Artur Santos Silva, Presidente do júri do Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira
Em 1989, um grupo de descendentes de D. Antónia Adelaide Ferreira, figura maior do nosso país no século XIX, decidiu criar um prémio que perpetuasse a sua memória. Esta decisão foi tomada quando alienaram a empresa "A. A. Ferreira", assim entendendo prestar-lhe tão devida homenagem.
D. Antónia Adelaide Ferreira é, sem dúvida, a primeira referência do seu tempo na capacidade de transformar as então agrestes terras do Douro em solos produtores de vinhos, que vieram a ganhar inegável prestígio internacional.
Mas, bem à frente do que então constituía a agenda das empresas de sucesso, D. Antónia revelou ainda uma sensibilidade social excepcional, promovendo ou apoiando a criação dos hospitais da Régua, Vila Real, Lamego, Moncorvo, bem como fomentando a abertura de inúmeras creches e escolas em toda a região do Douro, então muito pobre.
Por tudo isto, as pessoas suas contemporâneas, que conheceram o seu excepcional talento, dimensão cívica e exemplo, a tratavam com todo o afecto por "Ferreirinha". O prémio visa distinguir mulheres que tenham demonstrado adesão a algumas das características pessoais de D. Antónia.
Ao longo de 25 anos foram distinguidas, entre outras, Senhoras como Maria de Jesus Barroso, Elisa Ferreira, Carmo Fonseca, Isabel Jonet, Isabel Mota, Leonor Beleza, Joana Carneiro. A experiência acumulada ao longo da atribuição dos prémios aconselhou a sua renovação, actualizando o seu regulamento, mas mantendo inalterado o propósito de homenagear D. Antónia Adelaide Ferreira.
A partir deste ano, por proposta da Sogrape, foi decidido passar a atribuir dois prémios - um de "Consagração de Carreira" e outro de "Revelação". Continua presente o propósito de distinguir mulheres que se afirmem pelo seu espírito empreendedor, capacidade de gestão, sentido de serviço público e sensibilidade filantrópica. Por outro lado, de forma ainda mais clara, abre-se também o prémio a personalidades do mundo universitário, literário, artístico, científico ou da comunicação social.
Este ano foi decidido distinguir com o Prémio "Consagração de Carreira" uma embaixadora, cientes de que a nossa elite diplomática tem tido um papel determinante na afirmação dos interesses e dos valores de Portugal no mundo. O Prémio "Revelação" foi concedido a uma arquitecta, tendo em conta que a arquitectura constitui a área artística contemporânea em que o nosso país tem afirmado com o maior sucesso o talento criador português.
O prémio tem sido muito valorizado pelas pessoas distinguidas, em especial pela dimensão da personalidade que marca o prémio e pela necessidade de reforçar o papel da mulher na sociedade do nosso tempo. O que acontece com naturalidade nas áreas culturais, na investigação científica ou tecnológica ou no ensino superior, ocorre menos no domínio empresarial, da gestão ou, até, da política.
O Prémio D. Antónia constitui ainda um estímulo para todas as mulheres dedicarem mais atenção a projectos de responsabilidade social, na linha do que sempre fez D. Antónia Adelaide Ferreira. O Prémio Revelação permite ainda apoiar uma iniciativa filantrópica em fase embrionária, assumida pela premiada.
Nos termos do regulamento do prémio, presido ao respectivo Júri desde a sua criação, por ser presidente da Assembleia-Geral da A.A. Ferreira, empresa pela qual sempre tive tenho o maior carinho, atendendo às relações que me prendem às actuais gerações da família de D. Antónia Adelaide Ferreira, onde conto com alguns dos meus melhores amigos.
Naturalmente, a grande estima que tenho pela Família Fernando Guedes e pela Sogrape contribui para que me sinta reforçadamente envolvido no prémio. Por outro lado, o trabalho do Júri é extremamente gratificante pelo contacto com representantes da família de D. Antónia Adelaide Ferreira, bem como com personalidades que muito admiro, como são os Professores Luís Valente de Oliveira e Rui Guimarães.