Governo aponta para nova queda dos preços do petróleo
O relatório do Governo aponta para os 65,4 dólares em 2026, valor que compara com 68,9 dólares estimados para o conjunto de 2025.
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O preço do Brent do Mar do Norte, crude de referência para as importações europeias, negociado em Londres, diminuiu para 70 dólares por barril nos oito primeiros meses de 2025, contra 83 dólares no período homólogo de 2024. E no conjunto deste ano o valor médio deve ser ainda mais baixo, aponta o Governo no relatório da proposta de Orçamento do Estado para 2026 (OE 2026), que foi entregue esta quinta-feira pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, no Parlamento.
Para esta quebra da cotação do crude, sublinha o documento, contribuiu o aumento da produção desta matéria-prima entre abril e agosto, na sequência da decisão das últimas reuniões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) em reverter um corte de produção (de 2,2 milhões de barris por dia) decidido em 2023. E tudo aponta para que assim prossiga, até porque os membros do cartel e os seus parceiros estão já a descontinuar um segundo acordo de redução da oferta (de 1,65 milhões de barris diários).
Assim, de acordo com as expectativas implícitas nos mercados de futuros, e tendo em conta os dados do CME Group, o preço do petróleo deverá continuar a desacelerar, com o relatório do Governo a apontar para os 65,4 dólares em 2026, valor que compara com 68,9 dólares estimados para o conjunto de 2025.
A hipótese quanto à evolução do preço do barril de Brent é concordante com os valores de mercado e com uma redução das pressões externas para a inflação dos preços no consumidor, refere a proposta do OE 2026.
A proposta antecipa assim “uma redução no preço do petróleo de 14% este ano e de 5% em 2026, para valores em torno dos 65 dólares por barril”. “Estes valores estão, para ambos os anos, em linha com a média dos futuros de mercado transacionados nos dez dias que antecederam a preparação deste parecer”, acrescenta.
Aumento dos preços reduziria PIB em 0,1 pontos percentuais
O relatório apresenta ainda, na análise de sensibilidade macroeconómica e orçamental, a avaliação do impacto de determinados riscos, de natureza externa e interna, sobre os principais agregados macroeconómicos e de finanças públicas.
Entre os quatro choques estilizados, um diz respeito ao petróleo, com a hipótese de um aumento de 20% dos preços (em dólares) em 2026.
“Um aumento de 20% do preço do petróleo, em 2026, face ao projetado no cenário base, resultaria numa redução de 0,1 p.p. no crescimento do PIB em 2026, em virtude de um menor crescimento do consumo (devido à queda do rendimento disponível) e do investimento (em resultado do aumento dos custos de produção), parcialmente mitigado pela redução no crescimento das importações”, diz o documento.
Ainda neste cenário, o deflator do consumo privado aumentaria em 0,3 p.p. Se tivermos em consideração o peso dos bens energéticos derivados do petróleo nas importações, “este choque originaria uma deterioração da balança comercial e, consequentemente, da capacidade de financiamento da economia face ao exterior em cerca de 0,2 p.p. do PIB”.
Já a taxa de desemprego manter-se-ia sensivelmente inalterada. “Nos principais agregados de finanças públicas, este choque teria um impacto residual”, aponta ainda o relatório.
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