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Ouro, prata e cobre batem recordes. Tensões geopolíticas e corte de juros dão força aos metais

Os analistas dizem ainda que os metais preciosos se têm afastado da correlação que normalmente mantêm com outros ativos, como as moedas. Agora, "movem-se livremente".

Barras de ouro.
Barras de ouro. Matthias Schrader / AP
12:25

O Natal chegou mais cedo no mercado dos metais preciosos. A escalada de tensões geopolíticas, sobretudo entre os EUA e a Venezuela, bem como a crescente aposta de que a Reserva Federal (Fed) dos EUA vai cortar as taxas de juro no início do próximo ano aumentam o apelo por estes ativos, considerados um porto-seguro e que não rendem juros.

Esta segunda-feira, o ouro, a prata e o cobre atingiram novos máximos históricos: o metal amarelo tocou nos 4.420,30 dólares por onça após valorizar 1,88%; o metal branco somou 3,42% para 69,4549 dólares por onça. Os dois caminham de forma firme para o seu melhor desempenho em mais de quatro décadas (desde 1979). Já o metal vermelho tocou nos 5,523 dólares por libra-peso no Comex, mercado nova-iorquino de futuros e opções para a negociação de metais. 

Também a platina estende a onda de subidas pela oitava sessão consecutiva, ao somar 4,85% para 2.070,25 dólares por onça, o valor mais alto em 17 anos, e o paládio pulou 2,8%, para 1.760,86 dólares por onça, máximos de quase três anos.

As valorizações acontecem numa altura em que a política monetária nos EUA está a centrar as atenções dos investidores. Até agora, cimentam as apostas dos investidores de que o banco central, liderado por Jerome Powell, procederá a dois cortes de juros em 2026 - e o primeiro pode chegar já na reunião de janeiro. Além de alguns governadores da Fed apontarem para este cenário -  como é o caso de Stephen Miran -, o próprio presidente dos EUA, Donald Trump, também tem pressionado para esta decisão.

4.420dólares
Novo máximo histórico da negociação do ouro "spot"

A par da política monetária, as tensões geopolíticas também contribuem para esta aposta quase certa dos investidores. Os EUA intensificaram o bloqueio contra a Venezuela,  numa tentativa de pressionar o Governo de Nicolás Maduro ao afetar a maior fonte de rendimento do país sul-americano. E pela primeira vez, a Ucrânia conseguiu atingir um petroleiro russo no Mar Mediterrâneo. 

Além disso, o dólar está a cair face às restantes divisas, o que também alimenta o "rally" dos metais preciosos. No entanto, os analistas começam a notar uma distância na correlação entre os metais e as moedas. À Bloomberg, o analista Roberto Scholtes, do Singular Bank, afirmou que “tem sido notável como os preços dos metais preciosos se 'descorrelacionaram' de outros ativos nos últimos meses“. "No início deste ano, os preços do ouro estavam materialmente correlacionados com o dólar e com ativos de alto risco, como as ações de tecnologia e as criptomoedas. Mas essa ligação está a diminuir gradualmente e, hoje em dia, os metais estão a mover-se livremente", acrescentou.

A posição "agressiva" da Casa Branca no que toca à política comercial -, as grandes compras pelos bancos centrais e os elevados fluxos de entrada de ETF de ouro tem levado a que o metal amarelo dispare quase 70% desde o início do ano - o melhor registo desde 1979.

138%
Valorização da prata desde o início do ano

E 2026 promete: o Goldman Sachs está entre os vários bancos que preveem que os preços vão continuar a "brilhar" no próximo ano, apontando para os 4.900 dólares por onça para o ouro. O banco americano sublinhou ainda que os investidores de ETF estão a começar a competir com os bancos centrais pela oferta física do metal, que é limitada.

 impulsionada pelo défice contínuo da oferta e pelas necessidades industriais que não têm fim à vista.

"Mas, temos também o que indica um desejo dos investidores de manter a exposição a uma ampla gama de 'commodities', devido à expectativa de que a inflação possa continuar alta por mais tempo", afirmou ainda o analista da UBS, Giovanni Staunovo, à Reuters. 

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