“Em Portugal temos o talento, a capacidade de engenharia, o nosso ecossistema de startups a crescer, capital, infraestrutura e uma legislação fiscal neste momento muito favorável às criptomoedas. Não nos falta nada para Portugal aproveitar a revolução da tokenização e tornar-se uma potência global de startups tecnológicas”, afirmou Diogo Mónica, cofundador e executive chairman da Anchorage Digital, na conferência “Portugal Investment by Global Citizens”.
Diogo Mónica começou por destacar o papel transformador das stablecoins no sistema financeiro global. “Neste momento, em 2025, conseguimos fazer uma transação de um número ilimitado de dólares em stablecoins, de um cêntimo a um trilião de dólares, em menos de um segundo, por menos de um cêntimo, globalmente, sem permissão e instantaneamente”, explicou.
Revelou que, em 2024, as stablecoins eram o vigésimo maior detentor de dívida soberana dos Estados Unidos, superiores à Alemanha e ao México. “No início deste ano, em janeiro de 2025, ultrapassámos a Coreia do Sul, a Arábia Saudita e a Noruega. E hoje, aqui em outubro, somos o décimo primeiro detentor de dívida soberana do mundo.” Citou o secretário do Tesouro americano, Scott Besant, para ilustrar o apoio institucional. “Vamos fazer com que o dólar continue a ser a moeda dominante de reserva e vamos usar stablecoins para o fazer.”
Tokenização, muito além do dinheiro
A visão de Diogo Mónica vai além das stablecoins e defendeu que a tokenização transforma qualquer ativo, que, quando é tokenizado, se torna fracional. “Há um momento instantâneo em que sabemos quem é o detentor de cada ação. Há acesso global, não interessa se é o Sul Global, não interessa se é África, todos têm acesso aos mercados.”
Apresentou o conceito de General Finance, ou seja, a interseção entre inteligência artificial e criptoativos. “Pela primeira vez conseguimos transformar a linguagem diretamente em produtos financeiros. No passado, as instituições financeiras vendiam os produtos que tinham. Agora consigo criar milhões de produtos para milhões de clientes”, explicou.
“Acesso global a uma tecnologia nova significa que a competição também é global. Finalmente, pode existir uma fintech que é criada e existe globalmente desde o dia 1, o que é algo que não existe até hoje.” E lançou um desafio, “proponho que, aqui em Portugal, façamos uma coisa semelhante. Vamos fazer de Portugal a nação de startups dominante e vamos usar as criptomoedas para o fazer.”