Empresas Exportadoras
Vencedor Mendes Gonçalves
"O primeiro e mais importante da Mendes Gonçalves foi a fundação, numa situação muito difícil e particular, com uma crise profunda, juros acima dos 20% e com tudo o que tínhamos investido na empresa a que se acrescentou um empréstimo bancário. Tudo com uma sociedade de um homem com 60 anos e já doente e um miúdo de 15 anos, Carlos Gonçalves, sem nenhuma experiência", considera Alexandra Mendes Gonçalves, CEO da Mendes Gonçalves, e o rosto da segunda geração na liderança da empresa. A Mendes Gonçalves produz molhos, vinagres e condimentos e nasceu na Golegã em 1982 para a produção de vinagre de figo.
O segundo acontecimento-chave foi a "decisão de alargar a produção para molhos, sem nenhum conhecimento sobre o tema, mas com uma vontade enorme de ir em busca desse conhecimento. Logo a seguir a compra da marca Paladin, em 2005, e uns anos depois a decisão de mudar tudo e torná-la na nossa principal marca, com relançamento em 2013", prossegue Alexandra Mendes Gonçalves.
O desafio da pandemia
Além da Paladin, a marca bandeira, a Peninsular, a Dona Pureza e a Creative fazem parte do portefólio de marcas com as quais abordam o mercado nacional, assim como a internacionalização e, como refere Alexandra Mendes Gonçalves, "estamos focados em soluções para os clientes, temos uma filosofia vocacionada para tailor-made solutions e é assim que o mercado e os nossos parceiros nos reconhecem".
"A pandemia foi e está a ser um desafio para nós, como para outras empresas e todas as pessoas", assegura Alexandra Mendes Gonçalves. Em relação a 2020, a faturação excedeu as expectativas registando uma quebra de 2% em relação a 2019, em que faturou 35,9 milhões de euros e que foi o melhor ano de sempre da história da Mendes Gonçalves.
A líder da empresa refere que "a pandemia trouxe também algum impacto positivo para os nossos processos. Aumentou a nossa capacidade de resposta ao imprevisto, pois vimo-nos forçados a gerir ao dia. Tornou-nos ainda mais flexíveis na produção e mais exigentes no cumprimento dos compromissos perante os clientes". Refletiu-se também na atitude das pessoas da empresa que se tornaram "mais autónomas e resilientes, com maior capacidade de decisão".
Em termos de mercado, a Mendes Gonçalves viveu uma dicotomia com o canal retalhista alimentar a crescer e o canal Horeca (restauração e hotelaria) a ser afetado de uma forma profunda. "É ainda uma incógnita saber como vai ser a sua recuperação. Sabemos que existirá, mas não quando nem como. Da nossa parte, tudo faremos para apoiar este setor, que tão importante tem sido para a Mendes Gonçalves e as nossas marcas", sublinha Alexandra Mendes Gonçalves.
Os mercados estratégicos prioritários para o processo internacional são aqueles em que identificam maior fit entre os produtos e marcas e as preferências do consumidor. Estamos, essencialmente, a falar de três polos geográficos: Europa de Norte e Leste, África e mundo árabe.
Explica ainda que "será impossível encontrarmos uma garrafa top down ou saqueta de mostarda Paladin em Marrocos cuja receita seja igual à que vendemos em Portugal. O sabor é diferente, o tom de amarelo é diferente, a textura é diferente, porque as preferências do consumidor marroquino e português são diferentes".