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Negócios: Cotações, Mercados, Economia, Empresas

Aprender com as perdas: do desconforto ao processo de melhoria

Artigo de Marco António Oliveira, Administrador do Caldeirão de Bolsa

Negócios 13:00
Jogo da Bolsa 2025: aprenda a investir como um tubarão
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Nos artigos anteriores, falámos da importância do dimensionamento da posição e do risco de ruína, constituindo a fundação dos mecanismos de defesa do trader. Para encerrar este ciclo, falaremos hoje do ataque: como as perdas podem (e devem) ser transformadas em oportunidades de aprendizagem e melhoria. Incorrer em trades perdedores é inevitável, mas o que separa os investidores que progridem daqueles que repetem erros “ad aeternum”, é o que ocorre depois de fechar a posição. Perder custa. Não aprender custa caro.

Se pretendermos sistematizar este processo de aprendizagem, devemos começar por separar o resultado financeiro da qualidade da decisão. Afinal, uma boa ideia, bem executada, pode resultar numa perda. E uma má ideia, imprudente, pode resultar num lucro. Há que não confundir “ganhar dinheiro” com “ter razão”.

A primeira e fundamental questão a colocar deverá ser, então: havia um plano? O racional para o trade estava claro, assim como os pontos e condições de saída? O ideal é colocar isto por escrito antes de executar a entrada. O registo prévio, qual diário de trading, poderá funcionar como o antídoto para a memória selectiva, para os lapsos de memória, ou para os racionais construídos a posteriori para justificar o injustificado.

Com esse registo na mão, adotemos também uma taxonomia, mesmo que ligeira. Primeiro, haverá as Perdas de Setup: o sinal cumpriu mesmo os critérios ou entrou-se por impaciência ou feeling? Depois, haverá as Perdas de Execução: o setup era válido, mas então o tamanho da posição ou os stops, estes eram adequados? Terceiro, teremos também Perdas de Gestão (do trade): o plano foi alterado a meio do jogo, com reposicionamento de stops, saídas por pânico ou alteração do racional? Finalmente, existirão Perdas Aceitáveis: o plano existia e foi cumprido, o risco era adequado, o mercado é que não quis colaborar. No fim do dia, o mercado é soberano. É impossível abolir todas as perdas. Não é, tão-pouco, o objetivo deste processo.

Um processo sistemático deste tipo, para além de fomentar a instituição de regras explícitas, poderá revelar causas profundas ou erros recorrentes: ignorar custos de negociação (como o spread); tendência para ignorar o contexto “ambiental” (como abrir posições antes de dados macro ou divulgação de resultados); má colocação de stops; ou a estratégia de baixar o preço médio para mascarar as perdas. Aprender com as perdas consiste em mapear estes padrões e corrigir o processo, em lugar de cair na tentação recorrente de culpar causas externas, como a manipulação do mercado ou afins.

No Jogo da Bolsa, o tempo é curto e o capital é virtual. É natural que pareça excessivo ter tanto trabalho a analisar perdas com dinheiro que não é real. Mas o objetivo do concurso não é apenas ver quem tem a sorte do seu lado nestas quatro semanas, é simular a realidade e tem, também, uma vertente pedagógica. Os hábitos criados agora, como o planeamento, a disciplina, a humildade de reconhecer o que está mal e a capacidade de distinguir a sorte da competência, são ativos reais que poderá levar consigo para quando o dinheiro for real.

Ranking de utilizadores, dados de 20 de novembro, retirados às 17h
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