Para assinalar o Ano Internacional das Cooperativas, Lisboa acolhe o Congresso Internacional do Cooperativismo. Durante dois dias, dirigentes, economistas e responsáveis políticos debatem de que forma o cooperativismo se adapta à transformação digital, à transição energética, à sustentabilidade e à nova configuração das cadeias de valor globais.
Que papel deve desempenhar a banca cooperativa na economia global? E qual a importância das cooperativas agrícolas para o crescimento do setor agroalimentar, promovendo a segurança alimentar?Organizado pela Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) e pelo Crédito Agrícola, e conta com o media partner do Negócios e do Now. A sessão de abertura incluirá o primeiro-ministro, o ministro da Agricultura e Mar e o secretário de Estado da Agricultura, num sinal da relevância política e económica atribuída ao setor.
Entre os oradores internacionais, destaca-se Elli Tsiforou, secretária-geral da COPA-COGECA, que representa mais de 22 milhões de agricultores e 22 mil cooperativas na União Europeia. Elli Tsiforou sublinha o papel estratégico das cooperativas na resposta às pressões globais sobre a segurança alimentar e a sustentabilidade, reconhecendo que as cooperativas agrícolas são um pilar de estabilidade no setor agroalimentar europeu. Estão próximas dos produtores e respondem com rapidez aos desafios que as alterações climáticas e o mercado colocam.
O congresso será também palco da apresentação de um estudo da EY sobre o impacto económico e social do cooperativismo em Portugal. O trabalho pretende medir o valor criado pelo setor, identificar as suas áreas de crescimento e analisar o contributo das cooperativas agrícolas e financeiras para o desenvolvimento regional. A investigação procura quantificar o peso real do modelo cooperativo na economia e avaliar o seu papel na resiliência das comunidades rurais.
Para Idalino Leão, presidente da Confagri, o evento procura mais do que um balanço. “O cooperativismo está presente em territórios onde o Estado não chega e assegura funções essenciais à vida económica e social. O congresso quer ser um espaço de reflexão sobre como reforçar esta presença e adaptá-la às novas exigências do país”, refere.
O setor cooperativo português inclui milhares de entidades ligadas à agricultura, ao crédito, à energia, à habitação e ao consumo. O seu contributo é relevante na manutenção do emprego, no financiamento local e no equilíbrio territorial. O debate em Lisboa procurará igualmente analisar o papel da banca cooperativa na economia global e as oportunidades que podem surgir do financiamento europeu orientado para a sustentabilidade.
Sérgio Raposo Frade, presidente do Grupo Crédito Agrícola, recorda o enquadramento internacional. “A ONU declarou 2025 o Ano Internacional das Cooperativas com o objetivo de reconhecer o contributo destas organizações para o desenvolvimento sustentável. É um momento de análise sobre o papel das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo e sobre o impacto que têm nas economias regionais”, afirma.
As discussões vão centrar-se também na modernização da gestão cooperativa e na digitalização, apontadas como fatores decisivos para a competitividade futura. O modelo cooperativo é visto como um instrumento de equilíbrio económico e social, especialmente em territórios de menor densidade populacional.
Jorge Volante, presidente da Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo (FENACAM), reforça a importância do papel local. “As Caixas Agrícolas têm sido determinantes para manter a atividade económica e os serviços em muitas regiões. Sem essa presença, a desertificação e a perda de coesão social seriam muito mais acentuadas”, conclui.
O encerramento conta com uma intervenção do Presidente da República. O congresso pretende afirmar o modelo cooperativo como parte da resposta às transformações estruturais que marcam a próxima década, da energia ao crédito, da agricultura à inovação.