
“A inteligência artificial só pode ser feita por meio de infraestruturas de comunicações”, por isso estas assumem um papel central na economia da IA, assinalou Pedro Brandão, diretor da Unidade de Inteligência Artificial da NOS, na conferência da Anacom dedicada à inteligência artificial, acentuando que é “o quinto setor com mais oportunidades associadas à inteligência artificial”.
As três principais operadoras de telecomunicações em Portugal encontram-se numa fase de aceleração após dois anos de experimentação. A MEO planeia multiplicar por mais de 10 o número de casos de uso nos próximos dois anos, enquanto a NOS fez investimentos significativos, incluindo a aquisição da Claranet e participações em startups de IA.
“Tivemos, nos últimos dois anos, uma fase de experimentação para podermos avaliar as verdadeiras capacidades. E não há nada como saber fazendo. Estamos agora a beneficiar desta experiência adquirida, estamos a acelerar e aumentar o número de abordagens que temos”, considerou Paulo Pereira, diretor do AI Centre da MEO.
“Achamos importante a regulação e que a regulação da Anacom seja uniforme, justa, tenha em conta as várias preocupações e riscos para as empresas e para os consumidores, que o faça de uma forma transparente, equilibrada e na medida certa, e que se use a IA para o bem. Uma regulação que não crie dificuldades ao desenvolvimento de serviços ou desvantagens nesta atividade”, referiu Filipe Isidoro, diretor de CVM, Big Data e Channel Management da Vodafone Portugal.
Paulo Pereira considerou que nestas tecnologias é crítica “a velocidade de adoção, a tecnologia evolui a um ritmo antes impensável e a regulação não vai conseguir acompanhar esse ritmo”. Na sua opinião, “deverá haver agilidade e flexibilidade para que as novas tecnologias que surjam possam ser adotadas”.
Pedro Brandão defende que, neste contexto, é “importante não regular o que não existe. Regulamos um imaginário de possibilidades que é para onde nos remete a IA. Tem de se regular o que é real, e não o imaginário”. Do ponto de vista do regulador, considera importante a proximidade com os operadores, salientando que a NOS trabalha com IA há 15 anos, com bastante experiência para poder contribuir para uma melhor regulação.
Um dos alertas deste debate foi o facto de as pequenas e médias empresas, que constituem a maioria do tecido empresarial português, enfrentarem barreiras significativas: falta de capacidade tecnológica interna, desconhecimento sobre adaptação de processos e necessidade de investimento inicial elevado.