Temporada de resultados e França dão força à Europa. LVMH dispara mais de 12%
Acompanhe aqui, minuto a minuto, a evolução dos mercados desta quarta-feira.
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Temporada de resultados e França dão força à Europa. LVMH dispara mais de 12%
O arranque da época de resultados e as perspetivas do fim do impasse político em França estão a dar alento ao mercado acionista europeu. As principais praças da região estão a negociar em território positivo esta quarta-feira, impulsionadas pelos resultados acima do esperado de cotadas de peso, como a empresa de luxo LVMH e a fabricante de "chips" ASML.
A esta hora, o Stoxx 600, "benchmark" para a negociação europeia, avança 0,79% para 569,01 pontos, impulsionado em grande parte pelo setor tecnológico. Já o CAC-40, principal índice francês, acelera 2,58%, numa altura em que Sébastien Lecornu, primeiro-ministro reconduzido por Emmanuel Macron, conseguiu assegurar o apoio dos socialistas na Assembleia Nacional - visto como essencial para o seu Governo sobreviver a duas moções de censura que vão ser votadas na quinta-feira.
O apoio dos socialistas é "um sinal inicial, não necessariamente de estabilidade, mas de que o primeiro obstáculo provavelmente será superado e isso deve ter um efeito positivo", explica à Bloomberg o estratega da UniCredit, Christian Stocker.
O "benchmark" gaulês está ainda a ser impulsionado pelo desempenho da LVMH em bolsa. A dona da Dior está a disparar mais de 12% em bolsa para 601,90 euros e a liderar um "rally" no setor de luxo, depois de ter registado um crescimento nas receitas de 1% para 18,3 mil milhões de euros no terceiro trimestre - quebrando um ciclo de dois trimestres consecutivos com as vendas a caírem.
Já a ASML, que também apresentou resultados, avança 3,31% para 874,60 euros, após ter conseguido superar o consenso dos analistas. As encomendas líquidas da empresa neerlandesa, a métrica financeira mais monitorizada, alcançaram os 5,40 mil milhões de euros no terceiro trimestre - superando as estimativas do mercado que apontavam para 5,36 mil milhões.
No entanto, os ganhos da empresa estão a ser limitados pelo alerta da empresa de que a procura na China deve cair abruptamente no próximo ano. "Esperamos que a procura dos clientes chineses e, consequentemente, as nossas vendas líquidas totais na China em 2026 diminuam significativamente", afirmou o CEO da empresa, Christophe Fouquet, numa "call" com analistas.
Entre os restantes principais índices da região, o alemão DAX avança 0,34%, o espanhol IBEX 35 ganha 0,62%, o italiano FTSEMIB valoriza 0,74%, enquanto o neerlandês AEX acelera 0,73%. O britânico FTSE 100 é o único que perda, ao deslizar 0,08%
Juros da dívida francesa aliviam com crise política mais próxima de ser resolvida
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a negociar com alívios esta quarta-feira, isto depois de a "yield" a dez anos de França ter atingido mínimos de dois meses, numa altura em que Sébastien Lecornu, primeiro-ministro gaulês, conseguiu o apoio essencial dos socialistas para romper com o impasse político que tem assombrado o país.
Depois de terem caído mais de 7 pontos base na sessão anterior, os juros da dívida francesa a dez anos - maturidade de referência - continuam a aliviar e caem agora 2,2 pontos para 3,371%. Também na Alemanha se regista um recuo, com a "yield" das "Bunds" germânicas a ceder 2,3 pontos para 2,586%. O prémio de risco para deter obrigações francesas face às alemãs encontra-se, assim, estável nos 78 pontos.
Pela Península Ibérica, os juros da dívida portuguesa e espanhola também a dez anos deslizam a esta hora 1,9 pontos base para 2,961% e 3,115%, respetivamente. Já em Itália, a "yield" das obrigações com a mesma maturidade cai 2,4 pontos para 3,394%.
Fora da Zona Euro, os juros das "Gilts" britânicas acompanham as perdas do resto do continente, ao cederem 3,9 pontos base para 4,550%.
Apoio dos socialistas a Lecornu dá força ao euro
O euro continua a conquistar terreno face ao dólar, impulsionado pelas perspetivas de resolução do impasse político que se vive em França. Sébastien Lecornu, primeiro-ministro reconduzido por Emmanuel Macron, conseguiu conquistar o apoio de peso dos socialistas na Assembleia Nacional do país - um apoio necessário para passar um orçamento que tem como grande objetivo reduzir a dívida pública gaulesa e romper com uma crise política que se arrasta há vários meses.
A esta hora, o euro avança 0,26% para 1,1637 dólares, depois de já ter conseguido acelerar 0,3% na terça-feira. A debilidade da "nota verde" também está a ajudar à narrativa de uma moeda única europeia mais forte, numa altura em que a Reserva Federal (Fed) norte-americana prepara-se para continuar o seu ciclo de alívio de política monetária, com um corte de 25 pontos base já este mês.
Num discurso feito na terça-feira, Jerome Powell, Presidente do banco central, apontou ao dedo a um mercado laboral débil e abriu a porta a novos alívios das taxas de juro. Apesar de o Governo do país estar em "shutdown", com a divulgação de uma série de relatórios suspensa, o líder da Fed indica que a autoridade monetária tem conseguido avaliar a evolução da economia norte-americana - pelo menos por agora.
"As tensões comerciais, o 'shutdown' do Governo e as preocupações com a inflação (...) estão todos a ser postos de lado, por enquanto", afirmam os analistas do DBS, numa nota a que a Reuters teve acesso, referindo-se à vontade da Fed continuar a cortar nas taxas de juro este ano. Até ao final de 2025, o mercado de "swaps" antecipa pelo menos mais dois alívios de 25 pontos base - o primeiro feito este mês e o segundo em dezembro.
Petróleo estabiliza após perder mais de 1,5%
O barril de petróleo está a recuperar parcialmente das quedas registadas na sessão anterior, quando a matéria-prima foi pressionada pelas tensões comerciais entre os EUA e a China, que ameaçam o consumo de crude nas duas maiores economias do mundo, e também pelo relatório mensal da Agência Internacional de Energia (AIE), que vê a oferta a crescer e a procura a cair no próximo ano.
O West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – avança a esta hora 0,19% para os 58,81 dólares por barril. Já o Brent – de referência para o continente europeu – segue igualmente a valorizar 0,06% para os 62,43 dólares por barril. Os dois "benchmarks" registaram perdas superiores a 1,5% na terça-feira.
Apesar de estabilização dos preços, Robert Rennie, diretor de "commodities" do Westpac Banking, acredita que a "queda abaixo do nível dos 65 dólares foi o início de uma revisão dos preços que vai levar o Brent a negociar abaixo dos 60 dólares", afirmou à Bloomberg. "O atual excesso de oferta nos mercados de petróleo bruto está prestes a piorar consideravelmente", referiu, apontando para os relatórios mensais da AIE e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
A AIE estima que o mercado petrolífero deverá enfrentar um excedente no próximo ano de até 4 milhões de barris por dia - um crescimento de quase 20% em relação ao excedente antecipado na previsão anterior. Em causa está um desaceleramento da procura, bem como o abertura das torneiras por parte da OPEP+, que continua determinada a recuperar quota de mercado apesar da grande queda de preços do crude em 2025.
Os investidores estão ainda a preparar-se para possíveis medidas retaliatórias entre a China e os EUA, numa altura em que as tensões comerciais entre os dois países estão num vaivém incessante. Em resposta às sanções apresentadas por Pequim às unidades norte-americanas de uma empresa sul-coreana de fabrico de navios, Donald Trump ameaçou interromper o comércio de óleo de cozinha com a segunda maior economia do mundo.
Ouro em novos máximos aproxima-se dos 4.200 dólares
Os preços do ouro voltaram a renovar máximos históricos esta quarta-feira, ficando a menos de 6 dólares de conseguir quebrar a barreira dos 4.200 dólares. O "rally" do metal precioso parece não conhecer travões, numa altura em que a Reserva Federal (Fed) prepara-se para continuar o seu ciclo de alívio das taxas de juro, com o mercado de "swaps" a apontar para mais dois cortes de 25 pontos base este ano, e as tensões comerciais entre EUA e China reforçam a procura por ativos de refúgio.
O metal precioso chegou a avançar 1,25% para 4.194,85 dólares por onça esta manhã, tendo entretanto reduzido muito ligeiramente os ganhos para 4.194,68 dólares. Só este ano, o metal precioso de eleição dos investidores já conseguiu acelerar 59%, impulsionado ainda por uma desvalorização do dólar e um reforço das reservas de ouro por parte de grandes bancos centrais.
"No geral, as perspetivas de médio prazo para o ouro continuam positivas, especialmente se a Fed flexibilizar a política monetária mais rapidamente do que o esperado e o dólar norte-americano enfraquecer significativamente", explica Linh Tran, analista de mercados da XS, num comentário enviado ao Negócios. A analista antecipa, no entanto, que se a economia dos EUA conseguir alcançar uma "recuperação sustentada" e existir um recuo significativo nos riscos geopolíticos, o metal precioso pode vir a perder alguma força.
Na terça-feira, o Presidente da Fed, Jerome Powell, reforçou a ideia dos investidores de que o banco central vai continuar a cortar nos juros, ao afirmar que o mercado laboral continua sob pressão, embora a economia esteja "numa trajetória um pouco mais firme do que o antecipado". No entanto, e como sempre, Powell indica que cada decisão será tomada "reunião a reunião", com a autoridade monetária a tentar equilibrar os seus dois mandatos de alcançar o pleno emprego e fazer cair a inflação para a meta de 2%.
Já a prata, que tem acompanhado o "rally" do ouro e regista um saldo anual superior ao metal amarelo, avança 1,9% para 52,43 dólares por onça, mantendo-se bastante próxima dos máximos históricos de 53,54 dólares atingidos na terça-feira.
Ásia e Europa em recuperação após turbulência comercial
As principais praças asiáticas encerraram a sessão desta quarta-feira com o maior salto em quase dois meses, numa altura em que a época de resultados dá alento aos investidores e a Reserva Federal (Fed) norte-americana dá sinais de que vai continuar em força com o seu ciclo de alívio das taxas de juro. Pela Europa, a negociação de futuros aponta para uma abertura em alta, com a ASML a centrar atenções, depois de ter registado encomendas acima do esperado no terceiro trimestre.
A negociação no Velho Continente deve ser ainda impulsionada por uma "luz ao fundo do túnel" para a crise política em França. Sébastien Lecornu conseguiu conquistar o apoio dos socialistas na Assembleia Nacional do país, aumentando as hipóteses do seu novo governo poder vir a sobreviver à votação de duas moções de censura já nesta quinta-feira, apresentadas pela coligação de extrema-esquerda França Insubmissa e pelo partido de extrema-direita União Nacional.
Voltando à Ásia, o MSCI Asia Pacific, índice que agrega as principais praças da região, conseguiu saltar 1,9% esta quarta-feira, a maior valorização num só dia desde agosto, com os mercados asiáticos a corrigirem da turbulência dos últimos dias, espoletada por uma escalada nas tensões comerciais entre EUA e China. Nesta última, o Hang Seng, de Hong Kong, valorizou 1,6% - um dos maiores ganhos entre os "benchmarks" do continente asiático - e o Shanghai Composite conseguiu acelerar 0,6%.
Estes ganhos aconteceram apesar de novos dados económicos demonstrarem que a deflação continua a ser um problema no país. O índice de preços no consumidor caiu 0,3% em setembro, mais do o esperado pelos analistas, sublinhando o impacto da fraca procura interna e das tensões comerciais no sentimento dos consumidores e das empresas. A deflação também se continuou a registar nos preços no produtor.
Nas restantes praças asiáticas, o otimismo também reinou. Os japoneses Topix e Nikkei 225 aceleraram, respectivamente, 1,57% e 1,67%, enquanto o sul-coreano Kospi saltou 2,15%. Já na Austrália, o ASX/S&P 200 valorizou 0,85%.
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