"Embora muita coisa se tivesse feito nesta área, desde há vários anos, a criação do PPCIRA, em 2013, marcou uma mudança de paradigma no trabalho de controlo da infecção e das resistências aos antimicrobianos em Portugal" refere Paulo André Fernandes, que é membro da direcção nacional e do conselho científico do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA), assumindo actualmente a direcção interina do Programa.
Nesta altura o programa para esta área foi considerado prioritário na DGS e associou-se pela primeira vez a abordagem de dois problemas indissociáveis, a infecção associada aos cuidados de saúde e o aumento das resistências aos antimicrobianos. Permitiu um reforço legislativo dos meios colocados à disposição das estruturas locais de intervenção sobre estes problemas. No entanto, as condições previstas para o seu funcionamento "não estão a ser cumpridas na generalidade do Pais" alerta Paulo André Fernandes.
Esta nova estrutuar criou "uma onda de motivação e entusiasmo nos profissionais desta área, potenciando a sua competência e promovendo um salto qualitativo que se traduziu em resultados positivos, com a diminuição nas taxas de várias infecções e a redução sustentada do consumo de antimicrobianos" analisa Paulo André Fernandes.
Mas ainda há muito para fazer pois ainda longe os objectivos razoáveis propostos. "As taxas de infeção e o consumo de antibióticos têm que ser mais reduzidos, e os níveis de resistência também. Continuamos a ter situações preocupantes. Embora a descer, a taxa de resistência em Staphylococcus aureus é ainda muito elevada. Continuam a subir as resistências aos beta-lactâmicos em bacilos Gram-negativos. E, principalmente, verifica-se um aumento da resistência aos carbapenemos em Klebsiella".