Portugal reúne todas as condições para se afirmar como um hub financeiro europeu, à semelhança do Luxemburgo e da Irlanda, com uma meta ambiciosa de alcançar 1 bilião de euros em ativos domiciliados no país, defendeu Jefferson Matias Oliveira, especialista em Asset & Wealth Management da PwC, durante a conferência “Portugal Investment by Global Citizens”, organizada pelo Bison Bank e que contou com o Jornal de Negócios como media partner.
Os dados apresentados revelam uma dinâmica surpreendente. “O número de fundos e o aumento do total de ativos nesses fundos têm crescido, em média, muito acima do verificado na Europa. Portugal está oito vezes acima da média europeia na criação de novos fundos. E, ao nível do investimento, dinheiro novo a entrar no sistema, também se encontra acima da média”, afirmou o consultor, que reparte a sua atividade entre Portugal e o Luxemburgo, onde reside há dez anos.
Family offices: a aposta estratégica
Jefferson Matias Oliveira defendeu uma estratégia centrada na atração de family offices e sublinhou que “Portugal deveria competir mais nessa frente, e não necessariamente na distribuição massificada, como aconteceu com o Luxemburgo”.
O consultor explicou que “este mercado dos family offices está a crescer a nível mundial a um ritmo superior ao dos investidores institucionais. Existe uma forte propensão para investir em alternative investments, ativos digitais, private equity e venture capital, precisamente as áreas em que Portugal já tem capacidade e potencial.”
Numa análise comparativa com o Luxemburgo e a Irlanda, Jefferson Matias Oliveira destacou que “Portugal se evidencia em diversas dimensões quando comparado com centros estabelecidos há décadas na Europa. O país possui os mesmos atributos de entrada no mercado europeu que Luxemburgo e Irlanda. É uma porta de entrada para a Europa, com um enquadramento regulatório alinhado.” E acrescentou que “Portugal tem uma compreensão muito mais desenvolvida do que a média europeia no que toca a criptoativos, praticamente o dobro.”
Para sustentar a viabilidade da meta, Jefferson Matias Oliveira recorreu a um exemplo internacional. “Singapura, em 2010, tinha 1 bilião de euros em ativos sob gestão. Hoje, tem 6 biliões. Conseguiu criar essa indústria em apenas 15 anos. Se Singapura conseguiu, Portugal também pode conseguir. Este bilião não é apenas uma estimativa, temos um roadmap que mostra como é exequível”, concluiu Jefferson Matias Oliveira.