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Inteligência artificial revoluciona gestão de ativos e desafia a banca

A transformação digital do setor financeiro português está em plena aceleração, com a inteligência artificial a assumir um papel central na gestão de ativos e na relação com os clientes.

17:00
O debate “A Nova Banca, a Era Digital e a Gestão de Património” abordou como a inteligência artificial, a cibersegurança e a modernização dos sistemas estão a redefinir o futuro da banca.
O debate “A Nova Banca, a Era Digital e a Gestão de Património” abordou como a inteligência artificial, a cibersegurança e a modernização dos sistemas estão a redefinir o futuro da banca. João Cortesão
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O debate “A Nova Banca, a Era Digital e a Gestão de Património” abordou como a inteligência artificial, a cibersegurança e a modernização dos sistemas estão a redefinir o futuro da banca.

“Cerca de 80% das sociedades gestoras de ativos e private bankers identificavam a tecnologia disruptiva, a inteligência artificial, o cloud computing e o big data como sendo algo gerador tanto de ganhos de natureza económica e de eficiência como impulsionadores de negócio”, afirmou Manuel Requicha Ferreira, sócio-coordenador de Bancário e Financeiro da Cuatrecasas, durante a mesa-redonda “A Nova Banca, a Era Digital e a Gestão de Património”, integrada no 8.º Grande Encontro Banca do Futuro, iniciativa do Negócios que conta com a Claranet Portugal como main sponsor, a DS Automobiles como official sponsor, a Aon como insurance broker partner e a Cuatrecasas como legal partner.

Os números impressionam. Mais de 50% das gestoras já investem em inteligência artificial e esperam ganhos significativos. “Ao nível dos cost savings esperam que a inteligência artificial venha a permitir, nos próximos 2 a 3 anos, valores na ordem de 11%. Em termos de força de trabalho preveem uma redução de cerca de 20%.”

A inteligência artificial já está a reduzir para menos de metade o tempo necessário para analisar uma oportunidade de investimento.” Manuel Requicha Ferreira, Sócio-coordenador de Bancário e Financeiro, Cuatrecasas

Manuel Requicha Ferreira revelou como a IA está a transformar a análise de investimentos. Salientou que o global head da Schroders para a área de equities referiu que utilizavam o ChatGPT Enterprise para fazer uma primeira análise de investimento de uma empresa, com base em relatórios financeiros e informação disponível nos media e nas redes sociais. Os ganhos revelam-se na redução “para menos de metade do tempo que levavam a fazer uma análise de uma oportunidade de investimento”.

Cibersegurança é o maior risco

Helena Minhava, chief commercial officer da Aon Portugal, apresentou dados do Global Risk Management Survey 2025 ao setor financeiro, realizado em 63 países. “Mais de 90% das instituições, bancos e seguradoras, identificam os ataques cibernéticos como o seu principal risco e identificam ter sofrido, nos últimos anos, perdas financeiras relacionadas com esta situação”, sublinhou.

Mais de 90% das instituições financeiras identificam os ataques cibernéticos como o seu principal risco e já sofreram perdas relacionadas com este tipo de incidentes. Helena Minhava, CCO, Aon Portugal

Em relação à cibersegurança, Nuno Sousa, Financial Services & Insurance Director da Claranet Portugal, alertou que é “necessário acelerar tudo o que falamos do legacy, que são sistemas antigos e que precisam de ser atualizados. Não é fácil proteger sistemas que não foram desenhados para as ameaças atuais. É um pouco como tentar instalar airbags num carro clássico”.

Um dado preocupante emergiu do estudo Global Risk Management Survey 2025, é que “apenas 15% dos membros de conselhos de administração (C-Suite level) refere que consegue quantificar o impacto destes dez riscos na sua organização. Desses 15%, apenas 25% consegue identificar, de forma clara, a forma como a transferência do risco está garantida na sua organização”, salientou Helena Minhava.

Sobre a inteligência artificial como risco futuro, Helena Minhava defendeu uma abordagem equilibrada. Considerou que “por um lado é um acelerador de eficiência e da deteção de temas de fraudes futuras. Mas também tem de ser vista como uma fonte de resiliência das organizações”.

Existem bancos na Europa com capacidades de IA muito avançadas, mas ainda há transferências internacionais que demoram dias. O paradoxo da maturidade digital é real. Nuno Sousa, Financial Services & Insurance Director, Claranet Portugal

Nuno Sousa identificou o paradoxo da maturidade digital. “Existem bancos na Europa que já têm capacidades de IA que permitem ter uma visão preditiva sobre alguns comportamentos dos clientes, mas ao mesmo tempo, para fazer transferências internacionais para fora do espaço europeu, estamos a falar de transferências que podem demorar dias.”

Em Portugal existem “interfaces digitais de primeira linha. Somos um país que, comparativamente com outros países, tem uma atuação digital muito elevada”, revelou o responsável da Claranet Portugal.

Nuno Sousa apontou limitações porque existem “temas, entre os quais o legacy, que limitam uma evolução tecnológica sobretudo no back-office”. Mas sublinhou que “há consciência por parte da banca de que existe a necessidade de atualização. E é uma evolução clara até 2030, porque os próximos cinco anos são chave para determinarmos a liderança, principalmente no espaço europeu”.

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