João Silva Lopes defendeu que a inteligência artificial deve estar no centro da estratégia de crescimento económico de Portugal, sublinhando a importância da inovação, do talento e do financiamento.
“A sustentabilidade a longo prazo das economias portuguesa e europeia está intrinsecamente ligada à capacidade de fomentar o empreendedorismo e a inovação, tendo como pano de fundo a inteligência artificial”, afirmou João Silva Lopes, secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, na 14.ª edição da Grande Conferência ‘O Futuro dos Mercados Financeiros’ organizada pelo Jornal de Negócios e pelo Banco Carregosa, e que teve lugar no ISCTE, em Lisboa.
Reconheceu que a Inteligência Artificial (IA) tanto “será uma oportunidade como inevitavelmente um risco”. O desafio fundamental é “encurtar o fosso de crescimento e competitividade entre a Europa, os Estados Unidos e a China”.
A sustentabilidade a longo prazo das economias portuguesa e europeia está intrinsecamente ligada à capacidade de fomentar o empreendedorismo e a inovação, tendo como pano de fundo a inteligência artificial.
João Silva Lopes, Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças
João Salvador delineou três prioridades fundamentais. Primeiro, a formação e retenção de talento. Apesar da excelência reconhecida das universidades portuguesas, o país enfrenta dificuldades. “Esta excelência tem também o efeito pernicioso da dificuldade crescente de retenção de talento que representa uma perda significativa de capital humano para o país”, alertou. Para combater esta tendência, o Governo aposta em “políticas públicas que permitam inverter esta tendência, com destaque para a isenção do IMT, imposto de selo e a garantia para a compra de habitação pelos jovens”.
Regulação e financiamento
A segunda prioridade reside na simplificação regulatória. Citando o relatório Draghi, João Silva Lopes destacou que “mais de 50% das PME na Europa identificaram os obstáculos regulatórios e a carga burocrática como os seus maiores desafios”. A solução passa por “garantir que a regulação é aplicada de forma adequada, proporcional, consistente a nível europeu e centrada nas empresas e nas pessoas”.
O reforço do financiamento é outra das necessidades fundamentais. “A falha de mercado de financiamento para scale-ups, em comparação com os Estados Unidos, é estimada em 80 mil milhões de euros por ano”, com a Europa a ter “apenas 14 megafunds”, contra 164 nos EUA com capital superior a mil milhões de dólares. “Esta falha de mercado leva startups bem-sucedidas na Europa a mudarem-se para os Estados Unidos”, lamentou João Silva Lopes.
O secretário de Estado caracterizou o momento como de “convergência entre o mundo físico e o digital”, alertando para três desafios: reforçar a cibersegurança, “não deixar para trás aqueles que possuem níveis reduzidos de literacia digital e financeira”,e intensificar o combate ao branqueamento de capitais. “O futuro é feito de otimismo”, concluiu, manifestando confiança “no nosso capital humano, jovem, e na capacidade da nossa Academia em liderar a investigação”.