Europa fecha com perdas. Incerteza política em França e renováveis pressionaram negociação
Petróleo avança com receios sobre oferta russa
Incerteza política "paira" novamente sobre França. Juros disparam para máximos de abril
Dólar recupera depois de forte desvalorização provocada por Powell
Ouro recua ligeiramente com investidores atentos a política monetária da Fed
Wall Street recua com euforia em torno de possível corte de juros a desvanecer
Taxa Euribor sobe a três, a seis e a 12 meses
Energéticas atiram Europa para o vermelho. JDE Peet’s dispara 17% após proposta de aquisição
Apetite pelo risco leva à subida dos juros na Zona Euro
Dólar com dificuldades em recuperar do tombo provocado por Powell
Ouro recua após atingir máximos de duas semanas
Petróleo avança com cautela após semana de ganhos avultados
Powell ainda dá força à Ásia mas otimismo na Europa já desvaneceu
Europa fecha com perdas. Incerteza política em França e renováveis pressionaram negociação
Os principais índices europeus fecharam a primeira sessão da semana no vermelho, com as empresas de energias renováveis a pressionar a negociação após uma decisão da Administração norte-americana, mas também com a incerteza política em França a deixar o sentimento dos investidores frágil.
O índice Stoxx 600 - de referência para a Europa – perdeu 0,44% para os 558,82 pontos.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX caiu 0,37%, o espanhol IBEX 35 cedeu 0,85%, o italiano FTSEMIB desvalorizou 0,19%, o francês CAC-40 perdeu 1,59% e o holandês AEX recuou 0,20%. Já o britânico FTSE 100 esteve encerrado para negociação devido a um feriado nacional no Reino Unido
Após o Governo dos EUA ter determinado, na passada sexta-feira, a interrupção da construção de um projeto da Orsted no país, as ações da empresa – que chegaram a cair para o nível mais baixo de sempre - fecharam o dia a recuar mais de 16%. Donald Trump ordenou a paragem das obras do parque eólico "offshore" da empresa, apesar de estar 80% construído, com 45 das 65 turbinas instaladas.
O fator alimenta a incerteza que as empresas de energias renováveis têm enfrentado com projetos na maior economia mundial. As perdas da Orsted parecem ter pressionado outras empresas do setor que atuam nos EUA, como por exemplo a Vespas Wind Systems (-3,52%), ou a portuguesa EDP Renováveis (-3,08%).
Ainda a influenciar a sessão negativa no Velho Continente esteve a decisão de François Bayrou, pimeiro-ministro de França, de solicitar um voto de confiança ao Parlamento do país já no dia 8 de setembro. O índice de referência gaulês - o CAC-40 - sofreu mesmo a perda mais expressiva entre os seus pares europeus. Nesta linha, empresas de relevo francesas como o BNP Paribas (-3,54%), a seguradora Axa (-3,83%) e a energética Engie (-2,37%) sofreram desvalorizações.
Entre os setores, o da construção (-2,26%), dos químicos (-1,04%) e das “utilities” (-1,04%), registaram as maiores perdas. Por outro lado, o dos media (+0,50%) teve a maior subida, seguido dos recursos naturais (+0,04%).
Quanto aos movimentos do mercado, a americana Keurig Dr. Pepper concordou em comprar a holandesa JDE Peet’s por cerca de 15,7 mil milhões de euros para reforçar o seu negócio do café. As ações da empresa europeia dispararam mais de 17%. Além disso, também a Puma teve um dia estelar em bolsa, ao valorizar mais de 15%, depois de se saber que a família Pinault – que detém 29% do capital da empresa alemã - estará a avaliar uma possível venda da sua posição.
Petróleo avança com receios sobre oferta russa
Os preços do petróleo registam fortes ganhos esta segunda-feira, impulsionados por receios de interrupções no fornecimento russo devido a novos ataques ucranianos contra infraestruturas energéticas e à possibilidade de mais sanções por parte dos Estados Unidos.
A esta hora, o WTI valoriza 2,12% para 65,01 dólares por barril, enquanto o barril de Brent avança 1,85% para 68,98 dólares.
Segundo a Reuters, os investidores continuam a pesar os riscos geopolíticos, nomeadamente após um ataque com drones ao terminal de exportação de combustíveis de Ust-Luga e um incêndio que já lavra há quatro dias na refinaria de Novoshakhtinsk, também na Rússia. Ambos os incidentes foram atribuídos a ofensivas ucranianas.
“A perceção é de que as negociações de paz estão num impasse”, afirmou Ole Hansen, chefe de estratégia de “commodities” do Saxo Bank, acrescentando que, embora o mercado espere que a oferta supere a procura nos próximos meses, esse cenário está a ser posto em causa por potenciais disrupções geopolíticas.
Por outro lado, a reversão dos cortes de produção por parte da OPEP+ ajuda a suavizar os receios de falta de oferta, com um novo aumento a ser discutido na reunião marcada para 7 de setembro.
O apetite pelo risco também melhorou depois de Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, ter sinalizado na sexta-feira a possibilidade de um corte de juros já em setembro, ainda que analistas alertem que o impacto de tarifas adicionais dos EUA sobre a economia global pode limitar o ímpeto dos preços do petróleo.
Incerteza política "paira" novamente sobre França. Bayrou pede voto de confiança e juros disparam para máximos de abril
François Bayrou, primeiro-ministro de França, disse esta segunda-feira, 25 de agosto, que iria pedir um voto de confiança já no próximo dia 8 de setembro, numa tentativa de forçar os partidos políticos a tomarem uma posição sobre as propostas orçamentais já apresentadas pelo Governo que lidera, numa altura em que as medidas conhecidas já levaram a uma forte contestação política e social.
O primeiro-ministro gaulês referiu numa conferência de imprensa em Paris que o presidente francês, Emmanuel Macron, concordou em convocar o Parlamento para uma sessão antecipada, a fim de permitir que o Executivo apresentasse o seu plano orçamental e realizasse a moção de confiança a que Bayrou agora se irá sujeitar.
Incerteza política tem sido uma "palavra de ordem" no país. Já o Governo Michelle Barnier - que antecedeu o de Bayrou - colapsou após um processo atribulado provocado pela proposta de Orçamento do Estado para 2025.
E o atual primeiro-ministro assume que a opção acarreta riscos, mas acredita ser necessária: "sim, é um risco, mas o risco maior é não fazer nada", disse. E acrescentou: "não há como sair desta situação se não formos corajosos".
Bayrou enfrenta uma resistência contra cortes de gastos e aumentos de impostos no valor de 44 mil milhões de euros, que ele considera vitais para evitar um desastre nas finanças públicas do país. Entre as medidas, inclui-se a abolição de dois feriados públicos franceses.
Em reação às notícias, os juros das dívidas soberanas do Velho Continente registaram fortes agravamentos. A rendibilidade da dívida francesa cresceu 8,9 pontos-base para 3,507%, o valor mais alto desde abril deste ano e também os juros das "bunds" alemãs, referência para a região, avançaram para o nível mais alto desde abril, tendo subido 3,6 pontos para 2,755%.
O prémio de risco da dívida francesa em relação à alemã aumentou assim cinco pontos base, fechando em 75 pontos base, o maior valor desde abril e acima dos 65 pontos base registados no final de julho.
Além disso, os juros da dívida portuguesa, com maturidade a dez anos, agravaram-se em 6,9 pontos-base, para 3,194%. Em Espanha a "yield" da dívida com o mesmo vencimento subiu 7 pontos, para 3,368%. A rendibilidade da dívida italiana subiu igualmente sete pontos, para os 3,593%.
Dólar recupera depois de forte desvalorização provocada por Powell
O dólar segue a registar ganhos modestos em relação às suas principais concorrentes esta segunda-feira, à medida que a “nota verde” parece estabilizar após uma queda acentuada na semana passada, que se seguiu às declarações do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, que aumentaram as expectativas de um corte nas taxas de juro no próximo mês.
O índice do dólar – que mede a força da divisa norte-americana face às principais rivais – avança a esta hora 0,41% para os 98,120 pontos.
Barclays, BNP Paribas e Deutsche Bank, entre outros, esperam agora um corte de 25 pontos base na taxa de referência da Fed em setembro. Nesta linha, os investidores apontam para uma probabilidade de 86% de o banco central dos EUA vir a cortar juros já no próximo mês, acima dos cerca de 70% antes do discurso de Powell na sexta-feira, de acordo com a ferramenta FedWatch.
A esta hora a “nota verde” valoriza 0,46% para os 147,610 ienes.
Por cá, a moeda única desvaloriza 0,44% para os 1,167 dólares. Já a libra perde 0,28% para os 1,1349 dólares.
Ouro recua ligeiramente com investidores atentos a política monetária da Fed
O preço do ouro desce ligeiramente esta segunda-feira, depois de ter tocado máximos de quase duas semanas na sessão anterior, com os investidores a realizarem lucros e a aguardarem novos sinais sobre o rumo da política monetária da Reserva Federal.
A esta hora, o ouro desce 0,01% para 3.371,75 dólares por onça, depois de ter atingido na sexta-feira o valor mais elevado desde 11 de agosto. A pressão veio sobretudo da valorização do dólar, que encarece o metal precioso para investidores estrangeiros.
“As declarações de Powell na sexta-feira ainda estão a ser absorvidas pelo mercado, que aproveita também para realizar algumas mais-valias enquanto aguarda novos dados que possam dar uma melhor indicação sobre a probabilidade de um corte de juros já em setembro”, afirmou Peter Grant, vice-presidente e estratega sénior de metais na Zaner Metals, citado pela Reuters.
Jerome Powell, presidente da Fed, admitiu na sexta-feira que os riscos para o mercado laboral estão a aumentar, mas sublinhou que a inflação continua a ser uma preocupação, deixando em aberto a decisão sobre a reunião de setembro. Segundo o CME FedWatch Tool, os mercados atribuem já mais de 83% de probabilidade a uma descida de 25 pontos-base na próxima reunião.
Nos restantes metais preciosos, a prata perde 0,64% para 39,30 dólares, após ter atingido na sexta-feira o nível mais alto em quase um mês. A platina recua 0,42% para 1.355,05 dólares.
Wall Street recua com euforia em torno de possível corte de juros a desvanecer
Os principais índices norte-americanos negoceiam no vermelho, à medida que parte da euforia em torno das expectativas de cortes nas taxas de juros pela Reserva Federal (Fed) em setembro, fator que tem alimentado recentes ganhos em Wall Street, diminuiu. Nesta altura, as preocupações sobre as tarifas e o seu impacto na inflação e nos resultados das empresas parecem estar de novo no centro das atenções.
O S&P 500 desvaloriza 0,26% para os 6.454,56, o tecnológico Nasdaq Composite perde 0,32% para os 21.427,78 e o Dow Jones recua 0,15% para 45.561,24 pontos.
Depois de o S&P 500 ter registado a maior subida desde maio na passada sexta-feira, na sequência da postura “dovish” do presidente da Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, o índice de referência segue a negociar sob pressão na primeira sessão da semana.
Os comentários de Powell no final da semana passada abriram a porta a um corte das taxas de juro na reunião da Fed de 16 e 17 de setembro, mas também dão maior peso aos relatórios de emprego e inflação que serão recebidos antes do encontro. O próximo relatório mensal de emprego será divulgado a 5 de setembro e os dados sobre os preços no consumidor e no produtor na semana seguinte.
“O caminho [que temos pela frente] não é tão simples”, disse à Bloomberg Daniel Murray, diretor executivo da EFG Asset Management. “Embora uma política monetária mais flexível seja geralmente bem-vinda pelos mercados, o contexto também é importante e continua a existir uma incerteza significativa em relação aos ambientes macroeconómico e empresarial”, acrescentou o especialista.
Os investidores apontam agora para uma probabilidade de 84% de o decisor da política monetária vir a flexibilizar os juros diretores no próximo mês.
Esta semana os "traders" irão enfrentar “testes” importantes, incluindo os resultados da Nvidia na quarta-feira e a divulgação do indicador de inflação preferido da Fed na sexta-feira - o índice de preços das despesas pessoais de consumo (PCE).
Nesta linha, os “traders” esperam que os resultados da Nvidia possam acalmar os crescentes receios em relação aos gastos com inteligência artificial (IA) e confirmar efetivamente que a recente recuperação do mercado não se trata apenas de uma “bolha tecnológica”. O tamanho da Nvidia — que tem o maior peso entre as cotadas do S&P 500 — e a posição que ocupa no centro do desenvolvimento da IA tornaram a empresa num indicador da saúde do mercado em geral.
Entre os movimentos, a Intel soma quase 2%, depois de o Governo norte-americano ter concordado, já na semana passada, em adquirir uma participação de 10% na fabricante de chips. Já a Keurig Dr Pepper segue a ceder mais de 8% depois de ter concordado em comprar a empresa neerlandesa de café JDE Peet's por 18 mil milhões de dólares (cerca de 15.356 milhões de euros ao câmbio atual).
Taxa Euribor sobe a três, a seis e a 12 meses
A taxa Euribor subiu esta segunda-feira a três, a seis meses e a 12 meses em relação a sexta-feira, mantendo-se acima de 2% nos três prazos.
Com as alterações desta segunda-feira, a taxa a três meses, que avançou para 2,021%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,070%) e a 12 meses (2,113%).
A taxa Euribor a seis meses, que em janeiro do ano passado passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu 0,013 pontos, para 2,070%, contra 2,057% na sexta-feira, após quatro quedas consecutivas.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a junho indicam que a Euribor a seis meses representava 37,74% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,28% e 25,58%, respetivamente.
A taxa a três meses também subiu, 0,004 pontos, para 2,021%, após ter recuado nas duas sessões anteriores.
Já a Euribor a 12 meses foi a que mais aumentou, 0,029%, para 2,113%, depois de ter mantido inalterada nos três dias anteriores.
Na última reunião de política monetária, em 24 de julho, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas diretoras, como antecipado pelos mercados e depois de oito reduções das mesmas desde que a entidade iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024.
Enquanto alguns analistas antecipam a manutenção das taxas diretoras pelo menos até ao final deste ano, outros preveem um novo corte, de 25 pontos base, em setembro.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 10 e 11 de setembro em Frankfurt.
Em julho, as médias mensais da Euribor inverteram a tendência dos últimos meses e subiram ligeiramente nos dois prazos mais curtos, mas de forma mais acentuada a seis meses.
A média da Euribor em julho subiu 0,002 pontos para 1,986% a três meses e 0,005 pontos para 2,055% a seis meses.
Já a 12 meses, depois de se ter mantido em junho, a média da Euribor desceu ligeiramente em julho, designadamente 0,002 pontos para 2,079%.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Energéticas atiram Europa para o vermelho. JDE Peet’s dispara 17% após proposta de aquisição
As principais praças europeias arrancaram a primeira sessão da semana, maioritariamente, em território negativo, num movimento de correção em relação aos ganhos de sexta-feira – data em que o "benchmark" para a negociação da região aproximou-se dos máximos históricos atingidos em março deste ano. Os índices do Velho Continente estão ainda a ser pressionados pela decisão da administração Trump de travar a construção de um grande projeto de parque eólico offshore na costa nordeste americana, apesar de este já estar 80% concluído.
A esta hora, o Stoxx 600 recua 0,20% para 560,16 pontos, depois de se ter aproximado dos 565 pontos na sexta-feira. O setor das "utilities" (água, luz e gás) é o que mais cai esta manhã, pressionado pelas desvalorizações da empresa dinamarquesa de energia renovável Orsted - dona do projeto Revolution Wind, travado agora por Donald Trump.
A energética chegou a afundar quase 19% em bolsa esta segunda-feira, tendo entretanto reduzido ligeiramente as perdas para 16,70%. Mesmo assim, as ações tocaram mínimos históricos, estando agora a negociar nas 178,35 coroas dinamarquesas. As perdas alastraram-se ainda à produtora de turbinas eólicas Vestas Wind Systems, que cai cerca de 4%, e chegaram a Portugal, com a EDP Renováveis a perder mais de 3%.
Entre as restantes principais movimentações de mercado, a neerlandesa JDE Peet’s dispara 17,33% para 31,14 euros, atingindo máximos de setembro de 2022, depois de a Keurig Dr Pepper ter apresentado uma proposta de 18,4 mil milhões de dólares (cerca de 15,7 mil milhões de euros, ao câmbio atual) para comprar a empresa produtora de café. A cotada fechou a última sessão com uma capitalização bolsista de 12,76 mil milhões de euros.
Por sua vez, a francesa Valneva mergulha 25,43% para 3,76 euros, após a vacina da empresa para tratar uma doença provocada pela picada de mosquitos ter sido suspendida nos EUA. A decisão surgiu no seguimento de uma investigação, que apontou para efeitos colaterais adversos para pacientes mais velhos.
Apesar das quedas desta segunda-feira, as ações europeias continuam a negociar muito próximas de máximos históricos. O Stoxx 600 já recuperou completamente das perdas abruptas registadas em abril, quando Donald Trump revelou ao mundo a sua estratégia comercial, com o "benchmark" a ser impulsionado pelos gastos previstos no setor da defesa e infraestuturas – e também por um certo otimismo em torno de tarifas menos penalizantes do que era inicialmente antecipado.
Nas movimentações por praça, o alemão DAX desce 0,39%, o espanhol IBEX perde 0,31%, o francês CAC40 cai 0,63% e o neerlandês AEX recua 0,15%. Por sua vez, o italiano FTSEMIB está no verde e ganha 0,15%, num dia em que os mercados britânicos estão encerrados devido a um feriado local.
Apetite pelo risco leva à subida dos juros na Zona Euro
Foram dias de antecipação até ao discurso do presidente da Reserva Federal (Fed), Jerome Powell, e agora serão dias de reações ao discurso. Apesar de haver mais riscos na inflação e menos no emprego, Powell admitiu um "ajuste" nos juros, mas sem se comprometer firmemente com essa ação.
No entanto, a sinalização de flexibilidade por parte do presidente do banco central americano foi o suficiente para os mercados reagirem. E com a perspetiva de dinheiro mais barato à vista (com um corte nas taxas de juros diretoras), os investidores têm estado a procurar ativos de risco, o que levou inclusive os índices norte-americanos a novos recordes na sexta-feira.
E isso tem impacto na procura pelas obrigações dos países, já que o dinheiro está a ser canalizado para outros meios de investimento. Como consequências, os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a agravar nesta seguda-feira.
As "bunds", obrigações alemãs a dez anos, tidas como referência para o contexto europeu, estão a subir 3,2 pontos-base para uma taxa de 2,751%. Já em França, o avanço dos juros da dívida é de 3,4 pontos-base para 3,453%. Em Itália, a subida é de 3,3 pontos-base, para 3,559% de rendibilidade.
A "yield" das Obrigações do Tesouro portuguesas a dez anos sobem 3,2 pontos para 3,157%. Espanha acompanha a tendência, com os juros da dívida a dez anos a aumentarem 3,3 pontos-base para 3,331%.
No Reino Unido, a rendibilidade das obrigações situa-se nos 4,690%, mostrando-se estáveis e destacando-se assim das restantes congéneres europeias. Nos EUA, as obrigações seguem a agravar ligeiramente, 0,4 pontos base, para uma taxa de rendibilidade de 4,258%.
Dólar com dificuldades em recuperar do tombo provocado por Powell
O dólar continua com dificuldades em erguer-se esta segunda-feira, depois de os comentários de Jerome Powell, presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana, terem levado a "nota verde" a perder mais de 1% do seu valor. Apesar de estar a registar pequenos ganhos face às suas principais concorrentes, a divisa dos EUA continua a negociar perto de mínimos de cerca de um mês.
O mercado de "swaps" aponta agora para uma probabilidade de 84% de a Fed avançar com um corte nas taxas de juro de 25 pontos base na próxima reunião de setembro, prevendo mais um alívio na mesma magnitude até ao final do ano. Com uma flexibilização da política monetária iminente, o dólar tem tido dificuldade em afirmar-se, principalmente numa altura em que as políticas adotadas pela administração Trump têm feito "soar os alarmes" em relação à vitalidade da economia do país.
A esta hora, o euro recua 0,17% para 1,1698 dólares, depois de ter atingido o valor mais elevado desde 28 de julho na sexta-feira – data em que chegou a tocar nos 1,1742 dólares. Por sua vez, a libra cai 0,15% para 1,3505 dólares, após ter crescido cerca de 0,8% na última sessão, enquanto a "nota verde" recupera 0,25% para 147,31 ienes, depois de ter registado uma queda de 1% na sexta-feira.
"A mensagem de Powell em Jackson Hole conseguiu superar as expectativas do mercado. Poucos eram os que esperavam uma narrativa tão 'dovish', após uma erosão nas previsões em torno de um novo corte nas taxas de juro por parte da Fed", lê-se numa nota do Goldman Sachs a que a Reuters teve acesso. "Caberá aos dados determinarem o ritmo e a profundidade dos cortes", acrescentam os analistas do banco de investimento norte-americano - uma mensagem que Powell fez questão de passar no seu discurso.
Ouro recua após atingir máximos de duas semanas
O ouro está a perder algum do território conquistado no final da semana passada, altura em que os comentários "dovish" do presidente do banco central norte-americano, que apontou para um "ajuste" da política monetária, deram uma nova força ao metal precioso. A matéria-prima ainda chegou a atingir máximos de duas semanas esta segunda-feira, mas depressa inverteu a tendência de negociação com o dólar a ganhar terreno.
A esta hora, o ouro recua 0,13% para 3.367,39 dólares por onça. O metal amarelo deverá encontrar "um nível de apoio nos 3.500 dólares no curto prazo", indica Matt Simpson, analista do City, à Reuters, mas, para conseguir um "rally" no longo prazo, a matéria-prima terá de beneficiar de "uma leitura da inflação mais suave do que o esperado e de um mercado laboral mais frágil". "No entanto, com a inflação a permanecer elevada, os ganhos do ouro poderão continuar bastante limitados", acrescentou.
Na sexta-feira, os investidores vão ter a oportunidade para medir o impacto da nova política comercial da administração Trump nos preços. É esperado que a inflação continue numa trajetória ascendente em agosto e atinja o nível mais elevado desde finais de 2023, com os economistas abordados pela Reuters a apontarem para um crescimento homólogo de 2,9% – longe da meta estabelecida pela Reserva Federal (Fed) norte-americana.
O impacto das tarifas de Trump nos preços foi mesmo a razão apontada pelo banco central e pelo seu presidente ao longo do ano para deixar as taxas de juro inalteradas. Mas com os riscos para o mercado laboral a crescerem, Jerome Powell indicou na sexta-feira que poderá ser necessário um "ajuste" na política da autoridade monetária, embora não se tenha comprometido com um novo corte na reunião de setembro.
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