Abrandamento da inflação dá subida à maioria da Europa. Petróleo recua
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados durante esta segunda-feira.
- Europa não abranda nos ganhos e deve abrir no verde. Ásia segue "rally" com ganhos na China
- Petróleo cai e gás desvaloriza com baixas temperaturas sem risco para fornecimento de energia
- Ouro perde, mas segue perto de máximos de oito meses. Dólar avança após mínimos de sete meses
- Juros agravam-se com previsão de taxas dos depósitos do BCE a atingirem 3,25% em maio
- Europa mista entre inflação e resultados de empresas. Lisboa inverte e cai
- Taxas Euribor sobem a três meses para novo máximo desde janeiro de 2009
- Bolsa de Lisboa caminha para máximos de quatro meses
- Ouro e euro recuam perante avanço do dólar
- Petróleo cede com pressão da covid-19
- Juros fecham mistos na Zona Euro
- Abrandamento da inflação dá subida à maioria da Europa
Os principais índices europeus estão a apontar para um início de semana em terreno positivo, animados pelos ganhos na Ásia e também no fecho de Wall Street na passada sexta-feira.
Os dados das últimas semanas que mostram a inflação a abrandar têm dado mais força aos ativos de risco. Os futuros sobre o Euro Stoxx 50 sobem assim 0,5%.
Na Ásia a sessão foi positiva, com as praças chinesas a darem continuidade ao "rally", à medida que a reabertura do país se vai concretizando. Ao mesmo tempo, o relaxamento da regulação relativamente ao setor tecnológico chinês parece também estar a influenciar a negociação.
As ações chinesas têm registado das melhores performances este ano, ao passo que as japonesas têm estado entre as piores, numa altura em que os investidores têm sido cautelosos com o fim da política ultra "dovish" do Banco do Japão, que deverá valorizar o iene.
O "rally" de reabertura da China tem "mais para dar" e "vai haver uma rotação na região, que está em curso, da Índia e Austrália, que foram líderes em 2022, para a região do norte da Ásia, China e Coreia", explicou o analista Sunil Koul, analista do Goldman Sachs, à Bloomberg.
Na China, Xangai avançou 1,4%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, subiu 0,7%. Na Coreia do Sul, o Kospi ganhou 0,9%. No Japão, o Topix desceu 0,8% e o Nikkei perdeu 1,2%.
O petróleo está a desvalorizar, depois de oito sessões de ganhos, numa altura em que os "traders" deverão estar a retirar liquidez do mercado, uma vez que o crude chegou a tocar em máximos de outubro.
A reabertura da China tem dado força aos preços do "ouro negro", com os analistas a esperarem que as importações de crude chinesas atinjam um recorde este ano. A somar-se às expectativas da China está também a crescente expectativa de que as subidas dos juros diretores por parte da Reserva Federal norte-americana estejam a chegar ao fim.
O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, perde 1,1% para 78,98 dólares por barril. Já o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, recua 1,2% para 84,26 dólares.
"Ao passo que a China foi o condutor primário das 'commodities' na semana passada, o sentimento dos 'traders' também foi alavancado pelas expectativas de que a Fed vai desacelerar na subida das taxas de juro", explicou o analista James Whistler, da Vanir Global Markets, à Bloomberg.
Esta semana, os investidores vão estar também atentos ao "outlook" para o petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). O cartel mostra as perspetivas para 2023 na terça-feira e a IEA na quarta-feira.
No mercado do gás, os futuros estão em rota de desvalorização, numa altura em que o fornecimento desta matéria-prima aos países europeus não deverá permitir que se gerem disrupções neste mercado, mesmo numa semana de temperaturas abaixo da média.
Os analistas estão assim otimistas de que a Europa saia deste inverno sem grandes flutuações nos preços, racionamento de energia ou, em caso extremo, apagões.
A produção de energia renovável está também a contribuir para o menor uso de gás no Velho Continente, com a Alemanha a produzir energia eólica sem precedentes. O Reino Unido também atingiu um recorde na produção de renováveis na semana passada.
No mercado do gás, a matéria-prima negociada em Amesterdão (TTF) – referência para o mercado europeu – desce 1,6% para 63,75 euros por megawatt-hora.
O ouro está a registar perdas, ainda assim perto de máximos de oito meses, depois de ter registado a quarta semana no verde. A sustentar a negociação está otimismo de que a Reserva Federal norte-americana possa estar perto de terminar a subida mais agressiva dos juros diretores.
O ouro recua 0,4% para 1.912,56 dólares por onça.
O metal precioso está ainda a ser penalizado pelo dólar, que depois de ter tocado mínimos de sete meses contra as principais divisas rivais, está agora a valorizar, penalizando o ouro que é negociado nesta moeda.
A nota verde avança 0,18% para 0,9255 euros, ao passo que o índice do dólar da Bloomberg – que compara a força da nota verde contra 10 divisas rivais – soma 0,28% para 102,493 pontos.
Ainda no mercado cambial, o iene atingiu máximos de sete meses contra as principais moedas rivais, com os "traders" a aumentarem as expectativas de que o Banco do Japão intervenha no mercado da dívida para controlar a "yield", ou abandone totalmente esse mecanismo, já na próxima reunião de política monetária, esta quarta-feira.
Os juros das obrigações a dez anos da Zona Euro estão a agravar-se esta segunda-feira, com os economistas ouvidos pela Bloomberg a esperarem que as taxas dos depósitos subam dos atuais 2% até um pico de 3,25% em maio. Em junho, a mediana das estimativas aposta numa estabilização, seguindo-se um alívio de 25 pontos em julho, para os 3%.
Chegado a esse patamar, antecipam os economistas, as taxas deverão manter-se inalteradas nos 3% até final do ano.
A "yield" das Bunds alemãs a dez anos – referência para o mercado europeu – avança 2,9 pontos base para 2,191%.
Por sua vez, os juros da dívida italiana a dez anos sobem 5,5 pontos base para 4,046%.
Na Península Ibérica, a "yield" da dívida portuguesa a dez anos soma 2,7 pontos base para 3,101%, enquanto os juros das obrigações espanholas com a mesma maturidade aumentam 2,9 pontos base para 3,187%.
Fora da UE os juros das obrigações do Reino Unido a dez anos agravam-se 4,2 pontos base para 3,403%.
As principais praças do Velho Continente abriram a negociar de verde, mas rapidamente entraram em terreno misto. A influenciar a negociação estão, por um lado, expectativas de que a inflação continue a diminuir e, por outro, maior cautela com as empresas a começarem a revelar resultados relativos a 2022.
O índice de referência europeu, Stoxx 600, sobe 0,08% para 452,9 pontos. A registar os maiores ganhos está o setor alimentar e de media. Nas maiores quedas estão as viagens e o setor mineiro.
Depois dos principais indices europeus terem registado um início de ano positivo, as contas das empresas vão ser o principal foco nas próximas semanas, com os investidores a tentarem compreender até que ponto foram capazes de combater a inflação e as dificuldades económicas do ano passado.
"Os mercados podem vir ainda a registar maiores ganhos a curto prazo, dado que muitas estratégias permanecem sub-investidas e podem ser reforçadas", disse Ulrich Urbahn, analista da Berenberg, à Bloomberg.
"A médio prazo, consideramos que os investidores vão olhar menos para a inflação e mais para dados económicos de crescimento. Tendo em conta a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos é provável que a volatilidade regresse ao longo do ano", rematou ainda.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o britânico FTSE 100 avança 0,08% e o alemão Dax soma 0,07%. O espanhol IBEX 35 perde 0,34%, em Amesterdão, o AEX, recua 0,05% e o italiano FTSEMIB, bem como o francês CAC-40 cede 0,04%. Já em Lisboa, o PSI inverteu da abertura positiva e recua 0,40%.
As taxas Euribor subiram esta segunda-feira a três e a 12 meses, no prazo mais curto para um novo máximo desde janeiro de 2009, e desceram a seis meses em relação a sexta-feira.
A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno positivo em 6 de junho, recuou para 2,843%, menos 0,033 pontos e contra o máximo desde janeiro de 2009, de 2,876%, verificado em 13 de janeiro.
A média da Euribor a seis meses subiu de 2,321% em novembro para 2,560% em dezembro.
A Euribor a seis meses esteve negativa durante seis anos e sete meses (entre 6 de novembro de 2015 e 3 de junho de 2022).
Em sentido contrário, a Euribor a três meses, que entrou em 14 de julho em terreno positivo pela primeira vez desde abril de 2015, subiu esta segunda-feira, ao ser fixada em 2,334%, mais 0,006 pontos e um novo máximo desde janeiro de 2009.
A taxa Euribor a três meses esteve negativa entre 21 de abril de 2015 e 13 de julho último (sete anos e dois meses).
A média da Euribor a três meses subiu de 1,825% em novembro para 2,063% em dezembro.
No mesmo sentido, no prazo de 12 meses, a Euribor avançou esta segunda-feira, ao ser fixada em 3,332%, mais 0,017 pontos, contra 3,370% em 11 de janeiro, um máximo desde dezembro de 2008.
Após ter disparado em 12 de abril para 0,005%, pela primeira vez positiva desde 5 de fevereiro de 2016, a Euribor a 12 meses está em terreno positivo desde 21 de abril.
A média da Euribor a 12 meses avançou de 2,828% em novembro para 3,018% em dezembro.
As Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de fevereiro, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras este ano devido ao aumento da inflação na zona euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro.
Na última reunião de política monetária, em 15 de dezembro, o BCE aumentou em 50 pontos base as taxas de juro diretoras, desacelerando assim o ritmo das subidas em relação às duas registadas anteriormente, que foram de 75 pontos base, respetivamente em 27 de outubro e em 08 de setembro.
Em 21 de julho, o BCE tinha aumentado pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras.
As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Lusa
A bolsa de Lisboa prepara-se para fechar em máximos de quatro meses. O PSI sobe 0,24% para os 6.045,91 pontos, sendo que se a sessão terminasse agora renovaria máximos desde meados de setembro.
Das 15 cotadas que compõem o índice, 11 seguem a registar ganhos, duas perdas e duas inalteradas.
A liderar as subidas segue a Mota-Engil, com um avanço de 4,13% para os 1,36 euros por título, seguida pelo BCP, que valoriza 0,63% para os 19,07 cêntimos por ação. Também a Galp e a Greenvolt seguem a negociar com ganhos, 0,51% e 0,38%, respetivamente.
Já a Jerónimo Martins, cotada com mais peso no índice lisboeta, cede 0,39% para os 20,30 euros por ação.
A REN e os CTT seguem a negociar sem qualquer alteração, com cada título a valer 2,56 euros e 3,24 euros, respetivamente.
O ouro caiu de máximos de oito meses, à medida que o dólar avança, tornando o investimento no metal amarelo mais oneroso para quem negoceia com outras moedas.
O ouro perde 0,24% para 1.915,71 dólares por onça, ainda assim o metal segue a ser negociado acima da fasquia dos 1.900 dólares a onça. Prata, platina e paládio seguem esta tendência negativa.
Na semana passada, o metal amarelo somou 2,9% depois de o recuo da inflação nos EUA ter sustentado a expectativa do mercado acerca de um abrandamento do ritmo da subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana (Fed).
Já o índice do dólar da Bloomberg - que compara a força da nota verde contra 10 divisas rivais - cresce 0,16% para 102,371 pontos, depois de ter caído para mínimos de sete meses.
Ainda no mercado cambial, o euro regista um ligeiro recuo (-0,08%) para 1,0821 dólares, depois de ter começado o dia em máximos de nove meses (1,0874 dólares).
Esta semana, além dos dados macroeconómicos, os investidores vão estar atentos à declarações dos membros votantes do Comité Federal do Mercado Aberto (na sigla inglesa FMOC) da Fed, John Williams, Lael Brainard e Christopher Waller.
Depois de sete sessões consecutivas em alta, os preços do petróleo seguem hoje em terreno negativo, pressionados pela informação de que o número de mortes por covid-19 na China está a aumentar.
Ainda assim, as cotações mantêm-se em torno de máximos deste mês, com a flexibilização das restrições chinesas no combate à pandemia a criarem a expectativa de uma retoma da procura por parte do maior importador mundial de crude.
O West Texas Intermediate (WTI), "benchmark" para os Estados Unidos, cede 0,88% para 79,16 dólares por barril. O volume de negociação está a ser fraco, devido ao feriado nos EUA.
Já o Brent do Mar do Norte, crude negociado em Londres e referência para as importações europeias, recua 0,84% para 84,56 dólares.
Os juros das dívidas soberanas fecharam mistos na Zona Euro, num dia em que as bolsas europeias fecharam maioritariamente no verde. O desempenho dos mercados aponta que os investidores se dividiram entre a procura por ativos seguros, como as obrigações, e pelos ativos de risco, como as ações.
A "yield" das Bunds alemãs com maturidade a 10 anos, referência para a região, agravou-se em 0,6 pontos base para os 2,168%, enquanto os juros da dívida pública italiana na mesma maturidade subiram 0,8 pontos base para os 3,999%.
Já os juros da dívida francesa cresceram 0,6 pontos base para os 2,635%, a "yield" da dívida de Espanha aliviou 0,2 pontos base para os 3,156% e os juros da dívida portuguesa caíram 0,5 pontos base para os 3,069%.
Fora da Zona Euro, os juros da dívida britânica a 10 anos agravaram-se em 1,8 pontos base para os 3,380%.
As bolsas europeias fecharam mistas, apesar de a maioria ter fechado a sessão com ganhos. A impulsionar os índices estiveram as expetativas de que a inflação irá continuar a abrandar.
O Stoxx 600, referência para a região, valorizou 0,46% para os 454,63 pontos, com os setores do imobiliário e do retalho a darem o maior contributo, ao subirem 2,12% e 1,26%.
Nas principais praças europeias, o alemão Dax subiu 0,31% para os 15.134,04 pontos, o francês CAC-40 somou 0,28% para os 7043,31 pontos, enquanto o espanhol Ibex desvalorizou 0,12% para os 8871,10 pontos. Já o italiano FTSE Mib cresceu 0,46% para os 25.901,33 pontos, o britânico FTSE 100 avançou 0,20% para os 7860,07 pontos e o AEX, em Amesterdão, valorizou 0,04% para os 748,35 pontos.
Além do espanhol Ibex, também a bolsa de Lisboa fechou com perdas (-0,26%).
O alívio das políticas de combate à covid-19 na China, aliado a um recuo da inflação, tem beneficiado as bolsas europeias, que arrancaram as primeiras duas semanas do ano sobretudo com ganhos. As temperaturas acima do esperado para a altura do ano também ofereceram algum alívio nas preocupações quanto a uma crise energética na região, tema que em 2022 dominou a agenda.
Esta quarta-feira será divulgada a leitura final da inflação de dezembro na Zona Euro. De acordo com a estimativa rápida, divulgada no passado dia 6 de janeiro, o índice de preços no consumidor abrandou pela segunda vez consecutiva em dezembro, atingindo uma variação homóloga de 9,2%. Os investidores preparam-se agora para as contas das empresas cotadas em bolsa, dados estes que poderão impulsionar ou travar o desempenho das principais praças europeias.
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