guerra comercial
O novo capítulo nas relações comerciais entre a China e os EUA está a dar alento aos ativos de refúgio, com o ouro e a prata a conquistarem recordes sucessivos. Depois de Pequim ter anunciado novas restrições à exportação de terras raras, as tensões voltaram a escalar entre as duas maiores economias do mundo e Washington decidiu responder com a ameaça de imposição de tarifas adicionais de 100% à importação de produtos chineses - uma decisão que afastou os investidores do risco e levou-os a procurar segurança noutros ativos.
O ouro, impulsionado ainda pela perspetiva de novos cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal (Fed) norte-americana, ultrapassou pela primeira vez na história os 4.000 dólares por onça na semana passada e continua a somar máximos históricos. Esta madrugada, o metal precioso chegou a acelerar 1,5% e a tocar nos 4.078,24 dólares. Também a prata está a negociar em máximos, tendo chegado a saltar 2,7% para 51,70 dólares por onça esta manhã, impulsionada por fatores similares ao ouro - além de uma escassez de oferta no mercado.
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Apesar de as tensões comerciais estarem de novo a fervilhar, relembrando a hecatombe nos mercados registada em abril após o infame Dia da Libertação, as duas partes parecem mais dispostos a negociar do que antes. Para já, a China decidiu não responder com um aumento das tarifas aos produtos importados dos EUA e demonstrou mesmo alguma disponibilidade para dialogar - uma abertura elogiada por Donald Trump, Presidente norte-americano, na sua rede social Truth Social.
"O altamente respeitado presidente Xi [Jinping] acabou de passar por um momento difícil. Ele não quer uma depressão para o seu país, e eu também não. Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la", exclamou o líder dos EUA.
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A limitar os ganhos do ouro e da prata, que poderiam ser ainda mais expressivos, está o recuo das tensões geopolíticas no Médio Oriente. Depois de mais de dois anos de combates intensos na Faixa de Gaza, com várias organizações internacionais a acusarem Israel de estar a praticar um genocídio contra a população palestiniana, o grupo terrorista Hamas e o Governo liderado por Benjamin Netanyahu conseguiram chegar finalmente a um acordo, mediado pelos EUA.
O acordo prevê a libertação de cerca de 2000 prisioneiros palestinianos pelos israelitas em troca dos reféns (e restos mortais) detidos em Gaza esta segunda-feira. O mesmo baseia-se num plano de três fases anunciado no final de setembro por Donald Trump e que previa, entre outras cedências, o desarmamento do Hamas - uma exigência que o grupo de resistência palestiniana já rejeitou.
"É interessante porque os mais recentes desenvolvimentos no Médio Oriente estavam a ser um fator menos favorável para o mercado do ouro, mas agora temos este ressurgimento de riscos devido às tensões comerciais inflamadas entre os EUA e a China", explica Kyle Rodda, analista da Capital.com, à Reuters.
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