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90 ou 95% da população beneficiaria se vivesse numa sociedade mais igualitária

Perguntas a Richard Wilkinson, co-fundador da The Equality

02 de Agosto de 2016 às 10:05
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90 ou 95% da população beneficiaria se vivesse numa sociedade mais igualitária

Uma das suas conclusões é que a desigualdade económica não tem apenas que ver com o rendimento. Quais são as principais dimensões que têm na sociedade como um todo?

Usamos a desigualdade de rendimentos em todo o nosso livro [O Espírito da Igualdade], mas na altura se mais dados comparáveis estivessem disponíveis também teríamos usado as desigualdades de riqueza. As desigualdades materiais são a base das desigualdades em termos de classe e "status" e, naturalmente, quem sofre as maiores diferenças de rendimento nas sociedades são os grupos mais desfavorecidos como as minorias étnicas, mulheres, etc. A desigualdade de rendimento torna a classe e o "status" mais importante.

Outra das suas conclusões é que a desigualdade provoca a corrosão da confiança e do capital social. Qual é a importância social da confiança e do capital social?

O capital social e a confiança são componentes de importância crucial tanto de bem-estar como das funções da sociedade. Podem ser considerados como os lubrificantes sociais. Os baixos níveis de coesão social e de confiança enfraquecem a vida da comunidade e tornam-na mais violenta. Com menos boas relações sociais, a vida social torna-se mais stressante e a saúde também é afectada.

Há várias formas de reduzir a desigualdade e isso é bom para as sociedades. Mas será que é boa para os de maior rendimento, dos mais ricos?

Podemos dizer que 90 ou 95% da população beneficiaria se vivesse numa sociedade mais igualitária. Com isso queremos dizer que, se se comparar as pessoas com o mesmo nível de rendimento e a mesma educação numa sociedade mais igualitária, provavelmente, viveriam mais tempo, teriam menos propensão a serem vítimas de violência e os seus filhos seriam menos susceptíveis de se tornarem pais adolescentes ou a sofrer de toxicodependência grave. Não podemos dizer nada sobre os super-ricos, porque eles são apenas uma pequena fracção de 1% e não temos dados separados sobre problemas de saúde e sociais entre eles.

Para reduzir as diferenças de rendimento precisamos de abolir os paraísos fiscais e evasão fiscal de modo que os impostos possam tornar-se mais progressivos. Mas também precisamos de reduzir as diferenças de rendimento antes dos impostos e utilizar formas de democracia económica para ajudar a alcançar esse objectivo. 

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