Contas trimestrais deixam Wall Street sem rumo. Tesla derrapa 5%
Europa negoceia com maioria de ganhos. Petrolíferas impulsionam índices
Juros das dívidas soberanas europeias registam agravamentos
Dólar brilha e ganha face a moedas europeias e iene
Ouro regressa às subidas com geopolítica em foco
Crude ganha mais de 3% com novas sanções norte-americanas a petrolíferas russas
Ásia com maioria de perdas. Investidores nervosos com "earnings season" e guerra comercial
Contas trimestrais deixam Wall Street sem rumo. Tesla derrapa 5%
As bolsas norte-americanas arrancaram a sessão divididas entre ganhos e perdas, numa altura em que os resultados trimestrais das grandes empresas do país não estão a conseguir animar o sentimento do mercado, que está ainda pressionado pelas novas tensões comerciais.
A Administração do presidente dos EUA, Donald Trump, impôs um novo pacote de sanções aos maiores produtores de petróleo da Rússia, o que está a fazer com que as cotações de crude saltem mais de 5% nos mercados internacionais esta quinta-feira. A União Europeia também adotou novas sanções contra as infraestruturas energéticas russas.
Além disso, a administração Trump afirmou que está a considerar restrições às exportações de software para a China, arriscando outra escalada na guerra comercial.
Entretanto, os "traders" estão a depositar as suas apostas noutro corte das taxas de juro da Reserva Federal no final deste mês, mesmo enquanto aguardam os dados da inflação de setembro, que estão atrasados, mas que a Casa Branca afirma que serão divulgados esta sexta-feira.
Neste contexto, o S&P 500 sobe 0,13% 6.707,91 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite soma 0,02% para 22.744,68 pontos e o industrial Dow Jones está inalterado nos 46.589,73.
As contas da Tesla e da IBM também não impressionaram o mercado e estão a pressionar os três principais índices norte-americanos. Depois do fecho desta quarta-feira de Wall Street, a fabricante de veículos elétricos reportou um recuo de 29% nos lucros para 1,77 mil milhões de dólares, apesar de as vendas terem atingido recordes. As ações da empresa fundada por Elon Musk cedem na abertura 5,53%.
Os resultados da Tesla deram início à época de lucros das "Sete Magníficas", o grupo de peso, que detém quase 35% do S&P 500.
Já a IBM perde 6% depois de ter mostrado uma desaceleração no crescimento do seu principal segmento de software na "cloud". A Molina Healthcare afunda mais de 21% depois de também não ter conseguido superar as estimativas dos analistas nas contas do terceiro trimestre, enquanto a American Airlines ganha 2,65% após divulgar um prejuízo menor do que o esperado.
Europa negoceia com maioria de ganhos. Petrolíferas impulsionam índices
Os principais índices europeus negoceiam com uma maioria de ganhos, à medida que os investidores seguem de perto a “earnings season” das cotadas do Velho Continente. As empresas energéticas estão a impulsionar a subida dos índices, depois de os EUA terem imposto sanções a duas das maiores petrolíferas russas.
O índice Stoxx 600 – de referência para a Europa – ganha 0,13%, para os 573,06 pontos.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX cai 0,39%, o espanhol IBEX 35 recua 0,17%, o italiano FTSEMIB valoriza 0,37%, o francês CAC-40 avança 0,29%, o britânico FTSE 100 ganha 0,34% e o neerlandês AEX soma 0,72%.
Entre as cotadas que divulgaram contas, a Nokia sobe quase 9% a esta hora, com a inteligência artificial e a procura por serviços "cloud" a impulsionar os resultados da tecnológica no terceiro trimestre. Já a fabricante de automóveis Volvo dispara mais de 30%, após a empresa sueca ter apresentado lucros acima do esperado no terceiro trimestre, numa altura em que a cotada prossegue com o seu programa de redução de custos. Já a SAP, a empresa de software mais valiosa da Europa, cede mais de 2,50%, no seguimento de ter avançado o seu “guidance” para 2025.
Nesta linha, as empresas europeias têm apresentado resultados mistos após um forte início da época de divulgação de resultados, impulsionado por empresas de luxo como a LVMH e a Kering. À Bloomberg, Daniel Murray, vice-diretor de investimentos da EFG Asset Management, refere que as ações europeias se devem manter razoavelmente bem até o final do ano. “Há uma diferença de avaliação em relação aos EUA, há uma narrativa positiva em torno do estímulo fiscal alemão e há o fator sazonal”, referiu o especialista.
Entre os setores, o dos recursos naturais (+1,14%) regista os maiores ganhos, seguido das telecom (+0,74%). Já o setor tecnológico recua quase 1%, com as “utilities” (-0,25%) a pressionarem igualmente a negociação.
Quanto aos movimentos do mercado, empresas do setor energético, como a BP (+3,04%), a TotalEnergies (+2,06%), a Shell (+2,44%), a Equinor (+3,27%)e a Galp (+3,07%), acompanham a forte valorização dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Isto depois de os EUA terem imposto sanções a duas gigantes estatais russas, a Rosneft e a Lukoil, alegando a falta de compromisso de Moscovo com a paz na Ucrânia.
Juros das dívidas soberanas europeias registam agravamentos
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro negoceiam com agravamentos em toda a linha, num dia em que os investidores parecem estar a virar as suas apostas para os ativos de risco, com quase todos os principais índices europeus a negociar no verde.
Os juros da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, agravam-se em 2 pontos-base, para 2,956%. Em Espanha a "yield" da dívida com a mesma maturidade sobe igualmente 2 pontos, para 3,110%.
Já os juros da dívida soberana italiana avançam 1,9 pontos, para 3,366%.
Por sua vez, a rendibilidade da dívida francesa segue a mesma tendência e soma 2,2 pontos-base, para 3,375%, numa altura em que os juros das "bunds" alemãs, referência para a região, agravam-se em 1,8 pontos, para os 2,579%.
Fora da Zona Euro, os juros das "gilts" britânicas, também a dez anos, sobem 1,6 pontos-base, para 4,432%.
Dólar brilha e ganha face a moedas europeias e iene
O dólar está a mostrar-se forte e a ganhar as restantes moedas mundiais, nomeadamente o euro, libra e o iene. Neste momento, os investidores estão a assimilar as ameaças comerciais trocadas entre os EUA e a China.
A esta hora, o índice do dólar da Bloomberg, que mede a força da nota verde face aos principais concorrentes, avança 0,16% para 99,054 pontos, ainda que registe uma perda de 4,8% desde o início do ano.
O iene está a registar valores mínimos de negociações de uma semana face ao dólar, num momento em que o mercado aguardava o pacote de estímulos da primeira-ministra Sanae Takaichi. Neste momento, o dólar ganha 0,32% para 152,47 ienes.
Por esta hora, o euro está a perder terreno face à moeda dos Estados Unidos, registando uma quebra de 0,13% para 1,1596 dólares. O mesmo acontece com a moeda britânica, que está a perder 0,05% para 1,3349 dólares.
Ouro regressa às subidas com geopolítica em foco
O ouro inverteu o sentido de negociação e regressou a terreno positivo, ainda que com uma subida ligeira, afastado-se das perdas registadas nos últimos dias.
A esta hora, o ouro avança 0,41% para 4.115,38 dólares por onça, assente em possíveis sanções dos Estados Unidos contra a Rússia e novos controlos de exportações para a China. A situação geopolítica difícil está a fazer com que os preços do metal amarelo continuem a crescer, após a regressão de 7% nas duas últimas sessões.
"Neste momento, e a longo prazo, ainda estamos otimistas em relação ao ouro, mas, a curto prazo, os investidores precisam de ser cautelosos porque a volatilidade é grande", disse o analista Brian Lan da GoldSilver, à Reuters.
"Continuamos a ver o ouro como um diversificador de portfólio eficaz, com ganhos adicionais em direção ao nosso cenário positivo de 4.700 dólares por onça, ainda possíveis caso surjam desenvolvimentos macroeconómicos e políticos adversos", explicou Mark Haefele, diretor de investimentos do UBS, numa nota.
Os Estados Unidos e a China voltaram à mesa de negociações para abordar as terras raras, mas tudo indica que não existe forma de prever o desfecho de mais umas negociações, com Pequim a querer manter-se firme. De recordar que a China anunciou que irá, a partir de novembro, impor controlos de exportações de materiais críticos para as indústrias tecnológica, energética e militar, o que irritou Donald Trump e o levou a responder com uma ameaça de aumento das tarifas.
Os investidores aguardam também a divulgação dos dados da inflação com expectativa, que deve acontecer esta sexta-feira. Com as perspetivas de que a inflação base se manteve nos 3,1% em setembro, a expectativa é que a Reserva Federal volte a cortar as taxas de juro na próxima semana, o que significará mais uma valorização do ouro.
O metal amarelo já subiu perto de 57% desde janeiro, atingindo o seu máximo histórico de 4.381,21 dólares por onça na segunda-feira.
Crude ganha mais de 3% com novas sanções norte-americanas a petrolíferas russas
Os preços do petróleo seguem a negociar em alta esta manhã, ampliando os ganhos da sessão anterior, depois de os EUA terem anunciado a imposição de sanções a dois dos principais fornecedores de crude russo, a Rosneft e a Lukoil, numa tentativa de pressionar Putin a sentar-se à mesa das negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia.
O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – avança 3,28% para os 60,42 dólares por barril, ainda que esteja a reduzir alguns dos ganhos registados anteriormente. Já o Brent – de referência para o continente europeu – segue a valorizar 3,16% para os 64,57 dólares por barril.
A decisão da Administração dos EUA chega já depois de, na semana passada, o Reino Unido ter já avançado com sanções às mesmas petrolíferas russas. Separadamente, os países da União Europeia aprovaram um 19.º pacote de sanções contra a Rússia, que inclui a proibição das importações de gás natural liquefeito russo.
“As novas sanções do presidente Trump contra as maiores petrolíferas russas visam diretamente sufocar as receitas de guerra do Kremlin — uma medida que pode restringir os fluxos físicos de barris russos e forçar os compradores a redirecionar os volumes para o mercado aberto”, disse à Reuters Priyanka Sachdeva, da Phillip Nova.
E isto à medida que a Administração Trump pressiona a Índia para deixar de importar “ouro negro” da Rússia.
“Se Nova Deli reduzir as compras sob pressão dos EUA, poderemos ver a procura asiática a voltar-se para o petróleo bruto dos EUA, elevando os preços no Atlântico”, acrescentou Sachdeva.
E as refinarias indianas estarão já preparadas para reduzir drasticamente as importações de petróleo russo após as novas sanções, confirmaram fontes do setor à agência de notícias.
“As novas sanções estão certamente a aumentar a tensão entre os EUA e a Rússia, mas vejo o aumento do preço do petróleo mais como uma reação instintiva dos mercados do que como uma mudança estrutural”, afirmou Claudio Galimberti, da Rystad Energy.
“Até agora, quase todas as sanções contra a Rússia nos últimos três anos e meio falharam em afetar os volumes produzidos pelo país ou as receitas do petróleo”, acrescentou Galimberti.
Ásia com maioria de perdas. Investidores nervosos com "earnings season" e guerra comercial
Depois de terem atingido novos máximos históricos durante grande parte da semana, a maioria dos principais índices asiáticos fecharam no vermelho, à medida que os investidores mostram alguns sinais de preocupação com os resultados trimestrais das empresas, bem como no que toca à relação comercial entre Washington e Pequim. Por cá, os futuros europeus seguem a negociar sem grandes alterações.
Entre os principais índices da região, todos terminaram a sessão em máximos de fecho. Pelo Japão, o Nikkei caiu 1,41% e o Topix perdeu 0,44%. Já o sul-coreano Kospi recuou 0,79%. Na China, o Hang Seng de Hong Kong valorizou 0,88% e o Shanghai Composite subiu 0,12%.
O índice regional MSCI Ásia-Pacífico, que tinha acompanhado a valorização do ouro na segunda-feira ao atingir um novo máximo histórico, recuou hoje cerca de 0,50%, refletindo as quedas registadas na maioria dos grandes mercados asiáticos, com os investidores da região a “ecoar” o tom de nervosismo que dominou a sessão de ontem em Wall Street.
O nervosismo dos investidores prende-se com uma mistura de receios macroeconómicos gerais e preocupações com os lucros das cotadas, sendo que no plano comercial, a Administração Trump disse que está a considerar restrições às exportações de software para a China, arriscando uma nova escalada das tensões comerciais entre os dois blocos.
Nesta linha, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, deve reunir-se com os seus homólogos chineses no fim de semana, antes das conversas entre Trump e Xi Jinping.
Os mercados estão nervosos com a tensão entre os EUA e a China e, «embora provavelmente seja apenas mais uma situação TACO [‘Trump always chickens out’], e mesmo que todos saibam que é assim que as coisas funcionam, ainda há pessoas que precisam reagir até que as coisas acalmem”, disse à Bloomberg Ryuta Otsuka, da Toyo Securities. No Japão, a recém-nomeada primeira-ministra Sanae Takaichi ordenou uma nova leva de medidas económicas para apoiar as famílias.
Entre os movimentos do mercado, as ações da Pop Mart International Group — que mais do que duplicaram este ano — caíram mais de 8%, com os investidores a mostrarem preocupações com as perspetivas de vendas a longo prazo da fabricante dos Labubus. Além disso, ações asiáticas do setor energético, incluindo a PetroChina (+2,81%) e a Guanghui Energy (+1,13%), acompanham a subida dos preços do “ouro negro”, depois de a Administração norte-americana ter anunciado a imposição de sanções a dois dos maiores fabricantes de crude russos, numa tentativa de levar Putin a sentar-se à mesa das negociações para pôr fim à guerra na Ucrânia.
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