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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Inovar com inteligência e transformar a exportação

A inteligência artificial já não é uma promessa distante. Neste painel, ficou claro que a vantagem competitiva começa em tarefas simples, ganha escala com dados e processos, e só se consolida quando é usada com critério, segurança e foco no negócio, sobretudo para quem exporta e opera em mercados exigentes.

15:04
Exportação e inteligência artificial em debate no Millennium Portugal Exportador
Exportação e inteligência artificial em debate no Millennium Portugal Exportador Hugo Monteiro
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O painel “Inovar com inteligência”, do Millennium Portugal Exportador 2025, reuniu João Melo de Jesus, do Millennium bcp, Mário Peres, da Vodafone IoT Portugal, Pedro Dionísio, do ISCTE, e Sandra Santos, CEO da Logoplaste. A moderação esteve a cargo de Ângela Gonçalves Marques, jornalista da CMTV, que abriu o debate sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) na produtividade, na internacionalização e na transformação dos modelos de negócio.

Pedro Dionísio partiu de dados que apontam para uma adoção ainda limitada e descreveu um padrão recorrente. Muitas utilizações começam no plano individual e só depois passam para a empresa. Nos workshops dirigidos a clientes exportadores, tem visto a mudança acontecer quando as equipas aplicam casos práticos e percebem ganhos imediatos, da síntese de relatórios extensos à preparação de propostas e negociações, passando por análises comerciais e de rentabilidade. A mensagem foi direta. Quem adia a adoção perde terreno, porque a inteligência artificial acelera tempos de resposta, aumenta a capacidade de personalização e melhora a produtividade em funções críticas para exportar.

Sandra Santos reforçou uma ideia complementar. Apesar de a IA já ser útil em tarefas administrativas e de suporte, ainda está longe de ser explorada na sua plenitude, sobretudo no ambiente industrial. Defendeu que há potencial significativo em reduzir custos, otimizar recursos e melhorar o serviço ao cliente, especialmente num modelo como o da Logoplaste, com fábricas dedicadas e exigência elevada de eficiência. Sublinhou também a necessidade de capacitar pessoas por camadas, distinguindo a utilização de agentes e ferramentas de apoio ao trabalho diário do desenvolvimento de modelos preditivos, que exige dados, sensores, perfis especializados e mais tempo de implementação. E deixou um alerta. O risco e a decisão continuam a depender de relações humanas, pelo que a tecnologia deve libertar tempo e preparar melhor as equipas, sem substituir a componente relacional do negócio.

João Melo de Jesus apresentou a abordagem do Millennium bcp, assente em duas frentes. A capacitação dos colaboradores com ferramentas e formação para aumentar produtividade e acesso rápido à informação, e a incorporação de IA nos processos, com ganhos de eficiência e melhoria do serviço ao cliente. Destacou a escala e a complexidade do banco, com milhares de documentos e exigência regulatória, onde a IA pode acelerar pesquisa, resposta e execução. Sobre os riscos, sublinhou a importância de uma arquitetura centralizada, com controlo e monitorização, protegendo dados e garantindo uma utilização responsável desde a conceção.

Mário Peres, da Vodafone IoT, trouxe o enquadramento da conectividade como base indispensável. Defendeu que digitalização, conectividade e inteligência artificial formam um mesmo ecossistema e que muitas empresas estão a evoluir de fabricantes para prestadores de serviços, alterando modelos de negócio e ganhando escala internacional. Exemplificou com a customização contínua de produtos através de atualizações e análise de padrões de utilização, e com casos em smart cities, onde a gestão inteligente de infraestruturas, como iluminação pública, permite otimizar consumos e criar  plataformas de dados e serviços exportáveis.

No final, o painel convergiu numa conclusão prática. A inteligência artificial está a acelerar a produtividade e a transformação dos modelos de negócio, mas exige literacia, espírito crítico, proteção de dados e requalificação. A oportunidade é clara para quem exporta. Começar já, com processos concretos e objetivos definidos, é mais importante do que esperar pela “ferramenta perfeita”.

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