"Tendo em conta o panorama europeu, Portugal é um dos países em que maior interesse se nota pelo Value Based Healthcare, vêem-se várias a iniciativas", considerou Cláudia Vaz. Adiantou ainda que a Holanda, por exemplo, avança mais rapidamente mas é também um sistema privado, mais adaptável. "Em Portugal é um sistema mais complexo, mas tendo em conta esta realidade, veem-se alguns projetos muito interessantes".
Cláudia Vaz deu o exemplo de várias instituições europeias que têm aplicado as metodologias de Value Based Healthcare. Em Espanha, o serviço de saúde do País Basco (Osakidetza) "tem um sistema de Value Based Healthcare totalmente implementado em doze patologias e continuam e é bastante integrado com cuidados de saúde primários e secundários".
Referiu ainda o Hospital Universitário 12 de Octubre em Madrid e a experiência na Andaluzia que se vai iniciar com a diabetes, "que é uma doença crónica de grande predominância e que tem um custo social e começam também a introduzir resultados de monitorização".
Em Gales, o serviço nacional de saúde (NHS Wales) baseia-SE no Value Based Healthcare tendo muitas patologias monitorizadas seguindo os standards-sets do VHB. A Holanda conta com bastantes centros tal como a Bélgica, os principais hospitais universitários dos grandes países europeus e dos países nórdicos, referiu Cláudia Vaz.
A questão portuguesa
Em Portugal, há várias experiências em hospitais públicos como o IPO do Porto, Centro Hospitalar de Trás os Montes, com um projeto de integração externa com os serviços de saúde, nos grupos privados como a Luz Saúde e Grupo José de Mello Saúde e em associações como a Abraço.
Ana Londral questionou-se sobre se o fator crítico do Value Based Healthcare estaria na cultura das organizações ou na tecnologia. Francisco Rocha Gonçalves considerou que como o Serviço Nacional de Saúde é universal se deveria ter uma estratégia para os hospitais e para uma recolha de dados a nível nacional. Primeiro, para demonstrar o impacto do Value Based Healthcare temos de ter resultados e, como tal, os pilotos são essenciais para obtermos resultados e demonstração".
Cláudia Vaz concordou referindo que o ideal seria caminhar de uma forma integrada. Seria ter um ecossistema ou um consórcio em que estão todos os atores da saúde em que estão a decorrer pilotos, em que está uma associação de pacientes, o governo e o SNS, envolvidos e todos trabalham de uma forma concertada e alinhada. Assim poderiam implementar e desenhar uma estratégia nacional.
Francisco Rocha Gonçalves considerou a fórmula de fazer experiências-piloto. Começaria por convidar dez ou vinte hospitais do SNS, sobretudo os mais relevantes, para conviveram com o template e com a possibilidade de fazer e podem sempre recuperar caminho mais tarde. "Temos sempre de apostar em pilotos e em champions, que de certeza vão chegar à meta".
Cláudia Vaz refere ainda que o VBH implica uma mudança de filosofia e de cultura, é muito holístico, por isso "temos de diminuir as barreiras de adoção, de fazer com que tenham as ferramentas ideais e que a recolha de dados seja facilitada e uma ferramenta de diálogo com o paciente. Tem de haver mais-valias, não pode existir apenas barreiras".