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Estratégia da EDP exige “ter visão a longo prazo”

Para o CEO da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, as dinâmicas energéticas têm sido impulsionadas por três fatores principais: a economia, a tecnologia e a independência energética.

26 de Junho de 2025 às 19:00
Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, aborda estratégia com visão a longo prazo
Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, aborda estratégia com visão a longo prazo Fernando Costa
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Miguel Stilwell d’Andrade referiu que as duas principais áreas de investimento são as energias renováveis e as redes.

“A energia tem muito a ver com geopolítica e cada vez mais se torna uma questão geopolítica”, afirmou Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, na conferência The Lisbon Conference: Europe and Transatlantic Relations, que assinalou o primeiro aniversário do canal Now. O gestor deu o exemplo do que aconteceu na Ucrânia e de como o gás foi transformado em arma pela Rússia, bem como do que se passa com o conflito entre Irão, Israel e Estados Unidos. A EDP tem operações em quatro regiões distintas: Europa, EUA, América do Sul e Ásia-Pacífico. Na sua análise, um dos pontos em comum nestas diferentes geografias é o forte impulso para a transição energética, impulsionado pela rutura tecnológica. “Por isso, as duas principais áreas de investimento são, por um lado, as energias renováveis e, por outro, as redes. Nos últimos anos, a atenção centrou-se muito nas energias renováveis - eólica, solar, baterias - e penso que se vai manter”, afirmou Miguel Stilwell d’Andrade.

Para o CEO da EDP, estas dinâmicas energéticas têm sido impulsionadas por três fatores principais que são a economia, a tecnologia e a independência energética. Observa uma mudança de prioridades, referindo que “hoje em dia, “as pessoas estão muito mais concentradas na acessibilidade, na competitividade e na questão de saber como podemos garantir que produzimos a nossa própria energia e não a importamos de outro lugar, o que está a impulsionar o crescimento das energias renováveis e o investimento em redes”.

Sobre a transição energética, Miguel Stilwell d’Andrade considera que a transição energética é inadiável. “Podemos discutir o ritmo a que está a acontecer, mas é inexorável. Estamos a assistir a um investimento crescente em energia solar e baterias em diferentes regiões. Mesmo nos EUA, onde atualmente o sentimento é um pouco mais anti-renováveis”. Afirmou ainda que as energias renováveis e o gás são as fontes de energia, entre outras, que respondem ao aumento da procura de energia nos EUA devido à IA, a certas tecnologias digitais e à reindustrialização.

A estratégia de liderança

Relativamente à independência energética, Miguel Stilwell d’Andrade destacou que os EUA “passaram de um período em que eram muito dependentes do Médio Oriente, para depois se tornarem independentes em termos energéticos com o gás de xisto”. Com a transição energética, decidiram “tarifas e restrições à importação, por exemplo, de painéis solares chineses” para “construir a sua própria cadeia de abastecimento para garantir a sua independência energética”.

Como presidente executivo, não se pode microgerir nem tomar todas as decisões sozinho, sendo fundamental confiar na equipa. Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP

No que respeita à gestão empresarial, o CEO da EDP enfatiza a importância da visão de longo prazo nas empresas de energia, explicando que, “no nosso negócio, investimos em projetos que têm uma vida de 30, 35 anos ou, por vezes, até mais”. Considera fundamental que um gestor saiba “distinguir entre o que é ruído, que causa volatilidade a prazo, e o que são sinais que acreditamos serem tendências a longo prazo”.

O equilíbrio temporal é essencial. “Não se pode ignorar completamente o curto prazo, mas também não se pode seguir somente o curto prazo. Caso contrário, não se conseguem tomar decisões e fica-se muito errático.” A estratégia de liderança passa por “ter essa visão a longo prazo, ter algumas convicções sobre quais são essas tendências a longo prazo e apostar nelas, e depois ser capaz de, até certo ponto, afastar o ruído a curto prazo”. Miguel Stilwell d’Andrade referiu-se ainda à importância das pessoas e sublinhou que é crucial “ser capaz não só de formar uma boa equipa, mas também de aderir a essa visão e ser capaz de a executar”. Sublinhou que, nesta altura de tanta volatilidade e incerteza, com mudanças nas taxas de juro e na inflação, é essencial executar bem e contar com pessoas suficientemente ágeis e capacitadas para tomarem decisões diariamente. “Como presidente executivo, não se pode microgerir nem tomar todas as decisões sozinho, sendo fundamental confiar na equipa.”

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