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Miguel Pinto Luz : “Não descarbonizamos a economia só com a mobilidade elétrica”

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, defendeu uma visão integrada e não dogmática da transição com foco na economia real.

15:00
Miguel Pinto Luz defende visão integrada da transição energética
Miguel Pinto Luz defende visão integrada da transição energética Cláudia Damas
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“É preciso juntarmos os vários stakeholders, o Estado, os privados, os reguladores, os reguladores operacionais, as empresas, para poderem discutir estes temas de forma séria, transparente, aberta, e não dogmática. Mais do que estarmos preparados, temos de agir”, afirmou Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, na abertura da 4.ª edição do Electric Summit, uma iniciativa do Negócios que conta com o apoio da Galp e da Siemens, e tem a EY como knowledge partner e Oeiras como município anfitrião.

Agir à pressa e mal seria prejudicial para o país. A transição exige seriedade e transparência. Miguel Pinto Luz, Ministro das Infraestruturas e Habitação

“Este Governo não tem só pressa, tem pressa de agir bem. E não me canso de dizer isto, porque agir à pressa e mal seria prejudicial para o país”, considerou Miguel Pinto Luz, que defendeu uma abordagem não dogmática à descarbonização da mobilidade, alertando que a transição não se faz apenas com veículos elétricos. “Ainda temos muitos autocarros Euro 5 a circular pelas nossas ruas”, afirmou.

O ministro argumentou que a substituição de veículos antigos por modelos mais recentes, mesmo que ainda a diesel, representa um passo importante na descarbonização. “Se trocarmos um veículo Euro 5 por um Euro 6, estamos a descarbonizar. Continuamos a poluir, mas estamos a descarbonizar em relação ao que tínhamos anteriormente”.

Alta velocidade e aviação sustentável

O ministro salientou ainda aspetos frequentemente esquecidos na discussão sobre sustentabilidade. “A dimensão do Euro 6e traz-nos dimensões como o desgaste dos pneus, o desgaste das pastilhas de travão. Toda a dimensão de sustentabilidade que está à volta de um autocarro não se cinge à sua motorização. Não podemos esquecê-las, porque até na mobilidade elétrica estamos a poluir”, disse Miguel Pinto Luz.

Revelou que o Governo investiu mais de 300 milhões de euros no ano passado para a aquisição de mais de 800 autocarros elétricos, uma transformação que já é visível nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e nos quatro cantos do território.

Estamos a preparar o novo aeroporto Luís Vaz de Camões para responder às exigências de sustentabilidade das próximas décadas. Miguel Pinto Luz, Ministro das Infraestruturas e Habitação

Miguel Pinto Luz reafirmou os compromissos para a alta velocidade ferroviária, 1h15 para o Porto até 2032 e três horas para Madrid até 2034, classificando-a como uma aposta com impacto direto na descarbonização. “É um esforço grande de descarbonização do lado a montante do setor da aviação, já que temos 40 movimentos por dia Lisboa-Porto e 20 movimentos por dia Lisboa-Madrid”, considerou Miguel Pinto Luz.

Destacou ainda o trabalho da Aliança para a Sustentabilidade na Aviação e a preparação do novo aeroporto Luís Vaz de Camões, que será o primeiro aeroporto greenfield em décadas na Europa. “O greenfield em aeroportos é algo muito difícil de se fazer. Mas estamos a prepará-lo precisamente para esta dimensão da sustentabilidade”.

“Servir a economia real é servir os nossos concidadãos. É isso que temos que ter em mente, porque a economia real gera riqueza, que é distribuída pelos nossos concidadãos e é para eles que fazemos políticas públicas todos os dias”, considerou Miguel Pinto Luz sobre o propósito final das políticas de mobilidade sustentável.

Alertou ainda para os riscos de políticas ineficientes. “Temos que ser eficientes, sob pena de criar tensões sociais que serão irreversíveis e o deslaçar de um tecido e de um projeto de sociedade que a Europa criou há 60 anos”.

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