Ouro supera recorde de 1980 em preço ajustado à inflação

O metal precioso tem vindo a beneficiar dos receios em torno do crescimento económico dos EUA e da expectativa de um corte dos juros diretores por parte da Reserva Federal norte-americana.
O metal amarelo caminha a passos largos para o patamar dos 3.700 dólares.
AP
Carla Pedro 17:43

O ouro continua a ganhar terreno, à conta do seu estatuto de valor-refúgio, e a marcar sucessivos novos máximos históricos. Só este ano, o metal amarelo já fixou 30 recordes e o último foi na sessão de terça-feira, 9 de setembro, quando disparou para 3.674,27 dólares por onça. E hoje atingiu outro marco, ao superar o recorde ajustado à inflação estabelecido em 1980.

O ouro eclipsou assim o seu pico ajustado à inflação, estabelecido há mais de 45 anos – a 21 de janeiro de 1980, quando a cotação atingiu um máximo de 850 dólares por onça. Se tivermos em conta as décadas de aumentos dos preços no consumidor, esse valor equivale a 3.590 dólares atuais – embora haja múltiplos métodos de fazer os ajustes à inflação, aponta a Bloomberg.

PUB

O preço do metal precioso mais do que duplicou nos últimos três anos, impulsionado sobretudo pelos crescentes riscos nas esferas da geopolítica, negócios e comércio global, já que é mais procurado pelos investidores em busca de segurança.

Só desde o início do mês, o ouro já acumula uma valorização de cerca de 5%, a beneficiar da crescente ansiedade em torno da trajetória económica dos Estados Unidos.

Além disso, o metal amarelo tem vindo a intensificar os ganhos desde que o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, sinalizou em Jackson Hole que estão criadas as condições para um “ajuste” nas taxas de juro, com o mercado à espera que o primeiro corte deste ano seja anunciado já no próximo dia 17.

PUB

A perspetiva de alívio da política monetária nos Estados Unidos teve como efeito uma depreciação do dólar e uma diminuição dos juros das obrigações soberanas – o que reforçou especialmente o ouro, que não rende juros e que, por isso, tende a brilhar mais quando as “yields” estão mais baixas.

A Fed, recorde-se, iniciou um ciclo de descida dos juros em setembro de 2024, tendo procedido a três cortes até ao final do ano, num total de 100 pontos-base. Em 2025, o banco central dos Estados Unidos ainda não tocou na taxa dos fundos federais, mas cresce a expectativa de que o fará já na reunião deste mês.

Saber mais sobre...
Saber mais Preços Metal Inflação Juros Estados Unidos Jerome Powell
Pub
Pub
Pub