OPEP+ aumenta oferta mas petróleo sobe. UBS mantém estimativa do Brent nos 75 dólares
Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados (OPEP+) decidiram aumentar a oferta de crude, de forma gradual, nos próximos três meses.
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A expectativa seria a de que a OPEP+ manteria o atual nível de redução da oferta em maio, mas os membros do cartel e os seus parceiros foram mais longe no tempo e decidiram também ir aumentando a produção. Uma vez que os mercados esperavam que o atual nível de retirada de crude do mercado se mantivesse, seria de esperar que reagissem em baixa à notícia. Mas não foi o que sucedeu. Porquê?
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Uma das causas terá sido porque o prolongar dos cortes confirmaria o panorama pessimista para esta matéria-prima, sublinha a Reuters.
Já o ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz Bin Salman, referiu que talvez seja porque o mercado confia nele.
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"Apesar de os intervenientes de mercado estarem à espera de uma manutenção dos atuais cortes, os preços subiram mais de 3% esta quinta-feira. Instado a comentar este facto, Bin Salman respondeu: ‘talvez o mercado confie em mim’", sublinha um relatório de análise do UBS publicado esta tarde e a que o Negócios teve acesso.
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Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, diz no relatório que, apesar desta produção adicional, o banco suíço continua a prever que o mercado petrolífero se mantenha com uma oferta inferior à procura – isto por conta dos cortes anteriores, que levaram a que os países recorressem mais aos stocks, e devido à perspetiva de uma melhoria do consumo com o avançar dos processos de vacinação.
"Antevemos que a procura por petróleo retome este trimestre, provavelmente a beneficiar de uma distribuição mais rápida das vacinas e do levantamento das restrições à mobilidade. Continuamos a estimar que a procura aumente dos atuais 94 milhões de barris por dia para cerca de 99 milhões no segundo semestre. Apesar da maior produção que virá da OPEP+, este cenário deverá manter o mercado com uma oferta inferior à procura em cerca de 1,5 milhões de barris por dia este ano, o que sustentará os preços", sublinha Staunovo.
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Por isso mesmo, o UBS continua a projetar que os preços do Brent do Mar do Norte atinjam os 75 dólares por barril no último trimestre deste ano. Esta foi a estimativa feita em meados de março que, na altura, era já uma revisão em alta face aos 60 dólares que previa em dezembro passado.
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E o UBS reitera assim a recomendação do relatório anterior. "Continuamos a aconselhar os investidores com elevada tolerância ao risco no sentido de manterem a aposta no Brent e a assumirem posições longas" neste ativo, sublinha a equipa de análise de "commodities" do banco suíço.
Recorde-se que o atual plano da OPEP+, decidido hoje, é aumentar a produção em 350.000 barris em maio e de novo em junho, passando o aumento de julho para 441.000 barris por dia.
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Também os sauditas vão reduzir gradualmente o seu esforço extra de retirar um milhão de barris por dia do mercado e que vigorou desde fevereiro e permanecerá em abril.
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Riade anunciou que acrescentará 250.000 barris em maio, 350.000 em junho e mais 400.000 em julho. Isto além da sua quota da OPEP, já que o referido milhão de barris foi um corte adicional e unilateral para ajudar a sustentar mais os preços e a encaixar o ligeiro aumento da produção da Rússia e do Casaquistão em fevereiro e março.
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