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Capital Economics prevê descida do risco de Portugal para mínimo de dois anos

Consultora britânica reconhece que as perspectivas para Portugal, na frente económica e orçamental, melhoraram de forma substancial.

Antonio costa mario centeno
Antonio costa mario centeno Miguel Baltazar
23 de Maio de 2017 às 19:43

A Capital Economics, conhecida consultora britânica, está bem mais optimista para Portugal, assinalando que as melhores perspectivas orçamentais e económicas, bem como a redução do risco político, justificam uma redução adicional no prémio de risco da dívida portuguesa.

Numa nota enviada a clientes esta terça-feira, 23 de Maio, a que o Negócios teve acesso, a Capital Economics antecipa que no final do ano o "spread" dos juros da dívida portuguesa face à alemã estará nos 250 pontos base. A concretizar-se, este será o nível mais baixo desde o início de 2016, ou seja, situar-se-á no valor mais baixo em quase dois anos.

O valor desta estimativa compara com o actual "spread" de 275 pontos base. Um diferencial que mede o risco da dívida portuguesa pois representa o prémio que os investidores exigem para comprar obrigações nacionais em detrimento das alemãs.

Em Março do ano passado o "spread" da dívida portuguesa aproximou-se dos 400 pontos base, um agravamento substancial que a consultora britânica justifica com três factores principais: preocupações com o desempenho orçamental e da economia; redução da capacidade do BCE para comprar dívida portuguesa e aumento do risco político na Zona Euro com eleições na Holanda e em França.

A queda recente do risco da dívida portuguesa deve-se ao facto de estas três preocupações terem perdido força, com a Capital Economics a destacar que "o desempenho orçamental e económico de Portugal melhorou de forma substancial".

Acrescenta que estas melhorias "deverão permitir que o ‘spread’ das obrigações portuguesas face às alemãs continue a diminuir ainda mais este ano".

Mas o optimismo da empresa de "research" fica-se pelo final de 2017. É que "permanecem os riscos de longo prazo", o sector bancário "continua fraco" e o "risco político pode ressurgir algures, sobretudo em Itália".

Desta forma, a consultora antecipa que o "spread" vai voltar a aumentar em 2018, para 275 pontos base, sofrendo novo agravamento em 2019, para 300 pontos base. Um nível que se situa bem acima do curto diferencial entre a dívida portuguesa e alemã antes da crise financeira (cerca de 30 pontos base).  

Há um ano, Capital Economics temia juros de 8%

A opinião actual da Capital Economics é bem diferente da assumida há pouco mais de um ano. No início de Março de 2016, a consultora britânica alertou para as consequências de um eventual corte de rating por parte da agência DBRS e para a exclusão do programa compras do BCE, perspectivando que os juros da dívida portuguesa a 10 anos poderiam chegar aos 8%, o que colocaria o país a caminho do resgate.

Numa nota divulgada na véspera de Portugal fazer o primeiro leilão de obrigações do Tesouro do ano, a economista que acompanha a economia europeia, Jennifer McKeown, disse que "as últimas subidas nas taxas das obrigações portuguesas reflectem os receios de que a dívida irá em breve ser classificada como "lixo" pelas quatro maiores agências de "rating", levando o país a ser excluído das compras de activos do BCE".

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